O Presidente da República, José Maria Neves, disse hoje que a violência com base no género, a paternidade e a maternidade irresponsáveis e a violência sexual contra menores ainda são “nódoas” no país que espera que sejam banidas “definitivamente”.
“Investir nas crianças é investir no futuro de Cabo Verde. Temos ainda algumas nódoas, designadamente a violência com base no género, a paternidade e a maternidade irresponsáveis e a violência sexual contra menores”, apontou o chede de Estado, numa mensagem alusiva ao Dia Internacional da Criança, que hoje se assinala.
O mais alto magistrado da Nação defendeu que são nódoas que a sociedade deve “banir definitivamente”, salientando que as crianças merecem muito carinho, muita amizade e, sobretudo, o cuidado dos seus pais, da família e das autoridades cabo-verdianas.
“Nós temos de ter a capacidade de criar uma sociedade de cuidados, para podermos abraçar e cuidar daqueles que mais precisam de uma mão amiga, de uma mão solidária”, disse.
José Maria Neves entende que Cabo Verde tem de ter capacidade de responder às aspirações de todas as crianças cabo-verdianas e fazer tudo, para que, no futuro, possam realizar todos os seus sonhos.
“E para que isso seja uma realidade é fundamental investir no crescimento inclusivo de Cabo Verde e garantir o combate à pobreza, o combate às desigualdades, investir na saúde e na educação e empoderar as famílias cabo-verdianas”, sugeriu.
Para o chefe de Estado, o 01 de junho é um dia de reflexão e de pensar o futuro e a melhor forma de fazer das crianças cabo-verdianas pessoas muito felizes, hoje e no futuro.
Segundo dados do Ministério Público, no ano judicial 2021/2022, terminado em julho passado, deram entrada nos tribunais do país 776 crimes sexuais, mais 315 face ao período homólogo anterior, dos quais 32,2% foram relativos a abusos sexuais de crianças e 6,8% a abusos sexuais de menores entre 14 e 16 anos.
À entrada do atual ano judicial (2022/2023), estavam por resolver 1.076 processos envolvendo crimes sexuais em todo o país, 321 dos quais relativos a abusos sexuais de crianças, 57 de abusos sexuais de menores entre 14 e 16 anos, sete de exploração de menor para fins pornográficos e cinco de ‘sexting’ (envio de mensagens de teor sexual) contra menor.
Em março, duas psicólogas portuguesas, Rute Agulhas e Joana Alexandre, docentes do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), desenvolveram um jogo de tabuleiro adaptado a Cabo Verde para ajudar a prevenir casos de abuso sexual de crianças no arquipélago.
Em resposta a um pedido da Associação Crianças Desfavorecidas de Cabo Verde (Acrides), "Picos e Avelã à Descoberta das Ilhas do Tesouro” foi desenvolvido para crianças cabo-verdianas entre os 7 e os 12 anos.
Foto: Presidência da República de Cabo Verde
Comentários