Jairzinho Pereira é o primeiro cabo-verdiano a entrar para Academia Portuguesa de História
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Jairzinho Pereira é o primeiro cabo-verdiano a entrar para Academia Portuguesa de História

O historiador e teólogo Jairzinho Pereira recebeu hoje, na Cidade da Praia, o colar de Académico Correspondente da Academia Portuguesa de História (APH) tornando-se no primeiro cabo-verdiano a entrar para a academia lusitana.

O acto ocorreu durante a conferência internacional sobre “Governo episcopal no Império Português: práticas, dinâmicas e doutrinas (sécs. XV- XX). Nos 490 anos da ereção da Diocese de Santiago de Cabo Verde”.

“É sempre bom sermos reconhecidos pelos nossos pares, a entrada na academia portuguesa da história processa-se da seguinte forma: há um grupo de pares, normalmente professores, catedráticos, professores já com uma carreira consolidada, que propõe entrada de membros para academia”, ressaltou à imprensa o académico, sublinhando que é membro da academia desde 2021.

Lançando um olhar à governação diocesana em Cabo Verde, Jairzinho Pereira considerou que a mesma depende muito do carisma e da abordagem individual de cada bispo, dos contextos históricos e políticos do tempo.

“Nesta altura temos duas dioceses em Cabo Verde, temos dois bispos um deles um cardeal e temos uma governação normal das dioceses de Cabo Verde, sem grandes tumultos”, acrescentou o teólogo.

“Os naturais da terra e a constituição do clero secular no império português (1494-1766): uma opção controversa é um dos temas do debate de hoje nesta conferência internacional, que seguirá quarta-feira, na Cidade Velha.

Sobre este particular, o historiador recordou as situações em Cabo Verde em que o acesso ao clero esteve profundamente marcado pela questão da cor da pele, questão racial, preconceitos que houve por todo o império português.

“Mas lá está, também depende muito das abordagens dos comportamentos e das crenças de cada bispo, houve bispo que promoveram o clero nativo e houve bispo que não o fizeram. Temos esta tradição baseada num testemunho falso do Padre António Vieira, de inúmeros cónegos e padres negros, grandes intelectuais e músicos, mas a documentação revela ao contrário tínhamos um clero nativo bastante deficiente”, salientou.

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