PAICV, o maior partido da oposição cabo-verdiana, questionou esta terça-feira, 31 de dezembro, se os estagiários estão contemplados nas estatísticas do emprego, enquanto o partido no poder mostrou o "caminho certo" com a redução da taxa de desemprego para 10,7% no primeiro semestre.
O Instituto Nacional de Estatísticas (INE) revelou, na segunda-feira, que a taxa de desemprego em Cabo Verde foi de 10,7% no primeiro semestre do ano, registando uma diminuição de 1,4 pontos percentuais relativamente a 2018.
Segundo dados do mercado de trabalho publicados pelo INE, no primeiro semestre deste ano a população desempregada em Cabo Verde foi estimada em 24.843 pessoas, tendo registado uma diminuição de 2,1%, correspondendo a 2.185 pessoas em relação ao ano 2018.
Já a população empregada foi estimada em 206.300 pessoas, aumentando em 11.300 pessoas, face a 2018, contribuindo assim para um aumento da taxa de atividade de 55,6% para 57,1%.
Em conferência de imprensa realizada hoje, na cidade da Praia, o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) estranhou a coincidência entre a publicação dos dados e a implementação massiva do Programa de Estágios Profissionais, pelo atual Governo, que ocupa os jovens com Formação Superior e Profissional, por seis meses.
Por isso, o maior partido da oposição cabo-verdiana quer saber se os estagiários estão a ser contemplados nas estatísticas do emprego.
"O facto é que, caso se esteja a contemplar, nas estatísticas do emprego, estágios profissionais com a duração de seis meses, os dados estarão a distorcer a realidade sobre o emprego no país", notou o secretário-geral do PAICV, Julião Varela, informando que o partido já solicitou informações tanto ao Ministro das Finanças como ao INE.
Para o PAICV, os dados são "muito limitados e claramente insuficientes", porque não há informações sobre em que setores de atividade terá havido criação do emprego, nem a sua distribuição pelas ilhas e/ou municípios.
Com esses dados, o PAICV considerou que o Governo não conseguiu cumprir os compromissos assumidos, nomeadamente a criação de 45 mil empregos dignos, e ainda destruiu cerca de 15 mil empregos nos últimos dois anos e o desemprego na juventude continua muito alto.
Também em conferência de imprensa, na Praia, o secretário-geral do Movimento para a Democracia (MpD, no poder), Miguel Monteiro, disse que os dados confirmam que o país está "no caminho certo", tendo registado a diminuição da taxa de desemprego apesar de estar no terceiro ano consecutivo de seca e mau ano agrícola.
"Esta é uma das taxas mais baixas, igual à registada no ano de 2010. Mais baixa só no ano de 2000, em que se registou 8,6%", mostrou Miguel Monteiro, perspetivando melhoria dos dados com a dinâmica do crescimento económico do país.
O dirigente do MpD afirmou-se confiante nas “diversas medidas que estão em curso, que certamente farão que 2020 seja ainda melhor, trazendo mais emprego, mais rendimento, mais desenvolvimento, e menos assistencialismo para os cabo-verdianos".
Num comentário aos dados, o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, disse que a taxa de 10,7% é um dos valores mais baixos registados no país nos últimos 10 anos.
O ministro reafirmou o "firme compromisso" do Governo com a dinamização da economia do país de modo a criar cada vez mais emprego digno, sobretudo para a juventude.
"As medidas que estamos a tomar no sentido da dinamização da nossa economia estão a surtir efeito", enfatizou Olavo Correia.
Com Lusa
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