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Movimento “Resgate da OAC” escreve carta aberta a Vice-presidente
Ponto de Vista

Movimento “Resgate da OAC” escreve carta aberta a Vice-presidente

Exmo. Sr. Vice-presidente da OAC

António Jorge Delgado

Finalmente vossa excelência mostrou as suas verdadeiras cores. As cores da traição.

Depois de ter assinado todos os documentos que nos enviou desde Janeiro como Vice, eis que finalmente revelou ao que veio: Assim que lhe comunicámos, no último documento que lhe enviámos, que iríamos tratar tudo o que dissesse respeito ao processo eleitoral com o Presidente da Mesa da AG, Frederico Hopffer Almada, você entrou no típico desespero dos Vices: Eles, infelizmente, nunca têm real poder.

E, NA FORÇA DESSE DESESPERO, PASSOU A ASSINAR COMO PRESIDENTE E COMETEU JUSTAMENTE O ERRO QUE NÓS SABÍAMOS QUE IRIA COMETER. Não está a ver qual? Dizemos-lhe: Você iniciou o processo eleitoral como Vice-presidente e o concluiu como “Presidente”.

(E depois ainda há gente com lata para dizer que nós é que estamos a dar golpe de estado!)

Evidentemente, a farsa da eleição de ontem não tem pernas para andar e você sempre soube disso.

Vale, no entanto, fazer uma pequena resenha do seu percurso desde que em Janeiro resolveu entrar na cruzada temerária de branquear César Freitas, manchando assim para sempre o seu nome junto dos Arquitectos caboverdeanos. Recordar-se-á certamente de que lhe dissemos, perante toda a classe, que esse era um empreendimento perigoso e que você estava a entrar nele por sua própria conta e risco.

Com a falinha mansa de que vinha para ser parte da solução e nunca parte do problema, você se revelou ser o mais vil dos personagens desta farsa. Apesar de o termos avisado em termos muito claros que a sua aventura era perigosa, mesmo assim nós lhe demos o benefício da dúvida porque nós, os arquitectos que buscam a sua dignidade pessoal e profissional, somos os mais incomodados com a situação podre que hoje abraça totalmente a nossa Ordem e o exercício da nossa profissão devido à incompetência, incúria e corrupção dos senhores que responderam pela OAC nos últimos sete anos, estávamos, como ainda estamos, ansiosos por ver ultrapassada esta triste fase da história da OAC, com estes dois mandatos de César Freitas, de maldita memória.

Mas você, que nunca nos enganou, perdeu esse benefício da dúvida logo em Março, quando mesmo depois de ter sido avisado por nós que o âmbito da sua intervenção como Vice-presidente era exclusivamente organização da eleição dos novos corpos gerentes, avançou e, contrariamente ao nosso pedido para arrepiar caminho, aprovou as contas de gerência de 2016, uma tentativa descarada e desavergonhada de branquear César Freitas e Pedro Bettencourt, este mesmo que em 20 de Outubro de 2016 confessou a todos nós que enquanto Presidente da Conselho Fiscal, se esquecera de que foi eleito em 2013, citando as suas próprias palavras num e-mail enviado a toda a classe, «Que eu saiba não faço parte do CDN, nunca tomei parte em qualquer corpo directivo e nunca participei nas decisões da OAC, comandada pelo César nos últimos 3 anos». Mentindo com todos os dentes que tem na boca, nessa altura tentava se afastar de César a ver se enganava os arquitectos.

Ora, todos os arquitectos sabem que os senhores César Freitas e os dois remanescentes do Conselho Directivo (Job Amado e Manuel Barradas) aproveitaram o “esquecimento” do Presidente do Conselho Fiscal para “fazerem o pino” com os dinheiros dos Arquitectos, com as inúmeras viagens de auto-promoção do sr. César por todo o mundo e outras negociatas, “Loja da OAC” e “Casa da Arquitectura”, apenas para citar estas duas.

Ou seja, mesmo sabendo que o Conselho Fiscal da OAC nunca funcionara desde 2013, você colaborou na tentativa de branquear a corrupção de César Freitas e os seus dois comparsas restantes do Conselho Directivo e a irresponsabilidade de António Pedro Bettencourt. E isto mesmo sabendo que o grande número de arquitectos que querem o resgate a dignificação da OAC têm feito, desde sempre, da solicitação de uma auditoria às finanças da Ordem dos Arquitectos, um ponto de honra inegociável.

