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Cabo Verde, tráfico de haxixe e o conflito israelo-palestino
Ponto de Vista

Cabo Verde, tráfico de haxixe e o conflito israelo-palestino

Os traficantes de haxixe em Marrocos travam uma guerra da qual ainda não sabemos nada, com consequências terríveis e imprevisiveis.

Marrocos é conhecido como um dos principais exportadores de haxixe no mundo, e apesar de ser ilegal, o comércio prospera mesmo com os esforços do governo para combatê-lo, resultando na apreensão de toneladas desse alucinogénio nos últimos meses. Porém, os grandes chefões permanecem intocáveis, porque suas redes são impenetráveis.

Os traficantes de haxixe no Marrocos decidiram não lidar com os traficantes de haxixe em Israel e já interromperam a exportação para esse país. A questão aqui é: porquê? A resposta dos dealers marroquinos é que há massacres em Gaza e que os comerciantes no Marrocos se opõem ao que Israel está fazendo nessa cidade palestina, incluindo matança, deslocamento de pessoas, bombardeios e destruição nos últimos quatro meses.

Esta decisão é real porque nenhum outro país foi capaz de tomá-la, nem os Emirados Árabes Unidos, nem a Arábia Saudita, nem a Jordânia, nem o Egito. Por exemplo, o Egito fecha a passagem de Rafah para os palestinos por ordem de Netanyahu, e nenhuma ajuda pode entrar sem permissão de Israel. Nenhum país cortou os laços económicos, comerciais ou diplomáticos com Israel.

Até a Turquia exporta produtos para Israel, a Jordânia participa como ponte terrestre, e os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita estão na mesma linha. Há também navios egípcios que saem de Port Said transportando mercadorias para Tel Aviv.

Nenhuma nação árabe ou islâmica tem um pingo de dignidade; é uma mentira para os seus povos e o engano pode fazer qualquer coisa. Mas os traficantes de haxixe no Marrocos, que operam de forma ilegal, assumiram uma posição que nenhum governante árabe conseguiu; devemos aplaudi-los e cumprimentá-los, ou agradecê-los? Na verdade, minha reverência, a democracia é a solução direta.

A estratégia dos traficantes marroquinos cortarem o envio de haxixe a Israel, onde são muito consumidos, pode ajudara explicar a redistribuição dessa droga feita a partir da cannabis a vários outros locais, incluindo Cabo Verde. Nos últimos tempos tem-se notado, ou melhor existe uma segura percepção, de que há um aumento do consumo de haxixe na Praia, testemunhável nas ruas por exemplo do Palmarejo e outros bairros. Não é, portanto, de descurar que seja haxixe marroquino a aterrar com peso em Cabo Verde, sobretudo agora que os cidadãos dos dois países tão-pouco precisam de visto para viajar.

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