Victor Sanches Tavares, 34 anos, era o cabecilha de um grupo criminoso formado por 34 elementos e que tinha um esquema inédito de transporte de cocaína: navios cruzeiro.
Jean-Phi, Le Noir, Le Nègre. Todas estas alcunhas pertencem a Victor Sanches Tavares, um cabo-verdiano de 34 anos, residente em Nice, França,e que na passada sexta-feira, 9, foi condenado a 12 anos de prisão, por um tribunal de Marselha, por tráfico internacional de droga.
O caso, para a imprensa francesa, seria mais um fait-divers não fosse a engenhosa rede que Tavares montou e da qual faziam parte mais 34 individuos de diferentes nacionalidades.
Tudo porque, desde 2014, após cumprir 18 meses na cadeia por outros delitos, Victor Tavares ter organizado um esquema, sem precedentes, de transporte de cocaína do Brasil para a Europa usando navios cruzeiro de luxo.
O cabo-verdiano, juntamente com o marroquino Karim Moutakhaouil, que está foragido, pagava a "mulas" da classe média para transportar vários quilos de cocaína colados ao corpo nas suas viagens insuspeitas nos Cruzeiros. Recebiam 15 mil euros por “corrida”, mas as autoridades, até então, sequer desconfiavam. Entre 2012 e 2014 o grupo liderado por Victor Sanches Tavares utilizou 13 Cruzeiros – todos da empresa Costa – para fazer chegar droga à Europa, quase sempre com paragem em Casablanca, Marrocos.
Calcula-se que viajavam de cada vez 12 mulas, cada uma com mais de 2,5kg de cocaína. Em Março de 2014, por exemplo, a polícia espanhola capturou em Tenerife, Canárias, um navio que regressava do Brasil, prendendo dez franceses que carregavam 25 quilos de cocaína de alta pureza – dono era Victor Tavares.
A escala escolhida por esta rede era Casablanca, local onde, segundo o Le Monde, se fazia a troca entre a marijuana daquele país do Norte de África pela cocaína proveniente da América do Sul. E da capital marroquina, o pó branco seguia em direcção ao Velho Continente. As autoridades acreditam que os traficantes ganhavam numa única viagem 1,9 milhões de euros.
O esquema demorou a ser percebido pela policia anti-droga na Europa e no Brasil e, depois de descoberto, chamou a atenção precisamente pela ousadia dos organizadores, cujo cacique é Victor Tavares.
Segundo o Liberation, o cabo-verdiano negou tudo em tribunal, mas não evitou a sua condeção por um tribunal de Marselha, a 12 anos de prisão efectiva por tráfico internacional de droga, pena que o jornal La Provence, de Marselha, considera leve para aquele que chama de “o cérebro do narco-cruzeiro”, Victor Sanches Tavares.
Seja como for, Tavares vai ficar numa prisão de segurança máxima de Marselha. O marroquino Karim Moutakhaouil foi condenado, à revelia, pois está foragido, também a 12 anos de cárcere – tem agora um mandado de busca internacional contra ele.
As 34 “mulas”, que carregavam a droga do Brasil para a Europa, foram sentenciados entre 18 meses de pena suspensa e três anos de cadeia.
Comentários