E, ao mesmo tempo que encobria todos os senhores que agora foram “eleitos” (onze destes “novos” dirigentes são membros da equipa de César Freitas eleitos em 2013) você colaborava com o César Freitas e Pedro Bettencourt na tarefa de amordaçar o resto da classe recusando convocar duas Assembleias-gerais que um grupo alargado de membros lhe solicitou em Fevereiro e Março deste ano.

De modo que esta “eleição” do dia 29 de Outubro não passou de uma tentativa desesperada de os principais senhores que desgovernaram a OAC nos últimos sete anos, num clima de extrema corrupção e abuso de poder, se refugiarem e porem-se a salvo do apuramento das suas responsabilidades, pois nesse mesmo email de Outubro de 2016, Pedro Bettencourt confessava ainda: «Mas quero dizer a todos, em alto e em bom som, que sou amigo, tenho todo o respeito e apreço aos colegas Job Amado e Manuel Barradas e, tanto quanto eu sei, este há muito tempo que abandonou a equipa do César, conjuntamente com outros colegas de S. Vicente e da Praia

Ou seja, quase todos os membros da Direcção eleita em 2013, cometeram o erro de abandonar (em protesto pelo comportamento deontológico miserável do sr. Cesar Freitas) em silêncio e em segredo as responsabilidades que lhes foram confiadas quando se candidatarem voluntariamente, sem terem tido a inteligência e a seriedade de informar a classe dessa sua decisão, deixando a OAC nas mãos de quatro pessoas! Por esse documento do sr. Pedro Bettencourt pode-se ver (para desgraça nossa, nós que nos preocupamos com ela) a palhaçada que foi a OAC desde 2013, e por que razão metade desses dirigentes irresponsáveis procuram agora refúgio numa lista única eleita num processo extremamente fraudulento, em que se violou descaradamente o Estatuto e o Regulamento Eleitoral.

Este documento visa informar o povo caboverdeano, que (ao contrário da propaganda e mentiras veiculadas na Televisão de Cabo Verde pelo César Freitas, propalando que “todos os órgãos da OAC funcionam na normalidade”) nenhum órgão da OAC tem funcionado na legalidade e normalidade, desde 2014.

Vossa excelência olimpicamente ignorou as duas exigências inegociáveis que temos colocado desde o início do processo eleitoral: A realização de pelo menos três debates entre os candidatos a Bastonário e a publicação dos nomes dos integrantes da Comissão Eleitoral que o devia ajudar no processo, dada a situação precária da Mesa da AG, que se tornou palco de um “one-man-show” desde que vossa excelência entrou na aventura perigosíssima (e hoje, claramente suicida) de branquear César Freitas e Cia.

Mas obviamente, que essas duas exigências vão ser respeitadas mesmo contra a sua vontade. A sua arrogância em pretender julgar da validade de listas no concernente ao pagamento da quota profissional sem ter a sua situação regularizada, marcará para sempre a sua triste e patética prestação neste episódio para esquecer da história da nossa nobre Ordem

Dito isto:

Muitos colegas enviaram o seu voto por correspondência para o Presidente da Mesa da AG, Frederico Hopffer Cordeiro Almada e, obviamente, por esta altura, certamente vossa excelência e os "novos eleitos" já terão percebido que os resultados ora declarados como provisórios vão permanecer para sempre assim mesmo: PROVISÓRIOS. Ninguém pode assumir cargos na OAC enquanto TODOS os votos não forem contados.

Quer isto dizer que não reconhecemos a essa lista “Vez e Voz” idoneidade para nos representar, sobretudo porque o Sr. António Pedro Bettencourt, por ter fugido às suas responsabilidades enquanto Presidente do Conselho Fiscal, obriga-nos agora a ter que mandar efectuar uma profunda auditoria externa às finanças e ao património da Ordem, seriamente delapidados nos últimos quatro anos.

Praia, 30 de Outubro de 2017

Os patrocinadores do Movimento “Resgate da OAC”, todos subscritores do abaixo-assinado online em http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT86620

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Redação