Esta semana, arrisco-me a escrever a crónica noutro registo, o da poesia. Mas não se enganem com o tom, esta é uma fábula para adultos. Num Cabo Verde cada vez mais parecido com um curral moderno, onde os lobos vestem gravata, os carneiros batem palmas, os mochos citam leis que não se aplicam a todos, e as serpentes assinam decretos de olhos fechados, resta-nos a metáfora como último reduto da liberdade. Porque há verdades que só a poesia consegue dizer sem censura. E há silêncios que só rimam com revolta.
A minha geração não viveu a guerra, mas colhe os frutos da luta. A minha filha Nicole conviveu com duas bisavós, e isso, para mim, é uma bênção rara. Ela recebeu delas moedas com carinho para comprar rebuçados e, sobretudo, recebeu bênção de quem sobreviveu para contar a história. Uma herança invisível mas valiosa. Hoje, ela cresce livre, com direitos e escola, sem ter de carregar lata à cabeça para buscar água ao poço. É por isso que, hoje, ao celebrar os 50 anos da nossa independência, não penso só em datas. Penso em pessoas. Penso na resistência das mulheres como as...
O Papa Leão XIV criticou esta segunda-feira, 30, o uso da fome como arma de guerra numa mensagem à 44.ª conferência da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que está a decorrer em Roma.
A nossa independência não foi um ponto final. Foi o início de uma responsabilidade imensa. Cinquenta anos depois, temos o dever de olhar em frente com a mesma fé que nos trouxe até aqui. Ergamos a cabeça! Abramos os olhos! Fechemos os punhos! Porque Cabo Verde não é uma marca turística. É um povo vivo, que pensa, que sente, que luta e que ama. E enquanto houver um só cabo-verdiano com fome, enquanto houver uma só criança sem escola, uma só mulher silenciada, um só jovem a querer partir por desespero… então, a luta continua.
O primeiro-ministro afirmou hoje que a economia superou as crises económicas mundiais, a pandemia da covid-19 e continua a sua trajectória sólida de recuperação com impactos positivos e melhorias de qualidade de vida dos cabo-verdianos.
Caro leitor, a doença da democracia caboverdiana, a pobreza generalizada da nação residem na radicalização dos detentores do poder político. Intolerantes que se autoproclamaram os obreiros da “democracia” caboverdiana e desta constituição de letra morta e declararam guerra a todos os cidadãos que ousarem se posicionar e chamar a atenção para a usurpação do poder do Estado, de todos nós, em benefício de poucos e bem identificados partidários. A pergunta que deixo para é esta: O que irá acontecer se nós resolvermos também nos radicalizar, para defender os Princípios...
Nesta república arquipelágica, o mar liga e desliga; a política une e desune. Sim, a política... a mesma que, há mais de 500 anos, nos mata a fome. A política, hoje, é pulseira do nosso terrorismo judiciário: perseguem um articulista, cidadão honesto, apenas por analisar a postura política do ex-Presidente da Assembleia Nacional, e tratam com leniência a máfia e a corrupção — corrompidamente enrolados um no outro, com processos-crime compassivos com à máfia dos terrenos agendado/desagendado para julgamento — marcados apenas para mandar “recados”. Imaginem a quem? À...