Passaram dois anos da realização das eleições autárquicas de 04 de Setembro de 2016, num ano onde se realizaram as três eleições a saber legislativas presidenciais e autárquicas, num cenário de ruptura com a governação anterior passando o pais a ser governado pelo partido que estava na oposição de 2001 até 2016.O Movimento para democracia vence as eleições legislativas de 2016, elegendo 40 dos 72 deputados ficando o PAICV com 29 deputados e a UCID pela primeira vez consegue eleger 3 deputados e nas eleições autárquicas o MPD conquista 18 das 22 câmaras municipais do pais.
O cenário político das autárquicas foi engendrado sobre a égide da vitória do Movimento para Democracia nas eleições legislativas de 20 de Março de 2016, tendo o MPD optado por um marketing político forte referenciando que com o governo da mesma cor política que as câmaras municipais o trabalho seria sempre mais estando esse lema reforçado na figura do primeiro-ministro que teve grande projecção política estando a frente do mais importante município do pais.
Analisando especificamente o caso do município de Tarrafal de Santiago perante o cenário político desenhado com as eleições legislativas e autárquicas realizados no ano de 2016, a situação do município inspira um cuidado e uma atenção especial do Governo central sendo este município um forte bastião do MPD e estando a ser governado por este partido desde as primeiras eleições autárquicas realizadas a 15 de Dezembro de 1991, e também pelo facto do partido sempre ter um score razoável nas eleições legislativas, precisa-se de uma sintonia entre as politicas centrais e locais no que diz respeito as pescas, agricultura, saúde, educação, e criação de emprego numa participação conjunta na elaboração dos planos de acção e de melhoramento dessas áreas importantes para o desenvolvimento do município.
Tarrafal é um concelho que segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) conta com 18264 habitantes sendo uma população essencialmente jovem e é nesta camada que assenta muitos problemas como o desemprego situando a taxa na camada jovem nos 18,3%, isto tudo assente numa falta de politicas publicas de criação de emprego e fomento ao empreendedorismo jovem com menos burocracia e mais eficiência e que seja mais inclusivo e que não discrimine nenhum jovem pela sua proveniência familiar, religião ou opções politicas e ideológicas.
Debruçando sobre o estado do desporto e da cultura no município é visível o estado de retrocesso dessas duas áreas com forte potencial no município, os equipamentos para pratica desportiva encontram-se num estado de abandono e degradação exemplo disso são as placas desportivas de Mangui baixo e Monte Iria, faltam tabelas na placa de basquetebol anexo ao cinema, o parque de manutenção física encontra-se num estado de abandono constituindo um perigo para as pessoas que usam esse equipamento, o pavilhão desportivo com obras paradas é uma demostração de lentidão nas respostas e das demandas, sem contar com a falta de incentivo á prática de diferentes modalidades com forte potencial no município, como por exemplo os desportos náuticos.
A área da cultura e das artes esta num estado de letargia e carecendo de intervenção urgente como a formação de agentes culturais, formação de técnicos e principalmente jovens para áreas como a proteção do património cultural municipal, recuperação de arquivos históricos, isto tudo virado para a candidatura do Ex Campo de Concentração do Tarrafal a Património Mundial da Humanidade e toda a divulgação desse grande património do concelho e do pais, o incentivo e ao gosto pela leitura sendo Tarrafal terra de origem de um dos melhores poetas cabo-verdianos da atualidade José Luís Tavares, também do premio Miguel Torga 2015 Mário Lúcio Sousa, do escritor poeta e Jornalista Silvino Lopes Évora, do escritor e musico Carlos Alberto de Sousa, da saudosa poetiza Eneida Nely, entre outras figuras da literatura e das artes, o município precisa manter e retomar a sua posição dianteira na produção letrearia e no surgimento e incentivo de novos talentos
A criação de condição para realização de feiras literárias periódicas, requalificação ou edificação de raiz de uma biblioteca municipal que dignifique o nome da sua patrona criação de um programação anual de divulgação do batuque do funaná e a recuperação da Tabanca como património constituinte do folclore cultural do conselho, incentivar o surgimento e incentivo a grupos de danças tradicionais e contemporâneas, criar condições para que agentes ligadas a música ao teatro a dança possam participar certames nacionais ou internacionais em pé de igualdade com agentes de outros municípios e outras países através da criação de centro de iniciação das artes e criação de uma bolsa artística. A mudança da lógica dos festivais de música, entre outras medidas que se forem levadas a cabo Tarrafal será realmente terra de cultura e desporto.
