Afinal João Santos Luís só se vai apresentar como candidato à liderança da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID) por causa de “fortes pressões” de António Monteiro. O actual presidente, dizem fontes do Santiago Magazine, não quer perder o controlo e deixar transparecer “podres”, pelo que tentará fazer do seu braço direito o novo presidente da UCID, “como forma de manter aquela que tem sido a linha de gestão partidária adotada por eles”.
Segundo nos confidenciam fontes perto desses dois atuais membros da direção cessante, António Monteiro já se mostrou indisponível para se candidatar, mas não quer que o partido venha a ser liderado por alguém que não seja da sua total confiança. É aí que entra em cena o atual vice-presidente João Santos Luís.
“Há uma forte pressão de António Monteiro sobre João Santos Luís para que ele se candidate. Santos Luís já se tinha manifestado, em várias ocasiões, indisponível para liderar o partido porque queria estar fora da política ativa por alguns anos, mas, perante a forte pressão que tem sofrido irá aceitar o desafio imposto por Monteiro”, assegura uma das nossas fontes.
Entretanto, sabe este on-line que, tal como António Monteiro parece ter perdido o crédito no seio do partido, a candidatura de João Luís não é vista com bons olhos, uma vez que, segundo apuramos, tudo manter-se-ia na mesma já que ele é tido como o braço direito de Monteiro.
“Os militantes querem mudanças”, frisou o informante, para quem João Santos Luís, caso seja eleito presidente, irá manter tudo como está e António Monteiro continuará a ter quase que o mesmo poder e influência dentro do partido.
”Estão com medo de uma renovação profunda no partido. Não querem perder o protagonismo que durante anos assumiram, nem querem perder a influência que têm. Querem manter as coisas como estão e, para que isso aconteça, João Luís está a ser empurrado para avançar, mesmo sabendo que o partido precisa de um novo fôlego”, afirma a nossa fonte, fazendo saber ainda que o dinheiro que a UCID irá receber no mês de fevereiro, relativo a uma das eleições passadas, poderá estar na origem da vontade de António Monteiro e João Santos Luís manterem o seu domínio no partido.
Outra fonte consultada por Santiago Magazine vai ainda mais longe e assegura que António Monteiro e João Santos Luís só querem manter-se à frente do partido para não terem que prestar contas à uma nova direção que eventualmente possa não estar alinhada com eles.
“Claramente vão evitar prestar contas a todo o custo. Não querem fazê-la e, para isso, de tudo farão para dar continuidade a gestão deles. Estou convicto que muitas manobras serão feitas para eliminar, à partida, qualquer outro possível candidato. É o jogo do vale tudo para perpetuar-se no poder e fazer prevalecer os seus interesses dentro da UCID”, assegura o interlocutor.
O informante, que é militante há mais de 15 anos da UCID, garante ainda que João Santos Luís não tem o apoio da base do partido e que estrategicamente Monteiro irá sair de cena para dar o palco a João Luís.
“Ele (António Monteiro) irá ficar por detrás, sem dar a cara, para que se pense que realmente a candidatura de João representa a necessária e desejada renovação. Dizem basta dos mesmos, mas querem ser sempre eles”, afirma.
Além da possível e quase certa candidatura de João Santos Luís à liderança da UCID, um outro militante do partido também se mostrou disponível para se candidatar. Trata-se do professor universitário Edson Ribeiro, natural da ilha de Santiago, que na sua página pessoal da rede social Facebook mostrou-se disponível e preparado para “unir e impulsionar uma nova dinâmica” no partido, imbuído do espírito de bem servir a UCID e os cabo-verdianos”.
O congresso da UCID está agendado para março de 2022.
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