
A estratégia de nacionalização da campanha autárquica dos candidatos que se opõem aos candidatos do MpD cujo Governo é pessimamente avaliado pelo eleitorado prognosticam um bom desempenho para os candidatos opositores ao Governo.
O MpD de Ulisses Correia e Silva deu o ponto de partida para a sua derrocada eleitoral em 2012 quando se reelegeu para Presidente da Câmara Municipal da Praia, se iludindo para alçar do poder local para a chefia do Governo central com a alternância política de 2016.
1. Em 2016, o MpD fez “cabelo, barba e bigode”: alcança o seu auge de poder político ao vencer as Legislativas, vencer e expandir o seu domínio político eleitoral nas eleições autárquicas daquele ano conquistando (18 CMs pelo partido + 2 pelos aliados no total de 22 CMs) e consegue re-eleger o candidato que apoiou a Presidente da República. Acabou por ter um poder muito maior do que a sua capacidade de gestão e manutenção!
2. Em 2020, o MpD perde seis CMs para a Oposição – PAICV, deixa de ser o partido autárquico maioritário na maior ilha do país, ilha de Santiago: das oito CMs que tinha conquistado em 2016 nesta ilha, o PAICV renova o mandato em Santa Cruz e lhe arrebata quatro CMs (Praia, Ribeira Grande, São Domingos, Tarrafal) e lhe sobraram apenas quatro.
3. O PAICV volta a ser o partido maioritário no Fogo renovando o mandato na CM dos Mosteiros e reconquistando a CM de São Felipe.
4. Ainda, nessa mesma oitava rodada autárquica, o PAICV reconquista a CM da Boavista.
5. Em 2021, o MpD renova o mandato nas Legislativas daquele ano, perdendo deputados para a Oposição, relativamente, aos resultados eleitorais anteriores de 2016.
6. Ainda, em 2021, o MpD amarga a derrota de seu candidato apoiado às eleições presidenciais, Carlos Veiga, para o candidato apoiado pelo PAICV, José Maria Neves.
7. Em 2022, segundo avaliação do Governo do MpD pelo afrobarometer, 60% dos eleitores inquiridos consideraram que o Executivo de Ulisses Correia e Silva caminhava na direção errada.
8. Em 2024, os dados da IX rodada de pesquisa do afobarometer apontaram, pela 1ª vez, em oito anos da Legislatura do MpD, a previsão de derrota desse partido nas Legislativas para o PAICV, caso as eleições ocorressem naquela data.
9. O MPD vai para as eleições autárquicas muito enfraquecido devido à má avaliação do Governo expressa nos estudos eleitorais publicados pelo www.afrobarometer.org.cv, pelo desgaste e esgotamento político provocados pelas duas legislaturas (IX e X) mal sucedidas, pelas contradições políticas insanáveis produzidas pelo próprio partido e pela incapacidade técnica e política em responder à diversidade, complexidade e velocidade das novas demandas política-eleitorais que se apresentam.
10. O MpD apresenta Augusto Neves para um 5º mandato como candidato à CM de São Vicente, esmagando pretensões intra-partidárias para o mesmo cargo e eliminando a eficácia do discurso de pedido de alternância política em qualquer outra autarquia onde é Oposição.
11. O discurso de partido “junto das pessoas” soa completamente falso quando apresenta de norte a sul 22 candidatos do sexo masculino para o cargo de Presidente de Câmara Municipal e relega as mulheres para um lugar de figuração eleitoral, ou será que as mulheres não são “pessoas” para UCS e para o MpD?
12. Aliás, a única mulher incumbente que o MpD tinha no cargo de Presidente da Câmara Municipal, em Santa Catarina, foi trocada por um candidato do sexo masculino!
13. Na Praia, o candidato escolhido pelo MpD, ontem renegava qualquer hipótese de vir a ser candidato a PCM e hoje, dá o dito pelo não dito e é alçado e apresentado pelo Presidente do Partido como seu candidato ignorando totalmente que o eleitor pode entender essa mudança de estratégia como um truque político e não se arriscar em confiar num partido inconstante, contraditório e inseguro.
14. Em Santa Catarina, o candidatura do MpD escolheu um slogan de campanha que é cópia traduzida - “ku força di povo” - do slogan da recandidatura de Lula 2006 para Presidente da República Federativa do Brasil: “Lula de novo com a força do povo” demonstrando um esgotamento político total em termos de criatividade e alternativa!
15. A derrocada política do MpD está evidente pelo seu cansaço e falta de criatividade para solução dos problemas intra-partidários e político-eleitorais que se lhe apresentam tendo como consequência uma progressiva e constante perda de poder político tanto ao nível nacional quanto autárquico ao longo de um período de uma década.
16. Quanto ao desaire eleitoral, no período de 2012 ao presente, é representativo a derrota à Câmara Municipal da Praia, maior autarquia municipal do país, do candidato Óscar Santos (MpD), em 2020, para o Francisco Carvalho (PAICV), que já estava anunciada a tendência eleitoral declinante do MpD pelas sucessivas perdas do eleitorado, em mais de 5 mil eleitores, de eleição para eleição (2012, 2016 e 2020) e cuja tendência estatística continua a projetar-se para as próximas eleições de 01/12/24 enquanto o PAICV apresenta uma tendência inversa de 2016 em diante.
A estratégia de nacionalização da campanha autárquica dos candidatos que se opõem aos candidatos do MpD cujo Governo é pessimamente avaliado pelo eleitorado prognosticam um bom desempenho para os candidatos opositores ao Governo.
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Comentários
Carlos landim, 8 de Nov de 2024
Viva PAIGC
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