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Carlos Veiga, o surfista!
Colunista

Carlos Veiga, o surfista!

Sempre resguardado das ações e dos atos comprometedores, 1990, ano da abertura política em Cabo Verde, encontra um Carlos Veiga bem aconchegado à mesa do Rei, e os fundadores do MpD o vão buscar para dirigir o novo partido, e ele, que já vinha experimentando o cheiro a podre do sistema - conhecia a mesa e todas as "iguarias" que ali eram servidas - volta então a surfar a onda de desencantamento popular e faz-se Primeiro-ministro de Cabo Verde. Deslumbrado com o poder, entre 1991 e 1999, corre com todos aqueles que lhe haviam franqueado as portas do partido, e cai. O MpD, já sob a liderança do seu delfim, Gualberto do Rosário, perde as eleições de 2001, permanecendo na oposição por 15 anos.

Carlos Veiga é dos poucos jovens intelectuais cabo-verdianos da sua geração, para não dizer único, que não aparece como elemento ativo da luta contra o poder colonial, mas logo após a independência ele surfa a onda da vitória, e aparece a desempenhar altos cargos no aparelho do Estado, culminando com o de deputado nacional, nos últimos anos do regime monopartidário.

Sempre resguardado das ações e dos atos comprometedores, 1990, ano da abertura política em Cabo Verde, encontra um Carlos Veiga bem aconchegado à mesa do Rei, e os fundadores do MpD o vão buscar para dirigir o novo partido, e ele, que já vinha experimentando o cheiro a podre do sistema - conhecia a mesa e todas as "iguarias" que ali eram servidas - volta então a surfar a onda de desencantamento popular e faz-se Primeiro-ministro de Cabo Verde.

Deslumbrado com o poder, entre 1991 e 1999, corre com todos aqueles que lhe haviam franqueado as portas do partido, e cai. O MpD, já sob a liderança do seu delfim, Gualberto do Rosário, perde as eleições de 2001, permanecendo na oposição por 15 anos.

De seguida perde as eleições presidenciais desse mesmo ano com Pedro Pires, e como um felino experimentado, arreda-se a um canto, à espreita do momento oportuno e da onda mais segura.

Estes chegam em 2011, quando Jorge Santos, então presidente do MpD, reúne a família desavinda - os ex-PCD e ex-PRD regressam e o partido ganha fôlego - e de repente o país é surpreendido por um Carlos Veiga fogoso, semblante assanhado, a assaltar a liderança do partido para concorrer à chefia do governo. Só que o galo engana o ladrão e o surfista morre na praia. Perde as eleições...

É este homem que aqui está de novo, uma década depois, confiante de que a vitória do seu movimento em abril passado lhe garantirá o pódio em outubro que vem, surfando a onda das legislativas. Será que o galo não volta a enganar o ladrão?... Estejamos atentos!

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SOBRE O AUTOR

Domingos Cardoso

Editor, jornalista, cronista, colunista de Santiago Magazine