Não podemos ficar no conformismo e na lamentação, mas sim devemos abraçar o nosso município e colocar-lhe na trilha do desenvolvimento e só consegue-se alcançar isso com uma população esclarecida participativa e que antes de reivindicar os seus direitos esteja ciente dos seus deveres para com a sua família, comunidade, sociedade, o Estado e com a sua própria cidade.
No debate politico principalmente nas redes socias como uma nova esfera publica não pode ser vista como uma selva sem lei e de linchamentos de carácter de individuas seja de qualquer crendo religioso, ideologia politica, orientação sexual, cor de pele for, precisamos ter um mínimo de respeito com aqueles que desempenham cargos políticos porque mesmo que fomos nos que o elegemos existem meios próprios para resolvemos as diferenças e o dialogo e o respeito e a tolerância politica precisa-se nesses tempos de canibalismo de palavras sem ações.
Em dois anos a Câmara Municipal do Tarrafal não consegui ainda instalar um novo centro de juventude que dignifica a juventude tarrafalence, apesar de críticas severas as gestões e aos modelos adotados anteriormente, que não tinham foco direto para a juventude tarrafalence no seu todo mas para grupos restritos, o governo local ainda não foi capaz de mostrar a sua solução nessa área que pode ser uma mais-valia para a juventude tarrafalence. Um dos problemas que o município enfrenta e que muitos fingem não ver é a perda da sua população principalmente a população jovem que diante da falta de oportunidades busca outras paragens seja nacional ou no estrangeiro para prosseguirem as suas vidas, e a fuga de quadros continua sem nenhuma política para o conter.
Muitas são as situações que precisam de ser solucionadas e que já arrastam por muito tempo entrando governo e saindo governo a situação continua o mesmo, caso disso é o pedaço que resta do betão armado que muitos insistem em chamar de cais de pesca, que tudo indica esta longe de ver uma solução, a construção de uma infra-estrutura Hidráulica no município que possa potencializar a agricultura local, a definição de um modelo claro de turismo que seja inclusivo sustentável e que possa trazer riqueza ao município.
Uma outra situação é a falta de cuidado com os espaços verdes numa lógica de descuido e destruição do património ambiental municipal, caso disso foi a destruição das plantas da avenida Ponta Lagoa, o estado de algum descuido que esta a praça central de Mangui um dos cartão postais da cidade, a demora da limpeza das ruas nos finais de semana a demora na recolha de lixo e o acumulo de lixo no centro da cidade, a questão dos cães vadios e dos lixos nas praias, a questão do vazamento de esgotos no mar de Ponta de Atum, e o crime ambiental praticado com a esplanada redonda
Tarrafal não pode e não deve continuar a ser um município relegado ao último plano nas políticas do governo, precisamos ter bem claro as áreas de potencialidade do município e trabalhar com a autarquia local para a resolução de muitos problemas que o município enfrenta e que periga o seu futuro e desenvolvimento
Todos devemos contribuir para o desenvolvimento do nosso município e isso não se consegue com dissensos mas sim construindo pontes e diálogo, entre a população e a autarquia só assim podemos desenvolver o nosso município que precisa de contributo de todos para alcançarmos um desenvolvimento sustentável e inclusivo e os jovens são chamados nisso para apresentar projetos e soluções e não debater pessoas mas debater ideias.
A oposição política também tem responsabilidades na governação local uma vez eleita e com acento na Assembleia Municipal, a oposição não pode constituir um grupo com pretensões “fanáticas” de mudança se não mostra-se como solução e seja promotor de dialogo e construir consensos, Tarrafal precisa de uma oposição politica local forte que não se deixe levar por fofocas mas que concentra a sua ação na fiscalização seria e responsável dos atos da Câmara Municipal e da Assembleia Municipal, a oposição tem de mostrar-se como solução se assim pretende alcançar um dia a governação do município tem que mostrar-se como alternativa caso contrario continuara a ser oposição
Nestes dois anos de governação o Município de Tarrafal podia estar melhor apesar de algumas realizações, mas ainda não se vislumbra ações concretas que trazem uma nova dinâmica económica ao município, deve-se colocar de lado as políticas assistencialistas que desfoca as ações ao longo prazo. Tarrafal precisa de uma governação no real e não no virtual, todos juntos por um Tarrafal melhor, e para que isso aconteça as decisões devem ser participadas, céleres, concertadas e responsáveis para não deixarem margens para desconfianças e duvidas, a transparência e o Accountability também são linhas a seguir para um real desenvolvimento inclusivo e sustentável.
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