Nardi Sousa publica reflexão sobre ataque político contra autarca Tarrafalense
Ponto de Vista

Nardi Sousa publica reflexão sobre ataque político contra autarca Tarrafalense

Uma pequena reflexão a propósito do ataque político do Deputado José Soares ao atual Presidente da Câmara Municipal do Tarrafal:

«Meus caros... o problema do Tarrafal não vem de hoje... estão a atacar o presidente da câmara municipal como um dos culpados pelo atraso do Tarrafal. Legítimo, porque é o representante máximo a nível do poder local.

Mas vejamos:

i) Tarrafal é visto como uma 'pérola' de Santiago, mas nunca os governos centrais (Carlos Veiga, José Maria Neves e Ulisses Correia e Silva) o trataram como tal;

ii) os financiamentos e projetos estruturantes vão para Boa Vista, Sal, S. Vicente, Praia, e hoje até para Calheta S. Miguel, etc;

iii)a Câmara Municipal do Tarrafal tem cerca de 700 a 800 trabalhadores, uma herança pesadíssima (de João Domingos e do pupilo dele José Soares - deputado nacional), que deixaram ao atual presidente. Um problema muito sério, porque não se pode despedir centenas de pessoas (chefes de família) sem um plano/projeto de indemnização;

iv) O antigo presidente da CMT vendeu as ações da Sociedade Cabo-verdiana de Tabacos, que dava há dez anos cerca de 15 mil contos/ano, um ativo para a CMT negociar empréstimos junto da banca. Essas ações valeriam hoje cerca 24 mil contos/ano. A CMT não tem dinheiro para pagar o salário de toda essa gente. Tem de ir ao Banco todos os meses para poder cumprir com isso, quase 5 mil contos/mês. Herança pesada;

v) O José Soares deputado, teve dois mandatos e também deixou pesadas heranças para o atual pelouro da cultura, algumas dívidas com festivais e que só foram pagas agora (o atual vereador David Soares pode informar melhor), para além de ter contribuído e lutado para que a CMT mandasse todos os anos centenas de jovens estudantes para Portugal, mesmo antes de concluírem o liceu. E muitos ficaram em situações difíceis que todos conhecemos, com uma agravante de as escolas locais e universidades, hoje, terem menos alunos a quererem estudar em Cabo Verde. Aliás esta prática é geral, várias câmaras fazem isso;

vi) O MPD ganha eleições em 2016 e os tarrafalenses acreditaram que seria desta vez que o governo iria investir em projetos estruturantes, nada! Ficaram a ver navios;

vii) Há informações que um deputado nacional do Tarrafal disse ao vice-primeiro ministro para não investir no tarrafal porque o atual presidente é do PAICV. Se for verdade é gravíssimo;

viii) De facto, depois de 25 anos do governo local do MPD, os militantes e simpatizantes já viram que as coisas não correram bem;

Agora passar a responsabilidade para uma única pessoa, é um ato de cobardia e pouca solidariedade intra-partidária. Lembro-me de quando os ex-presidentes das Câmaras Municipais das ilhas do Maio e Boa vista, que ficaram quase 4 mandatos cada e que quase nada fizeram, a não ser venda de terrenos, nenhum deputado nacional ou local os veio destratar dessa forma.

É uma pena que alguém, enquanto miúdo, que corria 'atrás' do atual presidente, e que aprendeu a ler com ele, porque foi professor dele, o venha atacar de forma vil só porque tem sede do poder. Sem valores como respeito, honestidade, seriedade, ética não vamos lá. Desta forma Tarrafal nunca irá se desenvolver.

É preciso analisar juntos, mesmo na divergência político-ideológico, mostrar união em prol do Tarrafal. É verdade que a CMT não tem a melhor equipa, mas culpar uma única pessoa, sem apontar o dedo aos governos centrais e as heranças pesadas do passado (erros como a do Baía Verde, por exemplo, que bloqueou o desenvolvimento do turismo no Tarrafal e a venda das ações da Sociedade Cabo-verdiana de Tabacos) é um ato de cobardia tão grande que mostra que tipo de gente e cidadãos somos.

Muitos que hoje criticam abertamente o presidente têm consciência do que fizeram por Tarrafal e que benefícios pessoais e familiares tiraram no passado. Todos têm defeitos e fraquezas, mas uma coisa deve-se reconhecer no atual presidente da Câmara Municipal do Tarrafal: é um homem sério e honesto. E é preciso dizer publicamente. Porque o que é bom também deve ser dito. Que todos apoiem Tarrafal: o Governo central, os deputados, os eleitos locais, os militantes, os simpatizantes, os munícipes, a diáspora. Quando todos apoiarem, peçam a fatura e fiscalização porque é, e será, justo agir dessa forma.»

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