Estava dentro do avião que já estava na metade do caminho e ele mais uma vez com gentileza indicava que não tinha ouvido… então levantei e fui ao seu lugar na fileira 5 e lhe expliquei o que queria e porque o fazia. Seus companheiros de equipa talvez mais assustados do que ele, até riram. Voltei para o meu lugar e de repente ouvi o meu nome: “O Brasileiro, olha aqui!” E o Anderson no meio do corredor, diante de todos os seus companheiros de equipa, levantou a calça e o seu bokser já não fazia mais propaganda algum! Quase cai do avião em pleno voo. Fiquei espantado. Lembrei quantas vezes tenho que dizer quer seja nas escolas, no COP, nas ruas e creia me, até na Igreja, antes que alguém finalmente decida fazer o que está sendo pedido. O Anderson não. Uma vez que entendeu o que o velho brasileiro careca dizia, ele imediatamente obedeceu.
Sou voluntário em vários lugares onde aceitam o meu trabalho voluntário, abnegado e dedicado na cidade da Praia e até já fiz em São Domingos (Veneza) e RGS (Cidade Velha, São Martinho Grande, SanhaRê, Salineiro e um lugar que esqueci o nome, mas é muito longe!)
Na Capital procuro servir no âmbito escolar pois tive o privilégio de obter um Mestrado em Educação, logo as portas se me abriram na AGF no vibrante Agrupamento Escolar VIII e hoje até tenho procurado servir no Agrupamento 4, com sede na Achadinha.
Através do Agrupamento VIII conheci e me disponibilizei para atuar no Centro Sócio Educativo Orlando Pantera (em 2023 cheguei a estar ali todos os dias da semana! Levei os jovens para trabalhos comunitários e outras atividades…)
Daquilo que procuro fazer e contribuir tenho que destacar as Forças Armadas de Cabo Verde nas 3 Regiões Militares! Talvez servir os que servem Cabo Verde na “tropa” seja a minha maior paixão pois ali juntamente com meus filhos até engraxar as botas dos praças já fizemos várias vezes… mas não quero falar (ou escrever!) sobre o que faço pois não procuro reconhecimento, embora busque oportunidades como no Hospital onde por 12 anos continuo pedindo permissão para servir, ou na Cadeia onde não tenho mais atuado semanalmente como fazia até o ano passado.
Quero escrever sobre o Anderson! Quem é ele? Conheci ele essa semana no voo Sal ao Mindelo. Esse jovem tem 23 anos. Futebolista. Pelo que sei, esse ano marcou 3 gols, contribuiu com 3 assistências e tudo isso nos seus 3 primeiros jogos no Campeonato esse ano! Mas euzinho não vi o Anderson jogar. Lembra? Encontrei ele no avião. E lembrei dos jovens que sempre vejo em todos os lugares por onde ando… calça ou calção caindo, fazendo propaganda da cueca (ou Trus e alguns conhecem com Bokser!) Quem me conhece sabe o que penso a respeito dessa “propaganda” do traseiro. Aliás, aprendi com a minha querida esposa que não posso ser “tão direto” ou “rude” mandando logo um “levanta a calça!” quando vejo algo assim… Minha mulher me disse: “Não fale assim com os rapazes! Diga pelo menos um bom dia… depois diga algo mais.”
Mas na minha intepridez quando vi o Anderson no avião com a “calça caída” imediatamente bradei: “levanta a calça!” Ele não entendeu muito o meu linguajar brasileiro, educadamente virou-se indicando que tinha fone nos ouvidos. Falei ainda mais alto e completei: “levanta a calça, não preciso ver sua cueca!”
Mas lembra? Estava dentro do avião que já estava na metade do caminho e ele mais uma vez com gentileza indicava que não tinha ouvido… então levantei e fui ao seu lugar na fileira 5 e lhe expliquei o que queria e porque o fazia. Seus companheiros de equipa talvez mais assustados do que ele, até riram. Voltei para o meu lugar e de repente ouvi o meu nome: “O Brasileiro, olha aqui!” E o Anderson no meio do corredor, diante de todos os seus companheiros de equipa, levantou a calça e o seu bokser já não fazia mais propaganda algum! Quase cai do avião em pleno voo. Fiquei espantado. Lembrei quantas vezes tenho que dizer quer seja nas escolas, no COP, nas ruas e creia me, até na Igreja, antes que alguém finalmente decida fazer o que está sendo pedido. O Anderson não. Uma vez que entendeu o que o velho brasileiro careca dizia, ele imediatamente obedeceu.
A atitude dele foi tão marcante, o exemplo dele contagiante, que decidi contar pra toda gente. Decidi também dar a ele o meu contato pessoal e compromisso de que ele fazendo chegar em minhas mãos um vídeo pessoal, vou colocar nas mãos de um agente FIFA que conheço na Alemanha. Decidi também que nessa reta final do Campeonato vou torcer pelo Palmeira (atenção Brasil: não tem s no fim, é Palmeira mesmo, no singular…) mesmo jogando contra o Acadêmica (que foi minha primeira equipa quando cheguei em Cabo Verde pela minha amizade e proximidade com o Zé “Motorinho” do Supermercado Felicidade que foi grande jogador do Mica e até hoje é sócio do Clube, no próximo Domingo.) O exemplo do Anderson me fez comprometer em torcer por ele na última partida contra a minha equipa atual, o Boa Vista, por quem comecei a torcer depois de conhecer o Gelson e família (me perdoem! Mas o que o Anderson fez foi demais. Ano que vem eu volto “pra casa!”)
E embora não tenha falado para o Anderson, por causa do exemplo dele, vou também enviar o vídeo para a Comissão Técnica do Cuiabá E.C. que disputa a série B no Brasil, onde um querido amigo e irmão é parte integrante da mesma. Por que? O exemplo dele provou que ele pode ouvir, pode aprender e fazer diferente. Espero que DEUS o abençoe em tudo que vier a fazer. Em Provérbios 9, versículo 8, a Bíblia diz: “Não repreendas o escarnecedor, para que não te odeie; repreende o sábio, e ele te amará.” Foi assim que me senti pelo exemplo do Anderson. Que DEUS o abençoe sempre!
Reverendo Luiz Roberto Nunes
Contato: + 238 998 8146; e-mail: abccaboverde@hotmail.com
Comentários
Avelino Lopes, 10 de Mai de 2025
Parabéns ao articulista e companheiro das lides federativas do desporto olímpico cabo-verdiano. Fico reconfortado pelo comportamento do Anderson, contrariando a atitude habitual dos jovens dos nossos tempos que, perante uma tentativa de correção do tipo, a reação habitual e a ofensa.
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SILENO SOUZA, 10 de Mai de 2025
O exemplo é ainda hoje a maior influência no meio da sociedade Pastor Luís Nunes. A disciplina leva os atletas a serem referência para gerações, Parabéns ao jovem futebolista pela atitude quase extinta. Deus os abençoe !
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