São Vicente/Tempestade: Entre elogios ao Governo, acusações de inércia e críticas à Câmara, deputados divergem
Política

São Vicente/Tempestade: Entre elogios ao Governo, acusações de inércia e críticas à Câmara, deputados divergem

Os deputados dividem-se na avaliação da resposta das autoridades aos efeitos da tempestade de 11 de agosto que, praticamente, destruiu a cidade do Mindelo. PAICV e UCID apontam o dedo ao Governo e à Câmara Municipal, já o MpD elogia as autoridades, mas não deixa de apontar as causas da tragédia, que estão para além da força da natureza e residem na precariedade do ordenamento urbano.

Ao deputado João Gomes coube a tarefa de fazer a declaração política em nome do Movimento para a Democracia (MpD). Eleito por São Vicente, defendeu esta quinta-feira, 09, que a reconstrução na ilha, após a tempestade Erin, deve marcar um ponto de viragem para corrigir fragilidades no ordenamento urbano e reforçar a resiliência das infraestruturas face às mudanças climáticas.

“Reconstruir não é apenas levantar paredes ou repor estradas, é aprender com erros do passado e fazer diferente", disse o deputado, numa alusão às áreas de ocupação desordenadas e a habitações precárias, e considerando que o ocorrido em 11 de agosto “não é apenas resultado da força da natureza, mas também da fragilidade das nossas infraestruturas e da vulnerabilidade do ordenamento urbano”.

Defendendo uma “mudança estrutural na forma como o país planeia as suas cidades e protege as populações”, João Gomes elogiou o Governo ao ter anunciado um plano de reconstrução de cerca de quatro milhões de contos para as ilhas afetadas pela tempestade, dos quais 3,8 milhões serão aplicados em São Vicente, com foco em requalificação de zonas de risco, drenagem urbana, habitação segura e fortalecimento das infraestruturas públicas.

O parlamentar do MpD destacou a “resposta exemplar” das autoridades e da sociedade civil, que atuaram “com rapidez e solidariedade notável” nas operações de socorro, assistência e reconstrução inicial.

Elogiando o Governo e a Câmara Municipal de São Vicente, João Gomes considerou, contudo, que “não se pode permitir que vidas cabo-verdianas sejam novamente colocadas em risco por falta de planeamento, prevenção ou coragem política, e apelou à união nacional e à cooperação internacional para transformar a dor em oportunidades.

Lentidão e desorganização

Por sua vez, João do Carmo do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) reagiu à declaração política do MpD, acusando as autoridades de inércia total, lentidão na distribuição de apoios e desorganização na distribuição, após a tempestade.

O deputado, que é também eleito por São Vicente, defendeu ações que acelerem um processo de reconstrução digno da ilha e que responda às reais necessidades das pessoas, colocando-se à disposição para dar o seu contributo na reconstrução de São Vicente.

Falta de previsão e reação tardia da Câmara e do Governo

Reagindo à declaração política do MpD em nome da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), António Monteiro começou por criticar a falta de informação por parte das autoridades sobre a previsão da tempestade Erin. E apontou o dedo à reação tardia da autarquia e do Governo.

“A Câmara Municipal agiu tardiamente, o Governo agiu tardiamente e não é porque as coisas estão a começar a resolver-se, de forma paulatina, que vamos dizer que o Governo está a agir. Não! As decisões foram tomadas todas tardiamente”, declarou o parlamentar democrata-cristão eleito por São Vicente.

C/Inforpress

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