O Presidente da República, José Maria Neves, disse hoje que a violência baseada no género (VBG) representa uma “vergonha” em Cabo Verde e que é preciso dar um basta a este flagelo.
José Maria Neves, que discursava na sessão de abertura da Acção Temática Campanha 16 Dias de Axtivismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, relembrou ainda que em cada dez vítimas da VBG em Cabo Verde nove são mulheres.
“Este é um passado que continua presente, infelizmente. Temos de continuar a lutar para que deixe de fazer parte do Cabo Verde de hoje e para que não faça parte da realidade futura das nossas mães, das nossas filhas, das nossas irmãs, das nossas esposas”, disse.
Segundo o Chefe de Estado, o que acontece ainda hoje em muitos lares de Cabo Verde constitui uma “enorme mancha” e um factor de “profunda perturbação” da sanidade e tranquilidade de Cabo Verde, enquanto sociedade.
“Trata-se de uma vergonha a que é preciso dar um basta”, prosseguiu José Maria Neves, referindo-se a “uma violência que é, na maior parte das vezes, silenciosa e ocultada”.
“Uma violência que não escolhe a idade da vítima, a sua profissão, estado civil, religião, estatuto social, local de residência, ou o ambiente em que ocorre, público ou privado”, completou.
O Presidente da República referiu ainda que o risco ainda “é bem maior” se a vítima for mulher, separada, viúva, deficiente, ou se o seu marido ou companheiro consome álcool em excesso.
“Mais: tudo indica que a chegada da pandemia da Covid-19 tem vindo a ser uma situação agravante, para muitos casos. A VBG manifesta-se de diversas formas. Por vezes é física, outras vezes é sexual, psicológica, patrimonial ou de outra forma”, frisou.
O certo, apontou, é que todas essas manifestações causam dor, sofrimento e deixam uma “ferida profunda” no corpo e na alma e que, em casos mais extremos, e não tão raros como os números mesmo confirmam, podem culminar na morte da vítima.
“Vale ainda referir que a VBG cristaliza e exacerba muitas discriminações, dependências e desigualdades. As discriminações pessoais e institucionais; a dependência económica e emocional, bem como as desigualdades no acesso à justiça, aos recursos e à esfera pública, entre outros”, afirmou.
Ainda no seu discurso, José Maria Neves apelou para que se aceite o desafio e se enfrente “esta triste e vergonhosa realidade”.
“Para isso, repito, temos de conhecer, e bem, as suas causas mais profundas para podermos agir sobre elas. Felizmente estamos perante um assunto que, de forma crescente, tem mobilizado a atenção da nossa sociedade, o que já é bastante positivo”, disse.
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