PAICV responsabiliza Governo pela crise energética e falta de água - e propõe CPI
Política

PAICV responsabiliza Governo pela crise energética e falta de água - e propõe CPI

O PAICV acusou ontem o Governo de má governação e falta de planeamento face à crise de energia e água em Santiago. Carlos Tavares anunciou a proposta de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as causas.

Falando em nome do Partido Africano da Independência de Cabo Verde, o deputado Carlos Tavares disse que o país enfrenta “uma situação de emergência energética”, marcada por cortes prolongados de electricidade que têm comprometido a economia, os serviços públicos e o bem-estar das famílias. Mas, também, se insurgiu contra o deficiente fornecimento de água domiciliária.

“Esta crise não é resultado do acaso, mas sim da falta de planeamento e investimento num setor estratégico. Desde 2016, não foi adquirido um único grupo gerador, e a penetração das energias renováveis caiu de 25 para 18 porcento (%)”, afirmou o deputado eleito por Santiago Sul.

O parlamentar do principal partido da oposição acusou o Governo de “má governação” e criticou o “silêncio do primeiro-ministro”, Ulisses Correia e Silva, perante o que classificou como “um colapso do sistema energético nacional”, considerando inaceitável a ausência de uma resposta política coordenada.

Silêncio de Ulisses é inconcebível

“É inconcebível que o chefe do Governo não tenha dirigido uma única palavra aos cabo-verdianos em meio a esta crise. Isso revela falta de liderança e desresponsabilização”, acusou o deputado e líder da Comissão Regional de Santiago Sul do PAICV.

Carlos Tavares destacou, ainda, que os cortes de energia têm causado prejuízos materiais e psicológicos, afetando famílias, pequenos negócios e instituições públicas, e advertiu que a escassez de água se agrava com os mesmos problemas estruturais.

“Há comunidades que ficam dias sem água, mesmo pagando faturas mensais. É uma situação injusta, desumana e perigosa, agravada por riscos de contaminação na rede pública”, alertou o deputado.

Carlos Tavares defendeu uma resposta “urgente e estruturada”, com medidas que reforcem a resiliência do sistema energético e promovam a modernização do setor, incluindo investimentos em energias renováveis e fiscalização mais rigorosa por parte das autoridades.

O deputado anunciou, por outro lado, que o PAICV vai propor a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as causas e responsabilidades da atual crise energética, “em nome do interesse nacional”.

Um novo rumo para o país

Entre as recomendações apresentadas, o PAICV propõe o aumento da capacidade dos geradores de reserva, a criação de uma célula de coordenação interinstitucional permanente e a compensação financeira das famílias e empresas afetadas pelos “apagões”.

“O país precisa de um novo rumo. Um Governo capaz de planear, prevenir e garantir o acesso digno à energia e à água, pilares fundamentais do desenvolvimento”, concluiu Carlos Tavares.

MpD reconhece crise, mas critica PAICV

Em reação à declaração política do PAICV, o líder da bancada parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD), Celso Ribeiro, reconheceu que a população de Santiago passa neste momento por uma situação difícil de crise energética, mas criticou o PAICV de tirar proveito político.

“Gostaríamos de reafirmar que temos confiança no nosso Governo, nos nossos técnicos, que tem trabalhado 24 horas por dia com apoio dos técnicos que forneceram as máquinas que temos a funcionar aqui, o que demonstra a preocupação do Governo na resolução deste problema”, disse Ribeiro, lembrando que foram adoptadas medidas para minimizar os impactos da crise energética.

Responsabilização pelas falhas

Por seu turno, o deputado António Monteiro da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID) defendeu a responsabilização pelas falhas no fornecimento de energia na Praia, lembrando que avarias em equipamentos são naturais, mas que a manutenção preventiva deve ser feita a tempo para evitar crises como a actual.

C/ Inforpress
Foto: Captura de imagem / Facebook

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SOBRE O AUTOR

Redação

    Comentários

    • Casimiro Centeio, 10 de Out de 2025

      Ulisses fez promessas até aos LAGARTOS de Sta. Luzia. Até às CAGARRAS de Sta. Luzia. Mas o problema não é fazer promessas, mas a intenção de cumpri-las, o que nunca aconteceu.

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