Os últimos dados de Julho e Agosto apontam que cerca de 46 mil famílias estavam em situação de insegurança alimentar em Cabo Verde, informou a secretária executiva do SNSAN, reconhecendo que não obstante as medidas implementadas, a situação é crítica.
A responsável do Serviço Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SNSAN), Rosa Semedo, avançou estas informações em entrevista à Inforpress, no âmbito do Dia Mundial da Alimentação, que se celebra a 16 de Outubro.
Este ano, salientou, a efeméride é celebrada num cenário bastante crítico, tendo em conta as crises que assolam o mundo, as tensões internacionais e as mudanças climáticas e que têm impactado na questão da Segurança Alimentar e Nutricional.
“Cabo Verde, nos anos anteriores, tinha uma avaliação positiva da situação da segurança alimentar, mas com a pandemia a situação veio a agravar-se e de acordo com os últimos dados que temos, de 2022, a situação do estado da segurança alimentar, que é avaliado através do quadro harmonizado da segurança alimentar, mostra que nos meses de Julho e Agosto cerca de 9.5% da população estava em situação de crise alimentar que corresponde a 46 mil pessoas”, disse.
De acordo com esta responsável, isto tem muito a ver com o aumento dos preços dos alimentos de primeira necessidade devido à pandemia da covid-19, guerra na Ucrânia e a severa seca que afectou o país nos últimos cinco anos, dificultando assim o acesso aos produtos.
A insegurança alimentar, segundo Rosa Semedo, é multifatorial e que com o aumento dos preços dos produtos, o poder de compra fica reduzido, pelo que afiançou, é preciso fazer uma sensibilização sobre os desperdícios alimentares, mas também investimentos em termos de produção e consumo locais.
“Temos de nos unir para juntos combatermos a questão da insegurança alimentar, porque a insegurança alimentar é uma responsabilidade de todos, todos têm que se engajar nesta luta para termos um sistema alimentar sustentável”, afirmou.
Destacou as medidas implementadas pelo Governo no sentido de minimizar o impacto dessas crises, com destaque para a medida de compensação às empresas que importam alimentos para que o preço no mercado não aumentasse em 2020.
“Em 2021, houve aumentos significativos nos preços dos produtos, foi publicada uma resolução que abrangia o milho e o trigo no momento, fez-se uma compensação desses produtos para ter um preço estável”, acrescentou, lembrando que Cabo Verde é um país que importa mais de 80% dos seus produtos e que para mitigar os efeitos da escalada de preços o Governo tomou medidas, para evitar ruptura do stock, garantir a assistência alimentar e o reforço do programa alimentar escolar.
Reconheceu, no entanto, que as medidas nunca são suficientes para eliminar a insegurança alimentar, isto porque, justificou, Cabo Verde continua a ter famílias em situação de vulnerabilidade, apelando, por outro lado, às pessoas a evitar desperdícios, ter uma dieta mais saudável e não poluir o ambiente.
Rosa Semedo concluiu, salientando que a segurança alimentar em Cabo Verde enfrenta ainda vários desafios, apontando a produção a nível nacional para reduzir a dependência da importação, promoção da educação alimentar e nutricional e aumento do nível de rendimento das famílias como os maiores desafios.
O Dia Mundial da Alimentação é comemorado no dia 16 de Outubro em diversas partes do mundo. A data foi implementada para alertar sobre a importância da alimentação saudável, acessível e de qualidade, chamada de “Segurança Alimentar e Nutricional”.
A efeméride foi criada para assinalar a fundação da “Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação” (FAO-Food and Agriculture Organization), fundada em 1945.
O seu principal objectivo é elevar os níveis de nutrição mundiais. Estabelecido pela ONU em 1979, o Dia Mundial da Alimentação ocorre em mais de 150 países no mundo, desde 1981.
Comentários