
O incêndio que atingiu este mês o Parque Natural da Serra Malagueta (PNSM), destruiu quase 850 hectares de terreno rural e florestal, segundo o levantamento feito por um investigador da Universidade do Algarve.
O incêndio deflagrou naquela área, 50 quilómetros a norte da cidade da Praia, de 01 a 03 de abril, e provocou a morte a oito militares e um técnico do parque durante as operações de combate, e segundo o investigador Nuno de Santos Loureiro, diretor do mestrado em Sistemas de Informação Geográfica daquela universidade portuguesa, provocou “perdas irreparáveis” em espaço rural e florestal que se estendeu pelos concelhos de Santa Catarina e Tarrafal.
De acordo com o levantamento, com recurso a imagens de satélite do programa europeu Copernicus antes e depois do incêndio, foram destruídos 846,8 hectares, área que corresponde a 0,85% da totalidade da ilha de Santiago.
As autoridades cabo-verdianas estimaram anteriormente que o incêndio terá destruído uma área de 200 hectares.
Através da utilização de um Sistema de Informação Geográfica, foi possível medir a extensão da área afetada pelo incêndio, equivalente a 8,468 quilómetros quadrados, 63,4% desse total pertencente ao concelho de Santa Catarina.
O Presidente da República, José Maria Neves, destacou na quinta-feira o "engajamento patriótico" no combate a este incêndio, mas pediu um inquérito "rigoroso" aos acontecimentos.
"Deve-se destacar a presença de quase 300 operacionais da Proteção Civil, das Forças Armadas e da Polícia Nacional que estiveram no terreno a combater as chamas. Trata-se de um engajamento patriótico em torno do bem comum que tem que ser devidamente destacado", disse o chefe de Estado, após visitar o local do incêndio.
José Maria Neves chegou à Praia depois de uma visita aos Estados Unidos da América, tendo reconhecido no local do incêndio que o "envolvimento das comunidades vizinhas de Ribeira Prata, Figueira Muita, Fundura, Ribeira da Barca foi fundamental e deve ser saudado".
"É essencial que se faça um inquérito rigoroso sobre as circunstâncias do acidente que provocou a morte dos militares e uma avaliação aprofundada de todo o Sistema Nacional de Proteção Civil. Em função dos resultados devem ser tomadas medidas que se impõem, para prevenir situações desta natureza e melhorar significativamente o desempenho global da Proteção Civil", afirmou ainda José Maria Neves.
"Saúdo o facto de o Governo ter aprovado já pensões de sangue aos herdeiros daqueles que perderam a vida e recursos para recuperar as áreas destruídas. É preciso também prestar atenção àqueles que perderam os seus bens, de modo a serem ajudados na recuperação", acrescentou.
Em causa está o incêndio que deflagrou no dia 01 de abril, na Serra Malagueta e Figueira das Naus. No dia seguinte, uma viatura das Forças Armadas de Cabo Verde despistou-se na localidade de Guindão, Tarrafal, provocando a morte a oito militares, tendo ainda morrido nestas operações um técnico do Parque Natural Serra Malagueta.
O Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (CEMFA) de Cabo Verde, António Duarte, garantiu na segunda-feira que está em curso uma investigação às causas que provocaram o acidente que levou à morte de oito militares no combate a um incêndio.
Em conferência de imprensa, o CEMFA referiu que, quando transportava 31 militares para o apoio ao combate ao fogo na Serra da Malagueta "por razões ainda a ser apuradas", a viatura militar embateu e acabou por capotar, provocando a morte imediata a cinco operacionais. Dois militares acabariam por morrer na unidade de saúde do Tarrafal e um na unidade de Santiago Norte, além de 23 feridos, oito dos quais estão ainda internados no hospital da Praia.
O incêndio obrigou à retirada de dez famílias da localidade de Figueira das Naus e a Polícia Nacional anunciou, entretanto, a detenção de um homem suspeito de ter ateado este incêndio no interior daquele parque.
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