Estado, Geopolítica e Geoeconomia versus seu Statu Quo: A Relevância da performance financeira e bélica de um Estado [I]
Ponto de Vista

Estado, Geopolítica e Geoeconomia versus seu Statu Quo: A Relevância da performance financeira e bélica de um Estado [I]

"Não conheço a posição de Cabo Verde, face ao conflito, a nível da europa de leste, nem tão pouco, com relação ao mais recente, desencadeado no Médio Oriente, o que não me vejo no lugar e no direito de condenação da postura [posição] política de nossas elites [político] governamentais. A meu ver, é sempre bom que CV se posicione no lado certo da história, isto para lembrarmos dos termos da “Conferência de Bandung” [Indonésia] de 1977, relacionada com a Política de não Alinhamento, durante o clima da Guerra-Fria."

[...] Se existem questões muito relevantes em matéria de construção, crescimento, assim como de manutenção da estabilidade económica e social de um Estado, assim como da sua defesa e proteção, são aquelas relacionadas com a pujança da sua economia, onde as finanças públicas têm um papel crucial, pelo valor acrescentado face à garantia da sua sobrevivência.

 

[Grifo Meu] 

 

        A partir do primeiro quartel de 2022, ficou estagnada a minha habitual abordagem sobre a geopolítica [uma ciência], com o acontecimento que marcou o regresso do resfriamento da economia mundial [ou seja, a ameaça da sua instabilidade económica a nível global], após a pandemia da covid-19, tendo a ver com o conflito surgido na europa de leste, com repercussão negativa, mormente a nível do continente africano e de Cabo Verde, em particular. Isto é, a sublinhar sobre a minha decisão, voltada para essa pausa, devo dizer que me senti no direito e no dever de me retirar, face à faculdade de opiniões inerentes a essa temática, ou seja, no tangente aos termos da atual conjuntura geopolítica mundial, ditada pela mais grave crise diplomática dos últimos tempos.  Crise essa que, como sabemos, veio traduzir em consequências nefastas para a economia global, embora em determinados momentos, Eu tivesse pronunciado sobre os contornos geopolíticos do desporto, para mostrar o quão importante constitui a eficácia do investimento no setor desportivo e, mais concretamente, no das artes marciais [Boxe/UFC- os mais populares], do ponto de vista da promoção do “Show Business” e, obviamente, da circulação ou atração de capitais e, com ela, a promoção do marketing desportivo, reforçando a conquista de sonhos milionários, no contexto de garantia da liberdade ou prosperidade económico-financeira dos profissionais, afetos a essas modalidades desportivas, bem como de seus promotores e/ou empresários, com a consequente capacidade instalada em torno de investimentos, a nível de seus países de origem. Tudo isso, em defesa da segurança competitiva de determinados desportos de combate, em prol do fortalecimento da competitividade económica de qualquer Estado.

        Mas porquê desse silêncio, em torno do debate sobre a conceção atual da geopolítica? Deixei de emitir opiniões atinentes a essa disciplina científica, porque simplesmente, Eu estaria a tocar num assunto muito sensível, evitando ser suspeito, considerando o meu enquadramento ou formação académica, do ponto de vista geográfico. Então preferi, simplesmente, me calar, numa perspetiva de defesa da minha neutralidade [política], enquanto cidadão comum. Sim, eu não gostaria de me colocar do lado de nenhuma das partes envolvidas em conflito e nem de interesses legítimos de seus aliados, mas sim, do lado da paz, da reconciliação, em prol da defesa da estabilidade económico e social que todos almejamos. Até porque, a continuar esta tese [abordagem] sobre o contexto geopolítico das coisas, teria o cuidado de prestar declarações que não só me comprometeriam, como simples cidadão, munido de ambições académicas, mas também com relação à posição [ética] do próprio Estado cabo-verdiano a que, penso, todos termos o orgulho e o privilégio de fazer parte integrante. Não, irmãos. Não conheço a posição de Cabo Verde, face ao conflito, a nível da europa de leste, nem tão pouco, com relação ao mais recente, desencadeado no Médio Oriente, o que não me vejo no lugar e no direito de condenação da postura [posição] política de nossas elites [político] governamentais. A meu ver, é sempre bom que CV se posicione no lado certo da história, isto para lembrarmos dos termos da “Conferência de Bandung” [Indonésia] de 1977, relacionada com a Política de não Alinhamento, durante o clima da Guerra-Fria. É certo que muitos anos se passaram, mas na minha visão analítica, é sempre bom consideramos esse aspeto histórico, pensando nos interesses [geo]estratégicos deste Estado. Deste modo, estaríamos a evitar a má interpretação, vinda tanto da Ucrânia, quanto da Rússia e ambos os seus aliados.

