Em todos os sectores públicos temos assistido a um retrocesso normativo e na dificultação competitiva, difíceis de entender e muito mais de aceitar. Os princípios e tácticas aplicadas por David contra Golias são inspiradores e, mais do que isso, dão-nos a convicção de que nenhum gigante pode estar descansado enquanto houver pastores que sabem usar bem a funda.
Crédito: Lino Carvalho
A parábola de David e Golias (Bíblia, 1 Samuel -17), conta o episódio de um pequeno pastor de Judá, que lutou e derrotou um gigante guerreiro filisteu só com uma funda*.
Na luta de David contra Golias, obviamente o primeiro está condenado a perder e o segundo a vencer, pelas visíveis diferenças entre os dois.
Projectando essa estória para situações do nosso quotidiano, muitas pessoas superam grandes desafios apesar das suas limitações e desvantagens. Mesmo quando os desafios são aparentemente intransponíveis, podem ser vencidos com sabedoria, determinação e uma boa estratégia, tal como aconteceu com David na parábola.
São muitas as estórias de supostos “gigantes” que provocam medo e gostam de intimidar os mais “pequenos”, exibindo uma suposta força ou poder.
Mas, na verdade, ao lermos a parábola compreendemos que a força de Golias era também a razão da sua fraqueza. Ou seja, o excesso de confiança e a desvalorização de um qualquer adversário, pode ser fatal em quaisquer tipos de confrontos. Os “gigantes” nunca são tão fortes e poderosos quanto parecem e por vezes, o pequeno pastor traz uma funda escondida no bolso.
Ninguém é melhor do que ninguém em tudo. O importante é identificar os nossos pontos fortes e, principalmente, saber identificar as oportunidades e as ameaças que encontramos pela frente.
Há alturas na vida que devemos focar só na árvore e não na floresta. O mesmo se passa na política e no exercício dos direitos de cidadania e no Activismo social.
É comum vermos serem subestimados os (aparentemente) mais fracos pelos (aparentemente) mais fortes. Refiro-me a todas as acções desenvolvidas pelo cidadão comum na oposição e exposição de não conformidades e de incumprimento de promessas eleitorais; na disputa eleitoral entre os pequenos partidos e os grandes partidos do sistema que tudo fazem para “eliminar a concorrência”.
Temos notado isso relativamente ao grupo de Activistas caboverdianos no qual, ORGULHOSAMENTE, faço parte e nos Sokols, que estão no terreno e são alvos de todo o tipo de injúrias dos que se acham Grandes mas que não são grande coisa.
O objectivo do Activismo é obrigar os órgãos centrais e locais do Estado a cumprirem a sua agenda política, lutar pela dignidade, pela igualdade e justiça social, exigindo transparência na utilização de dinheiros públicos e na prestação de contas.
Em todos os sectores públicos temos assistido a um retrocesso normativo e na dificultação competitiva, difíceis de entender e muito mais de aceitar.
Os princípios e tácticas aplicadas por David contra Golias são inspiradores e, mais do que isso, dão-nos a convicção de que nenhum gigante pode estar descansado enquanto houver pastores que sabem usar bem a funda.
E, o mais importante é que o Activista não procura Fama. A força propulsora está no bem estar de todos e na determinação de fazer cumprir a lei e as obrigações do Estado.
FORTE APLAUSO
“Underdog”: termo usado nos países anglófonos para designar o perdedor esperado de uma competição (geralmente política, desportiva, artística ou literária).
“Funda”: Tira de couro ou de materiais como juncos, tendões ou peles de animais. Na parte central, mais larga, era colocado o objeto que se desejava atirar, geralmente uma pedra. Uma ponta da funda era presa à mão ou ao pulso do atirador, e a outra era segurada na mão e solta ao girar a funda.
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