Chegou o momento de parar de relativizar, de parar de engolir desculpas, de exigir com firmeza e dignidade o que é básico: mobilidade, acessibilidade e respeito, não apenas para Brava, mas para todo o território que teima em ser tratado como distante. Porque patriotismo não é aplaudir quem governa, é responsabilizar quem não cumpre. E esconder-se atrás de um partido, continuar a justificar o injustificável por lealdade política, não tem servido a Cabo Verde, tem-nos sim, enfraquecido como povo, como país, e como projecto colectivo. Esta é uma luta de todos! Hoje, a Brava grita… amanhã pode ser qualquer outra ilha. E quando uma só parte do arquipélago é deixada para trás, todo o corpo nacional cambaleia.
Brava é mais do que uma ilha; é memória viva, beleza intacta, um relicário de resistência. Foi porto estratégico na história, ponto de partida da nossa emigração para os Estados Unidos e berço de Eugénio Tavares, um dos espelhos da caboverdianidade.
É a ilha das flores, não por acaso, mas por essência — cada ladeira cobre-se de cor, cada vale é um abrigo de verde, e cada miradouro abre-se como um verso inacabado sobre o mar.
Mas que país é este que vira as costas à sua própria poesia? Brava está esquecida, não por se ter apagado, mas porque a apagaram. Vive-se aqui cercado não só pelo mar, mas pelo abandono; cada promessa não cumprida acrescenta peso ao cansaço, como se os bravenses fossem cidadãos de segunda, condenados a esperar eternamente por um barco que não chega, por um governo que não responde, e por um Estado que prefere ignorar.
É uma espera que se entranha na pele e corrói a alma; e no meio desse isolamento forçado, os poucos hotéis que ainda resistem tornaram-se sobreviventes de uma economia estrangulada, sem turistas, sem reservas e sem futuro. Os quartos estão prontos, os lençóis passados, mas as camas estão vazias, porque ninguém visita uma ilha que o próprio país deixou de poder visitar.
O estado dos transportes interilhas é vergonhoso; a ausência de uma ligação marítima regular e fiável é, há anos, a sentença de isolamento das ilhas mais pequenas. Não há calendário que se cumpra, não há navio que dê garantias, não há passageiro que viaje com confiança. E este vazio logístico não prejudica apenas quem quer sair; sufoca também a economia local, mata o turismo, afasta investimentos e desgasta, dia após dia, o sentimento de pertença, porque um país que não consegue ligar as suas próprias ilhas não pode continuar a fingir que é um arquipélago unido.
A última manifestação popular foi um grito, um acto de legítima revolta perante o silêncio institucional. E que não se venha dizer que se trata de uma questão técnica ou de orçamento — não é. É uma questão de vontade política. Quando se quer, faz-se; quando não se faz, é porque não se quer, e não há argumento mais claro.
É verdade que foram poucos; a adesão ficou aquém do necessário. Mas não é por serem poucos que têm menos razão, muito pelo contrário, é quando são poucos que a coragem vale mais. Ainda assim, há que juntar; há que sair da resignação e fazer valer a vossa voz, porque nenhuma mudança se faz no sofá e nenhum governo ouve quem não fala. Hoje, é preciso estar presente, nem que seja por quem já perdeu a esperança de o estar.
Tenho escrito sobre as ilhas que o país insiste em chamar “periféricas” (como se alguma parte da Nação pudesse ser secundária). Brava, Santo Antão, Maio e São Nicolau, todas elas partilham a mesma sina e todas são tratadas como sobras do desenvolvimento, lembradas em época de campanha e esquecidas no exercício da governação.
Nenhuma Nação se constrói de costas voltadas para as suas margens.
Chegou o momento de parar de relativizar, de parar de engolir desculpas, de exigir com firmeza e dignidade o que é básico: mobilidade, acessibilidade e respeito, não apenas para Brava, mas para todo o território que teima em ser tratado como distante. Porque patriotismo não é aplaudir quem governa, é responsabilizar quem não cumpre. E esconder-se atrás de um partido, continuar a justificar o injustificável por lealdade política, não tem servido a Cabo Verde, tem-nos sim, enfraquecido como povo, como país, e como projecto colectivo.
Esta é uma luta de todos! Hoje, a Brava grita… amanhã pode ser qualquer outra ilha. E quando uma só parte do arquipélago é deixada para trás, todo o corpo nacional cambaleia.
Ah Djabraba un ca negabo… Porque amar a ilha é lutar por ela, e calar, neste momento, é deixar que a condenem ao esquecimento definitivo.
Comentários
Nova Sintra, 18 de Jun de 2025
Muvimento pára Democracia negou sim Djabraba, Djarmai e Cidade di Praia. Màs na 2026 vamos dar fim a este abusados gordos. Esses miólos moles, corpos do lixos e adrabâos.
Responder
O seu comentário foi registado com sucesso.
Nova Sintra, 18 de Jun de 2025
Muvimento pára Democracia negou sim Djabraba, Djarmai e Cidade di Praia. Màs na 2026 vamos dar fim a este abusados gordos. Esses miólos moles, corpos do lixos e adrabâos.
Responder
O seu comentário foi registado com sucesso.
Miranda, 18 de Jun de 2025
Any - u'n sta certo qui autoridadi sta ba resolve es assunto li.
Fé e esperança.
Atento..., 18 de Jun de 2025
@ Miranda, ka ten ninhun outu autoridadi ki é ka Francisco Carvalho pa risolvi tudu isso na 2026. Só él, Francisco Carvalho e pontu final!Any Delgado, 18 de Jun de 2025
Atento…(…) patriotismo não é aplaudir quem governa, é responsabilizar quem não cumpre. E esconder-se atrás de um partido, continuar a justificar o injustificável por lealdade política, não tem servido a Cabo Verde, tem-nos sim, enfraquecido como povo, como país, e como projecto colectivo.
Responder
O seu comentário foi registado com sucesso.