Se um líder não se sente obrigado a justificar atrasos ou falhas à população, que mensagem passa aos jovens cabo-verdianos, à diáspora cabo-verdiana que tem um papel vital no país, seja através de remessas, investimentos ou participação política ou aos parceiros internacionais? Ignorar esse público é um erro grave e a falta de transparência os afeta diretamente! Em 2026, Cabo Verde terá nova oportunidade para escolher seus representantes. Mas as eleições não devem ser apenas sobre mudar rosto como insiste o MpD ao apostar em políticos envelhecidos, caducos e reciclados. Ao contrário, as eleições precisam ser um momento para exigir um novo padrão de governança, porque um líder que foge de perguntas básicas não merece confiança. Um projeto que é reembalado três vezes sem resultados não merece aplausos!
Nas últimas semanas, assistimos a mais um capítulo daquilo que parece ser um ciclo interminável: anúncios grandiosos, datas remarcadas e justificativas vagas. Desta vez, o hospital há muito prometido já apresentado publicamente pela terceira vez ganhou nova data de arranque: “meados de 2026”. Mas o que deveria ser uma explicação clara à nação transformou-se num espetáculo de evasão, quando o primeiro-ministro, confrontado pela jornalista Rosana Almeida, optou pela fuga em vez da transparência?!
Em 2016, o governo prometeu 45 mil postos de trabalhos e soluções estruturais para setores como transportes, saúde e infraestruturas. Nove anos depois, muitos cabo-verdianos continuam à espera. O caso do hospital em questão é emblemático: quantas vezes um mesmo projeto pode ser reanunciado sem que saia do papel? Se a primeira apresentação gerou esperança, a terceira só alimenta desconfiança. E é legítimo então cobrar explicações sobre por que um projeto foi anunciado três vezes sem avançar, especialmente em áreas críticas como a saúde.
O momento mais revelador desta crise de credibilidade deu-se quando o primeiro-ministro, pressionado por perguntas diretas, escolheu o silêncio em vez da prestação de contas. A senhora Rosana Almeida, jornalista conhecida pela firmeza, não se deixou intimidar por rodeios mas, numa cena quase caricata, o chefe do governo esquivou-se como quem tem "patins nos pés", deixando a plateia sem respostas, e a forma como ele evitou responder a pergunta direta da senhora jornalista, especialmente de uma jornalista conhecida por seu profissionalismo como a senhora Rosana Almeida, demonstra falta de respeito com a imprensa e com os cidadãos.
Esse comportamento não é apenas uma falha de comunicação. É sintoma de um problema maior ou seja a normalização da impunidade política!
Se um líder não se sente obrigado a justificar atrasos ou falhas à população, que mensagem passa aos jovens cabo-verdianos, à diáspora cabo-verdiana que tem um papel vital no país, seja através de remessas, investimentos ou participação política ou aos parceiros internacionais? Ignorar esse público é um erro grave e a falta de transparência os afeta diretamente!
Em 2026, Cabo Verde terá nova oportunidade para escolher seus representantes. Mas as eleições não devem ser apenas sobre mudar rosto como insiste o MpD ao apostar em políticos envelhecidos, caducos e reciclados. Ao contrário, as eleições precisam ser um momento para exigir um novo padrão de governança, porque um líder que foge de perguntas básicas não merece confiança. Um projeto que é reembalado três vezes sem resultados não merece aplausos!
Aos jornalistas, resta continuar a fazer o seu trabalho e aos cidadãos no país e na díaspora, cabe lembrar que a democracia não se esgota no voto: é preciso cobrar, todos os dias, que as promessas se traduzam em ações. Porque Cabo Verde não precisa de líderes sem firmeza na liderança; precisa de homens e mulheres com carácter!
Roberto Vieira de Carvalho
Cidadão cabo-verdiano e membro da diáspora -
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