        Porém, este artigo não tende a debruçar sobre essa temática, em particular, mas sim sobre o papel de um Estado, a nível da sua própria afirmação [transformação] socioeconómica no mundo, conforme traduz este título, uma vez se tratando de uma temática, voltada para a revelação da importância das Finanças públicas [ou seja, da própria instituição “Ministério das Finanças”], enquanto epicentro do Estado e sua economia [como moderador da economia de uma nação], pelo seu papel e sua relevância, em matéria do próprio funcionamento do Estado [i.e, do seu papel ou responsabilidade, face à mobilização de recursos destinados ao funcionamento da economia]. Mas sim, ele [o título deste texto] resume-se à ideia de que o Estado se emerge de uma simples lógica da sua existência, ou seja, do simples âmbito da sua criação, à sua afirmação nos contextos político [onde a sua soberania constitui um valor supremo], geopolítico e geoeconómico [ou seja, o âmbito económico-financeiro] e social. Isto é, onde os valores da sua performance existencial, bem como da sua afirmação nos contextos geoeconómico e geopolítico locais ou mesmo global, são considerados relevantes, não só do ponto de vista do seu desenvolvimento, mas também da sua dinâmica ou capacidade influenciadora [o quadro político-financeiro, por exemplo], estando ligada à atração de interesses externos que, por vezes, ultrapassam o próprio âmbito nacional ou regional. É o que chamamos, na linguagem política, de “Status Quo”, cujo poder ou capacidade financeira de um Estado, constitui a condição sine qua non da sua existência, transformação e/ou desenvolvimento [económico e social].

         À consideração supra, podemos afirmar que um Estado, no âmbito da sua esfera de influência, do domínio regional, tende a fazer erguer ou respeitar a sua capacidade interventiva financeira, sobretudo, localmente [a nível da comunidade económica regional, associada, p.ex]. Ele deve ter, sim, a capacidade de o fazer, em nome dos valores ou performances geoeconómica e geopolítica, conquistadas ao longo do processo da sua existência ou afirmação, enquanto Estado soberano. Nesta ótica, considerando a importância desses fatores, em termos do próprio modus operandi [ie, ação e funcionamento de um Estado], podemos admitir que o Estado está para a geopolítica e geoeconomia, assim como a geopolítica e os valores de foro [geo]económico estão para esse organismo, responsável pelo funcionamento, regulamento e gestão de uma determinada sociedade [o Estado]. Isto, para dizer que, quanto mais forte for um Estado, mais [in]segura será ou estará o seu povo, em decorrência da [in]eficácia da sua atuação ou intervenção geopolítica e/ou económica. Essa colocação [isto é, essa ambiguidade) transmite a ideia da condição positiva [well fare state] que um Estado forte pode proporcionar, nos termos da sua estabilidade económico e social, assim como da negativa, resumindo, por sua vez, à sua instabilidade, movida pela [sua] ação provocadora do entrave ao seu próprio desenvolvimento, num determinado momento da sua história. Obviamente, por geração de ameaças ou insegurança à sua população. Ora, já percebemos que, quanto à necessária performance financeira e bélica de um Estado, o setor financeiro, por suas ligações ou atrelagem [ou seja, gerido e controlado] aos Ministérios das Finanças e da Defesa [este último, sendo dependente do primeiro], respetivamente, são extremamente importantes para fazer manter o seu Status Quo, apesar de eventuais crises que possam surgir, num determinado momento da sua história, pela disponibilidade ou não, de recursos responsáveis, pela garantia da sua sobrevivência, através da segurança dos mecanismos de defesa e proteção do seu povo, contra eventuais ataques de inimigos. Daí que o setor financeiro, sendo o epicentro do próprio Estado, se torna cada vez mais importante e necessária para o funcionamento do mesmo, bem como da garantia do bem-estar da sua população, a quando da eventualidade de uma verdadeira crise, tanto na esfera local, como global.

         Podemos verificar o que tem sucedido, a nível global, com a mais memorável crise pandémica, onde nem os Estados fortes [países ricos e fortemente industrializados, a exemplo dos EUA, Rússia, China, Inglaterra, Alemanha e França, entre outros] se mostraram tão eficazes e autónomos, face ao combate dessa crise sanitária. Estamos a falar, neste caso particular, da covid-19, algures mencionada neste texto, o que acabamos por ver, o quão importante constitui a questão diplomática, ou seja, o valor e o papel que assume a “Diplomacia” [relações diplomáticas], no contexto da superação de eventuais crises [sanitárias, neste caso particular]. Por um lado, Cabo Verde, não obstante os constrangimentos então existentes, imprimiu uma dinâmica muito importante, em torno de afirmação da sua capacidade de resposta às demandas então existentes, graças, inclusive ao que soube preservar e cultivar, do ponto de vista do funcionamento da sua diplomacia, ie, do seu capital diplomático, conquistado ao longo do tempo da sua existência, enquanto Estado soberano, independente e democrático. Mas, por outro lado, o país também percebeu da necessidade do reforço ou da garantia de uma maior eficácia do seu capital [estrutura] financeiro, em prol da melhoria contínua da sua capacidade de resposta. Portanto, isto prova, irmãos, o quão relevante constitui o setor financeiro, numa perspetiva da construção, funcionamento e segurança do próprio Estado, como já ecoado, aqui, noutras expressões. [...]. Em nome e em defesa do desenvolvimento!

 

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