Resgatando o pensamento crítico numa sociedade acrítica: "Cogito, ergo sum  "Penso, logo existo"
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Resgatando o pensamento crítico numa sociedade acrítica: "Cogito, ergo sum  "Penso, logo existo"

Vivemos numa sociedade em que o uso crítico da razão tem vindo a ser um instrumento em declínio. Quanto mais capacidade de pensar uma sociedade possui, mais desenvolvida ela poderá ser. O método cartesiano fundamenta-se na dúvida metódica, persiste na dúvida até que se comprove a verdade. As conclusões não representam dimensões da razoabilidade e conveniente conjetura. Meros exercícios da dúvida e raciocínios paliativos. Este não é um processo do facilitismo da razão ou crítica, é a própria razão se colocando no espaço da ação da "dúvida metódica", que procura respostas legítimas. Um mergulho exaustivo e sincero na busca pela verdade. Um caminho seguro e que se distancia do pendor do facilitismo, da conveniência e entraves subjetivas.

A tradução que mais ilumina o sentido real da frase seria: "Penso, portanto, sou". Esta tradução traz luz no que concerne a essência do pensamento cartesiano.

A lógica exposta de uma forma cristalina e sem atropelos subjetivos. Sem sombra de dúvida, a identidade intelectual, o espírito da crítica e do pensamento autónomo, são elementos indissociáveis nesta máxima filosófica. O grande volume da existência do pensamento individual e da autoridade intelectual, do conhecimento genuíno, passa por esta consciência filosófica cartesiano. Num método e lógica sistémica, que por sua vez caracteriza o espírito e a essência do pensamento do filósofo ocidental.

Descartes resgata nesta máxima filosófica um dos mais importantes instrumentos da mudança e da autonomia intelectual. Quando falamos da autonomia intelectual, está em perfeita harmonia com a liberdade de pensamento livre e autónomo, traduzida numa existência crítica, que não diminua em detrimento das ações circunstanciais e nem dos obstáculos externos. Não há limitação de pensamento livre e autónomo quando o exercício da razão se posicione com razão e crítica "pura". Sem nenhum entrave, consubstanciado num fundamento cujo teor não é previsível e nem condicionado.

Descartes, se emerge neste paradigma filosófico como o maior epicentro do uso livre da razão e da autonomia intelectual; sem qualquer resquício de pressupostos preconcebidos, amparados numa lógica soberana e elevada nobreza do exercício da razão. A máxima de Descartes, eleva-nos a uma estatura reflexiva em que o uso da razão se torne um imperativo ímpar e como único elemento que qualifica a nossa existência real e livre.

Não há liberdade onde o pensamento não exerce a sua magistratura e engenharia com proeminência e fundamentação autónoma. Quando perdemos essa linha clássica quanto contemporânea de pensamento crítico, fechamo-nos numa autoclausura intelectual, anulando o maior veículo do desenvolvimento filosófico e social.

A maior perda de uma sociedade, está justamente em sua "ditadura de pensamento". Em sua incapacidade de exercer o pensamento crítico livre, com limitações veladas, onde a circunstância múltipla se interpõe como elemento redutor. O legado filosófico de René Descartes se configura num elevado grau no escopo e rigor científico. Realça o uso livre e espontâneo da razão; sem bloqueios, entraves e com propriedade legítima.

Considerado o pai da filosofia moderna, tendo como referência Platão, Tomás de Aquino e tantos outros filosóficos de craveira intelectual inquestionável, Descartes nos blinda com uma das pérolas mais sublimes da "soberania crítica metódica": "Penso, logo existo".

É considerado um dos pensadores mais importantes e influentes da sociedade ocidental. Criador do pensamento cartesiano, cujo alicerce se baseia num sistema filosófico, que valoriza a razão e a dúvida metódica. Não podemos ignorar esta preciosidade filosófica, cujo alcance e desdobramento vai além de uma simples composição retórica ou ação intelectual confinada. Confinar o pensamento a um mero exercício da razão, é um suicídio intelectual, atrofiando todos os elementos da mudança e do desenvolvimento crítico.

Um dos braços mais importantes da epistemologia é justamente a crítica pura, da abertura, do pensamento livre e do uso da razão. Sem isso, tudo se resolve por outros meios, os quais não produzirão nenhum efeito assertivo e credível. A autonomia da razão se sobrepondo de uma forma magistral aos demais meios. Traduzindo numa existência legítima e robusta. Sem nenhum condicionalismo, amparado numa liberdade racional, que ultrapassa qualquer manobra ou limitação imposta. Uma razão que não se deixa escapar por conveniência, no seu uso mais amplo e destemida.

O caráter intelectual se afirma neste sentido no uso livre e espontâneo da razão. Numa crítica metódica, buscando paulatinamente um processo sem pressa, ao encontro da resposta legítima. Sucumbir o intelecto é destrutivo, acarretando danos surpreendentes e muitas vezes incontornáveis. O uso puro da razão é o caminho que conduz ao conhecimento e este produz o desenvolvimento.

Vivemos numa sociedade em que o uso crítico da razão tem vindo a ser um instrumento em declínio. Quanto mais capacidade de pensar uma sociedade possui, mais desenvolvida ela poderá ser. O método cartesiano fundamenta-se na dúvida metódica, persiste na dúvida até que se comprove a verdade. As conclusões não representam dimensões da razoabilidade e conveniente conjetura. Meros exercícios da dúvida e raciocínios paliativos. Este não é um processo do facilitismo da razão ou crítica, é a própria razão se colocando no espaço da ação da "dúvida metódica", que procura respostas legítimas. Um mergulho exaustivo e sincero na busca pela  verdade. Um caminho seguro e que se distancia do pendor do facilitismo, da conveniência e entraves subjetivas.

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SOBRE O AUTOR

Lino Magno

Teólogo, pastor, cronista e colunista de Santiago Magazine

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