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Os derradeiros truques de um ministro inclemente na hora de bai
Ponto de Vista

Os derradeiros truques de um ministro inclemente na hora de bai

Com essas duas jogadas, tanto o ministro como o seu Diretor, pessoas que não entendem patavina de hierarquia nem da administração, estão convictos de que uma graduação é equivalente à promoção, a ponto de, no mesmo despacho de graduação o indigitar para Comandante Regional de S. Vicente, consequentemente, irá chefiar o seu superior hierárquico, Comandante interino em Mindelo. Não tenho nada contra o nomeado, Intendente João Santos, meu amigo e antecessor no Comando Regional do Sal, boa pessoa, pelo que aproveito para lhe desejar sucessos nas novas funções, lamentando que tenha ascendido a essa nobre função através de esquemas fraudulentos

Isto vem a propósito das trapalhadas do ministro no preenchimento da vacatura do cargo de Comandante Regional da Polícia Nacional de S. Vicente, deixado pelo Intendente Alírio Silva que passou à aposentação e da oportuna reação de protesto, num jornal digital da praça, do Intendente Manuel Monteiro, do mesmo Comando, aspirante ao cargo e preterido pelo ministro da Administração Interna.

É legítimo, o oficial superior da Polícia Nacional, Manuel Monteiro, formado durante quatro anos numa Academia policial Alemã e com mais de três décadas de serviços prestados à instituição policial, aspirar dirigir a polícia numa Ilha; é também normal que outros oficiais superiores residentes em S. Vicente almejem o cargo de Comandante.

O ministro Paulo Rocha, ao dar preferência a um oficial de patente inferior, colocado na ilha de Santiago, passou um atestado de incompetência não só ao Comandante interino, Intendente Manuel Monteiro, como também, a todos os outros oficiais superiores da PN colocados na Ilha de Monte Cara.

A substituição de um Comandante Regional, a escolha de um ou outro oficial para o cargo são atos de gestão normalíssimos e pacíficos em qualquer parte quando são feitas com lisura, transparência e no estrito respeito pela hierarquia, o que não foi o caso.
Vejamos os truques utilizados na nomeação do novo Comandante!

Sabendo o ministro que a pessoa da sua preferência estava a desempenhar uma função na Direção Nacional, na cidade da Praia, com salário muito superior a de todos os Comandantes Regionais que estão nos Comandos de nível “B” que são os de S. Vicente, Sal e S. Nicolau, Boavista, Santo Antão, Fogo e Brava e Santiago Norte, e que, consequentemente, declinaria o convite, resolveu alterar da noite para o dia a orgânica da PN e elevou a Região de S. Vicente para nível “A” à semelhança do Comando Regional de Santiago Sul, o único que tinha esse nível e que por isso o comandante tem o salário mais elevado dentro dos cargos na PN. Com este jogo, o novo Comandante irá ter um salário muito superior a de todos os Comandantes das restantes ilhas.

É incompreensível o facto de o ministro esperar a passagem à aposentação do Comandante Alírio que esteve mais de 4 anos à frente da Região policial do Mindelo para a elevar a esse nível. o Comandante Alírio, depois de atingir o limite de idade, deu de bónus, mais 10 meses de serviço. É uma situação anómala, mas com esse ministro e essa Direção Nacional tudo é possível. Enquanto a um é permitido mais 10 meses de serviço após atingir a idade de reforma, outro é escorraçado 10 dias antes de atingir o esse tempo, com o único objetivo de o prejudicar financeiramente.

Mais, o ministro na tentativa de ludibriar os incautos, tentando passar a ideia de que a orgânica não foi alterada para beneficiar apenas uma pessoa, isto é, fazer com que o proposto Comandante para S. Vicente não perca o salário, resolveu dar “boleia” apenas a mais um Comando Regional, o de Santiago Norte, elevando-o também ao nível “A”.

Com esse esquema, o problema do seu protegido ainda não ficava resolvido, pois o ministro sabia que quem estava a assumir interinamente o Comando na ilha com a vacatura era um dos oficiais mais antigos da Polícia Nacional que é intendente há vários anos, para além de outros oficiais superiores que também aspiram aquela função. Assim, com mais um “truque” o ministro despachou de urgência, a graduação do seu predileto a Intendente da Polícia Nacional, já que o mesmo não tem tempo para a promoção.

Com essas duas jogadas, tanto o ministro como o seu Diretor, pessoas que não entendem patavina de hierarquia nem da administração, estão convictos de que uma graduação é equivalente à promoção, a ponto de, no mesmo despacho de graduação o indigitar para Comandante Regional de S. Vicente, consequentemente, irá chefiar o seu superior hierárquico, Comandante interino em Mindelo.

Não tenho nada contra o nomeado, Intendente João Santos, meu amigo e antecessor no Comando Regional do Sal, boa pessoa, pelo que aproveito para lhe desejar sucessos nas novas funções, lamentando que tenha ascendido a essa nobre função através de esquemas fraudulentos; ciente de que se ele estivesse em S. Vicente, nas mesmas condições que Intendente Manuel Monteiro ou de outros oficiais superiores e fosse preterido, com truques, por outro oficial de patente inferior, reagiria com a mesma ou mais veemência a esta atitude vexatória e provocatória do ministro da Administração Interna para com todos os oficiais de S. Vicente.

É a polícia nacional a caminhar a passos largos para o precipício. Nessa instituição a patente agora vale nada. Por isso, neste momento temos oficiais superiores e comissários quase no final da carreia sem funções ou na dependência dos seus inferiores hierárquicos que estão no Comando.

O ministro sabe que a Policia Nacional não tem Diretor, por isso ele assume também essa função. Por mais corriqueira que seja uma decisão, o ministro “estratega” é chamado a pronunciar, pois, há ministros que gostam desse tipo de Diretor.

Caro Intendente Manuel Monteiro, a partir do seu grito, em defesa da sua dignidade, deve esperar de tudo da Direção Nacional, mas é sempre a mando do ministro, mesmo as medidas mais absurdas, porque a liberdade de expressão na Constituição da República de Cabo Verde na Polícia é uma palavra morta, mas uma coisa é certa: os elementos da Polícia nacional são solidários. Digo isso por experiência própria. A esmagadora maioria dos efetivos está consigo, apenas uma ínfima parte que está no topo da pirâmide e que gravita a volta do diretor e do ministro, por receio de perder a função, não alinha consigo.

Todo o desnorte da PN passa ao lado do nosso primeiro ministro que faz jus ao seu lema “sem djobe pa lado”, mas um chefe de governo que não olha para o lado é mau observador e, consequentemente, não reúne as condições necessárias para prosseguir à frente dos destinos do país.

O dia 18 de abril já está à porta! Como dizia o saudoso compositor Manuel de Novas, será a oportunidade de cada um apanhar o seu triunfo para tirar a xitada de fome.

Praia 3 de fevereiro de 2021

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