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Neófito
Colunista

Neófito

Há algum tempo que me dosiei em escrever artigos de opinião com o meu rosto estampado. Desta vez a causa merece a consequência.

O vate da literatura cabo-verdiana, João Vário, escreveu isto no seu romance maior (pseudómino G.T. Didial), 'O Estado Impetinente da Fragilidade': "Certos homens desperdiçam a eternidade dos outros porque não conquistam a própria vez" (página 6).

Acontece amiúde. Cambadas de incompetentes com o dedo indicador em riste à cata de culpados para o seu insucesso, fiascos e/ou falhanços. Pessoas pequenas, minúsculas, ínfimas. Nada a ver comigo. Nunca militei-me em nenhum partido. Critico, sugiro, contesto, dou ideias que valem ou não. Indiferente nunca! Partidarizado nunca! Se as pessoas pensam o contrário é porque não me conhecem.

Há 22 anos que sou jornalista. É informação para uns xis e memória para outros tantos. Mas isso não vem ao caso, pretendo com este texto 'desenhar' para alguns quadrados eleitos umas ideias na sequência da declaração do deputado do MpD por Santiago Sul, Emanuel Lopes, no Parlamento, segundo a qual o jornal Santiago Magazine tem estado a apontar candidatos à Câmara Municipal de São Domingos do lado mpdista da questão.

Digo de pronto: é completamente falsa a afirmação do deputado. Mentiu feio, porque em momento algum, nem eu, Hermínio, nem o jornal Santiago Magazine, de que sou director, teve intervenção, sugestão ou seja lá o que for nesse "arroz com todos" que está a ser cozinhado em São Domingos com muitos candidatos do MpD para suceder a Clemente Garcia já no seu primeiro mandato.

A sondagem a que o deputado refere foi feita por uma página no facebook, da qual sequer sou amigo, chamada Djunta Mon pa Sãodomingos. O Santiago Magazine fez a notícia, sim, com base nesses nomes que apareceram nessa página. Nota de realce: o texto deste jornal fez menção a todos os putativos candidatos, sejam do PAICV, sejam do MpD, logo, a afirmação do deputado não colhe.

O problema do senhor deputado é que vieram a surgir outros nomes, nas fileiras do MpD, que não estavam na sua equação e que o Santiago Magazine trouxe a público em primeira mão: Mike Silves e José Dâmaso Furtado, personalidades que não foram tidas em conta pela sondagem do Djunta Mon pa Sãodomingos por razões que esta página digital saberá esclarecer. Repito, nada a ver com Santiago Magazine.

Mas esta parece ser uma receita já engendrada pelo MpD que não sabe aceitar opiniões oriundas de fontes que julga serem da oposição política, como as notícias do Santiago Magazine. Tudo o que afecta o MpD tem origem no PAICV, ou seja, é como se não existisse - e existe, mas, que pena, não percebem - uma sociedade civil que reivindica, manifesta-se e até bloqueia a caravana do primeiro-ministro (aconteceu em Sâo Vicente). Às vezes parece que o Governo/MpD vive num micro-cosmos só seu, sem que haja uma oposição que faz existir pluralidade, sem a pluralidade que faz a democracia, e sem a democracia que faz o estado de direito. Pior, passa essa ideia aos seus cabos que às vezes nos confronta e afronta, ora com elevação ora com intimidação. Ou o presidente do MpD não sabe o que se passa - é grave, porque não conhece nem sabe com quem está relacionado - ou sabe e apoia estas atitudes. Eu prefiro acreditar na primeira opção, porquanto ainda sou optimista em relação ao meu país.

E tudo isto, caramba, por causa de uma 'fake new' do deputado Emanuel Lopes, que, em pleno centro do poder, na principal arena política e mediática, resolve atacar Santiago Magazine e a minha pessoa. Porque lhe faltou argumentos, porque não soube interpretar a lingua portuguesa de que é professor, porque procura um bode expiatório para os problemas de São Domingos. Porque é pequeno e nem percebe que Santiago Magazine é um jornal de cariz nacional, longe de 'qui pro quos' de narcisistas que nos levam a nenhures.

Eu, o jornal Santiago Magazine e a sociedade civil vamos todos continuar a escrutinar os nossos dirigentes, que são nossos funcionários, os quais acreditamos um dia que seriam, de facto, nossos representantes no Parlamento.

As verdades doem, mas curam.

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SOBRE O AUTOR

Hermínio Silves

Jornalista, repórter, diretor de Santiago Magazine