O ministro da Saúde e Segurança Social, Arlindo do Rosário, anunciou este domingo, 5 de abril, um inquérito às “evidências” de “falhas” na receção de uma doente com sintomas de covid-19, posteriormente confirmados, no Hospital Dr. Batista de Sousa (HBS), Mindelo, já com vários profissionais de saúde em quarentena.
“Terá havido falhas na condução do processo. Manda a verdade e o sentido de compromisso com a saúde dos cabo-verdianos e das cabo-verdianas que essas falhas sejam devidamente apuradas e que, naturalmente, sejam assacadas as devidas responsabilidades. Mandarei instaurar, pois, um inquérito para apuramento de todos os factos”, anunciou, em conferência de imprensa, o ministro da Saúde, Arlindo do Rosário.
As autoridades cabo-verdianas receiam que este caso de covid-19 - uma cidadã chinesa, de 56 anos -, confirmado na sexta-feira, o primeiro na ilha de São Vicente (Mindelo) e o sétimo em todo o país, seja o primeiro de transmissão comunitária, não sendo ainda clara a fonte de infeção.
Com a confirmação deste caso, o ministro revelou que mais de uma centena de pessoas já foram colocadas em quarentena na ilha de São Vicente, das quais 86 em casa e as restantes em hotéis e espaços de isolamento, todos relacionados ou contactantes com a doente de nacionalidade chinesa, conforme estudo epidemiológico em curso.
Cerca de duas dezenas são profissionais de saúde de uma clínica privada local e do Hospital Dr. Batista de Sousa, incluindo o médico que, por duas vezes, recebeu a doente nas urgências da unidade hospitalar e que “apresenta sintomas respiratórios”, indicou o ministro.
As amostras aos casos suspeitos de São Vicente chegam hoje à Praia, para análise laboratorial, devendo os resultados do despiste à covid-19 ser conhecidos durante o dia de segunda-feira. Entretanto, o hospital do Mindelo está a ser reforçado com meios técnicos e humanos.
“A minha confiança nos profissionais de saúde, e particularmente os de São Vicente, não ficou minimamente abalada. Mas o meu maior compromisso, que assumi como ministro da Saúde e da Segurança Social, é o compromisso com a segurança e a saúde dos cabo-verdianos e das cabo-verdianas”, disse o ministro Arlindo do Rosário.
A cidadã chinesa que acusou positivo a covid-19 reside há cerca de cinco anos na cidade do Mindelo, ilha de São Vicente, e apresentou os primeiros sintomas em 18 de março, conforme informação transmitida ainda no sábado, também pelo ministro da Saúde.
Foi depois diagnosticada com pneumonia numa clínica privada em São Vicente e, sem recuperar, deu entrada no Hospital Dr. Baptista de Sousa, no dia 27 de março, ficando em isolamento, face aos sintomas. As análises só confirmarsm o positivo para covid-19 na sexta-feira.
No sábado, o governante afirmou que o tempo que passou desde os primeiros sintomas até ao internamento e à confirmação laboratorial de que se tratava de um caso de covid-19 – devido à suspensão das ligações aéreas entre as ilhas – “não interferiu”, tendo em conta que foi tratado como se o fosse, face às regras sanitárias adotadas.
Posição que contrasta com a posição assumida hoje e com a abertura deste inquérito.
“Este não é, de modo nenhum, um momento de desunião, pelo contrário. Somos poucos para a tarefa que nos espera. Acredito que no final desta guerra que todos estamos a fazer o balanço será francamente positivo”, defendeu hoje o ministro.
Apesar de o estudo epidemiológico ainda estar em curso, Arlindo do Rosário insiste que, caso não se encontre, para este caso, a fonte de infeção em São Vicente, esta será a primeira situação de transmissão comunitária em Cabo Verde.
Os restantes seis casos confirmados de covid-19 em Cabo Verde dividem-se em quatro na ilha da Boa Vista e dois, um casal, na cidade da Praia (ilha de Santiago).
Um dos casos da Boa Vista, um turista inglês de 62 anos, acabou por morrer, e o colega de viagem, também confirmado com covid-19, já regressou ao país de origem.
Também uma turista dos Países Baixos, o terceiro caso naquela ilha, foi transportada para o seu país, inspirando cuidados.
O quarto caso de covid-19 na Boa Vista foi confirmado num trabalhador de dois hotéis que estavam em quarentena.
O arquipélago de Cabo Verde está fechado a voos internacionais, para travar a progressão da pandemia, e com o estado de emergência decretado no domingo foram também suspensos os voos entre ilhas.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,2 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 65 mil. Dos casos de infeção, mais de 233 mil são considerados curados.
Com Lusa
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