O presidente da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição) acusou hoje o Governo de estar a ganhar com a crise e se preocupar mais em manter as finanças públicas do que com o povo.
João Santos Luís mostrou esse posicionamento hoje durante uma conferência de imprensa, no Mindelo, para falar uma vez mais sobre o “custo excessivo” de vida em Cabo Verde.
Segundo a mesma fonte, o partido está “preocupado e agastado” com a “postura insensível” do Governo e especificamente do primeiro-ministro, Ulisses Correia Silva, relativamente à subida permanente dos preços de todos os produtos, com destaque para os de primeira necessidade, agravada agora com o aumento do preço do trigo, tanto para utilização doméstica, como para indústria de panificação.
A UCID, lembrou, levou o assunto para debate na segunda sessão plenária de Janeiro último, mas, a questão, ajuntou, “não passou de retórica e tímidos esclarecimentos do primeiro-ministro, e por outro um exercício de negação por parte da bancada do poder”.
Daí, que, considerou João Santos Luís, “não há dúvidas que o Governo está a ganhar com a subida dos preços e só está interessado em regularizar as finanças públicas”.
“Querem manter as finanças públicas lá em cima e o povo aqui em baixo”, acusou a mesma fonte, apontando como exemplo o aumento em 2021 da taxa de importação em 5 por cento (%) a cerca de dois mil produtos, devido ao início da retoma económica e com esta medida o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu a volta dos 7% em 2021 e a previsão de crescimento para o ano de 2022 ultrapassa os 10.
Como explicou, “quanto mais elevado forem os preços dos produtos, maior será a arrecadação de receitas e cobrança de impostos pelo Estado e consequentemente o melhoramento das finanças públicas”.
Daí, o apelo do líder da UCID para se retirar a taxa de importação agora em 2023, como uma das medidas para se “evitar a uma degradação em massa da qualidade de vida da população cabo-verdiana”.
João Santos Luís sugeriu ainda ao Governo, como forma de aliviar a crise económica, de continuar a subsidiação do trigo nos moldes anteriores, contenção dos gastos no funcionamento da máquina do Estado e, em última análise, melhoria da actualização do salário dos trabalhadores.
Isto porque, advogou, as medidas de mitigação anunciadas têm tido um “tímido impacto” na redução dos preços dos produtos, pois, em Cabo Verde existe uma “grande camada da população, com salários de miséria e que não conseguem acompanhar o aumento dos preços da forma como vem acontecendo”.
Para o presidente da UCID, as soluções apresentadas agora estão “muito aquém” do que se pode fazer, ou seja, “o Governo tem margem para ir muito mais longe”.
Sendo assim, João Santos Luís disse esperar com serenidade pela “sensibilidade” de Ulisses Correia e Silva e do resto do executivo para implementarem as propostas do partido.
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