Orlando Dias, candidato a presidente do MpD nas eleições internas de 16 de Abril, disse esta sexta-feira, em conferência de imprensa, que o Gabinete de Apoio ao Processo Eleitoral do partido terá entrado no “caminho da manipulação de factos e do falseamento dos próprios Estatutos do MpD”, se tornando numa “espécie de ‘mandatário’ da candidatura” de Ulisses Correia e Silva, que esta semana rejeitou participar num debate contra o seu adversário e sem apresentar qualquer justificação. Há denúncias de ameaças e intimidações aos apoiantes de Orlando Dias, que apontam dedo cúmplice ao próprio GAPE.
“Parece-nos haver alguns equívocos associados à recente conferência de imprensa do GAPE (Gabinete de Apoio ao Processo Eleitoral), que avançou duas imprecisões: 1. O GAPE, ao contrário do que foi dito, não recebeu uma lista de candidatos a delegados à Convenção Nacional de maio, mas sim, 22 listas, correspondentes aos vinte e dois municípios de Cabo Verde, mais as listas da diáspora; 2. Tão-pouco, as listas de candidatos a delegados podem ser apresentadas pela candidatura de Ulisses Correia e Silva a Presidente do MpD, como aliás vem bem expresso nos Estatutos do Partido”, começou por apontar o candidato à liderança do partido ventoinha na comunicação fera esta manhã aos jornalistas.
Segundo Orlando Dias, “o GAPE, eventualmente por precipitação, não pode fazer parecer que entrou no caminho da manipulação de factos e do falseamento dos próprios Estatutos do MpD, ao mesmo tempo que não pode sugerir, por imprevidência, ser uma espécie de “mandatário” da candidatura do nosso adversário interno, já que, consciente ou inconscientemente, entra na narrativa manipuladora dos prosélitos do ainda Presidente do MpD”.
“Não podemos permitir que, por razão de dois equívocos, a credibilidade do GAPE possa ser questionada – o que seria muito mau para o Partido - e levantaria sérias suspeições sobre a condução de todo o processo eleitoral”, acrescentou.
Este posicionamento tem a ver com a informação do GAPE de que a candidatura de Orlando Dias não apresentou qualquer lista de delegados à Convenção. E Dias respondeu assim: “O Candidato Orlando Dias não apresentou (nem tinha que apresentar) qualquer lista de candidatos a delegados à Convenção Nacional, e por uma razão bem simples: ao contrário dos nossos opositores, a que o GAPE, consciente ou inconscientemente, dá agora cobertura, esta candidatura, pese a circunstância de não se rever completamente neles, cumpre escrupulosamente o que vem disposto nos Estatutos do MpD”.
“De todo o modo, estamos em condições de dizer que, em vários municípios, um número expressivo de apoiantes da nossa candidatura integra as listas de candidatos à Convenção Nacional, não sendo de todo impróprio admitir que o nosso adversário interno possa ter uma também expressiva surpresa no decurso da assembleia magna do MpD… e chegar à conclusão que o que tinha por certo resvalou para o incerto”, provocou, confiante, o politico santacruzense.
Dias espera contar com o apoio de todos caso vença a disputa interna. “Vencendo Orlando Dias as eleições internas – e independentemente da correlação de forças -, não é de crer que a Convenção Nacional não alinhe com a Moção de Estratégia e o projeto de alteração dos Estatutos do líder eleito. O mesmo se verificando caso o resultado eleitoral seja outro. É isso que nos diz a história das convenções nacionais do MpD”, sublinhou, para mais à frente reforçar que “esta manipulação e mistificação em torno da eleição de delegados teve terreno fértil na própria data das eleições, já que as eleições para Presidente do MpD e de delegados à Convenção Nacional, deveriam ter sido marcadas para datas diferentes, conquanto os boletins de voto sejam autónomos”.
DN acusada de ilegalidades, GAPE envolvido em ameaças e intimidações
De acordo com Orlando Dias “o GAPE, ao mesmo tempo que diz estar tudo a correr dentro da normalidade, alega que não há atropelos às normas internas, numa alusão ao Regulamento Eleitoral, aprovado pela Direção Nacional do MpD, que manchou irreversivelmente a credibilidade deste órgão, e que mereceu da nossa parte uma queixa junto do Tribunal Constitucional, do qual aguardamos decisão a todo o momento”, notando o político que desafia UCS, que “efetivamente, a anormalidade de todo o processo eleitoral é inaugurada com a aprovação do citado regulamento, em violação flagrante dos Estatutos do MpD e do Código Eleitoral de Cabo Verde, conforme tivemos ocasião de denunciar oportunamente”.
Segundo Dias, a ilegalidade de todo o processo “é comprovável pela simples consulta dos Estatutos, que o GAPE diz cumprir, e do Código Eleitoral, a que o mesmo GAPE diz recorrer em caso de dúvida”.
“O GAPE, por uma questão de credibilidade (que todos desejamos), deveria investigar em que circunstâncias vários proponentes da nossa candidatura foram contactados telefonicamente com ameaças e tentativas de intimidação por apoiarem Orlando Dias. E deveria investigar, já que apenas esta candidatura e o GAPE têm acesso aos nomes e contactos dos proponentes, pelo que o vazamento de dados só pode ter sido efetuado por alguém do próprio GAPE”, alerta Orlando Dias.
E esta semana novo episódio manchou o processo com a recusa do actual presidente e candidato à sua própria sucessão, Ulisses Correa e Silva , ter declinado um convite da Rádio alfa para um debate com Orlando Dias sobre as suas propostas e programas eleitorais para a eleição interna de 16 de Abrl. A candidatura de UCS, segundo revelou a estação da Cidadela, limitou-se a recusar o convite sem apresentar qualquer justificação, o que para Orlando Dias, veio mostrar que o seu adversário evita uma confrontação democrática e esclarecedora sobre o que cada um pensa e quer para o MpD.
Comentários