Aos Hindus
I
Sem rosas, sem cinzas; mas sim azuis. Sem rosas! Onde, o Sol é diferente e convidativo para sentir o nosso corpo e faz sentido. Sim. Sentir o verão. Sem cinzas! Onde, há uma outra parte do circo que irá continuar. Mas sim azuis… Onde, não é preciso ficar sobre a sentinela! Nem se quer balbuciem antes que… mas há cidade em que a expressão “é de se tirar o chapéu”! Não faz sentido, nunca, utilizá-la. Vi no Tarrafal da ilha de Santiago tantos, tantos chapéus multicolor “made in foreign country” a reluzirem com os azuis do céu aberto e na acalmia do mar a empurrar-nos nas costas para um revitalizador mergulho ilhéu e com o arco-íris à procura do sinal da cruz na Igreja de Santo Amaro Abade e com o amém-amém de peixes no tamanho silêncio das noites de incertezas e ziguezagueantes caminhos das bocas.
Outra vez, arregalei-me os meus distraídos olhos e vi desassombrados chapéus “made in foreign country” nas cabeças encaracoladas a refletirem no azul do mar como se fossem cordões e mais cordões de formiguinhas a labutarem para somente exclamar: “nós trabalhamos, nós ganhamos, nós poupamos para o inverno!” Como cristão lembrei-me das imagens dos Hindus cobertos de cinzas a andarem em procissão antes de se banharem no Sangam, confluência de três rios, em Allahabad, Índias. Ali, o domingo é o principal dia de banhos durante o Humbh Mela para a limpeza dos pecados.
II
Sem rosas, sem cinzas, sem grutas; mas sim acácias. Antes que… sem rosas! Fiz um assertivo sinal da cruz ao monte graciosa, lá n’alto, com cachecol de Nimbostratus. Sem cinzas! Cachecol… pel’altura do monte recordei-me das lendas que se construíram à volta do strategus de cachecol, Erwin Rommel - hábil - oficial nazi que fascinou académicos e ficcionistas. Sem grutas! Grutas… ele teve a capacidade de instalar o seu quartel-general das tropas do Eixo Norte da África acantonado numa gruta de uma colina algures no Egipto com vista para o Mediterrâneo. Mas sim acácias! Histórias… essa gruta é, hoje, um museu que recebe atualmente milhares de turistas.
Não vi grutas. Mas há o Atlântico convidativo com a cor púrpura! Há hodiernamente a perceção que no Tarrafal de Santiago não se deve criar anonimato. Antes que… é preciso de se fazer ressuscitar com a imaginação e a criatividade chapéus de palha dos artesãos da Ribeira Prata que reciclam os vários desperdícios vegetais existentes. Esses chapéus de palha emprestarão outro charme aos visitantes quando combinado com cachecol, não de Nimbostratus de monte graciosa, mas sim, de “pano di terra”.
III
Sem rosas, sem cinzas, sem grutas, sem rios; mas sim cultura. Sem rosas! Há um chamamento na Cidade. Sem cinzas! Mas respira e clama a necessária hospitalidade. Sem grutas! Ela é desapossada do espirituoso banho no Sangam. Sem rios! Sem estuário d’Ouro e sem Rua da Fonte Taurina, da Ribeira do Porto e sem espaço intimista do Aniki Bóbó como o centro nevrálgico da atividade Lovers&Lollypopps. Mas sim cultura! Há uma extensa orla marinha da Ponta d’Atum a salpicar para mais e maior urbanidade, sem se esquecer da Baia Mágica e dos Anjos, para divulgação de música alternativa “made in Cape Verde” e a servir de ponto de encontro para mergulhos, para melómanos e músicos do cenário musical cabo-verdiano, sobretudo, d’ilha de Santiago.
Antes que, antes que…
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