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Santiago Norte. Mais de 40 agricultores de Saltos Abaixo sem água para rega há mais de um mês
Sociedade

Santiago Norte. Mais de 40 agricultores de Saltos Abaixo sem água para rega há mais de um mês

São mais de 40 agricultores e encontram-se de mãos atadas, desde que a bomba do furo P-29 se avariou, lá vão mais de 30 dias. As plantações estão a secar, e pedem às autoridades, no caso, Agência Nacional de Águas (ANAS), que venha ao socorro das suas hortas e das suas vidas.

Num ano de seca, em que os homens do campo passam por privações de toda a ordem, ter água disponível e não conseguir utilizar por falta de meios, é uma situação que assume contornos dramáticos e difíceis de se admitir.

Elisângela Sanches, presidente da associação comunitária daquela localidade, e pessoa que responde pela gestão do furo, afirma ao Santiago Magazine, que já se deslocou por várias vezes aos serviços da ANAS, mas que até este momento nada avançou.

“Mandaram os técnicos visitar o furo. Já cá estiveram pelo menos umas três vezes, mas nada resolveram”, diz, apontando as plantações moribundas sob um sol ameno do princípio da tarde.

Saltos Abaixo é uma das muitas ribeiras agrícolas do concelho de Santa Cruz, e logo, da região Santiago Norte. Aqui o modo de vida cinge-se às atividades agrícolas e pecuárias. Num ano de seca, a agricultura de regadio é a única saída, para um número bem menor de moradores, porque a grande maioria apenas possui propriedades de sequeiro.

Acontece, no entanto, que com a paralisação deste furo, mais de 40 agricultores desta ribeira estão a correr o risco de perder as suas culturas, e assim, o único meio de vida que ainda lhes restam, a par da criação de gado, também mergulhado em profundas dificuldades.

O agricultor Tata é um deles. Santiago Magazine foi encontrá-lo às voltas com os seus animais, nas imediações da sua horta, situado na margem da ribeira, a uns 500 metros longe do referido furo.

A avaria da bomba deu-se poucos dias após Tata ter feito um forte investimento na plantação de tomates. Por isso, acreditando que o furo seria recuperado com urgência, este agricultor avançou com as plantações, apesar do incidente.

Já vai para mais de três semanas que anda a gastar cerca de 12 contos por semana, na compra de água auto transportada para salvar as plantas. Feitas as contas, em um mês sem água do furo, Tata estará gastando qualquer coisa como 48 contos só com aquisição de água.

E no meio de tantas outras dificuldades, como a escassez do pasto, se a situação se mantiver, este agricultor vai ter que abandonar as suas plantações, tal como os outros seus colegas já fizeram, porque não terá dinheiro que chegue.

“Desde que eu nasci que pratico agricultura. Nunca fiz outra coisa na vida. Isto que estou a fazer neste momento é uma questão de amor. Não conseguirei tirar qualquer lucro”, desabafa para este diário digital.

Tentamos obter a posição da ANAS, mas não foi possível.

Recorde-se que o programa de mitigação da seca e do mau ano agrícola concebido pelo Governo e que neste momento se encontra em execução contém um subprograma respeitante à mobilização da água para agricultura.

O Governo conseguiu mobilizar 10 milhões de euros junto dos seus parceiros internacionais para a combater a seca e os seus efeitos, num programa composto por três eixos: Emprego Público; Salvamento de Gado e Mobilização de Água.

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Redação