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Problema na lei impede funcionamento normal da Autoridade da Concorrência de Cabo Verde
Política

Problema na lei impede funcionamento normal da Autoridade da Concorrência de Cabo Verde

Uma insuficiência na lei impediu a transferência de competências das agências reguladoras para a Autoridade da Concorrência (AdC), que em consequência ainda não funciona normalmente, admitiu hoje o presidente da instituição, Emanuel Barbosa.

"Este ano foi muito complicado porque foi identificada uma insuficiência legal no decreto-lei que criou a Autoridade da Concorrência que não permitiu a transferência das prestações das agências reguladoras [para este órgão], conforme está previsto no decreto-lei", afirmou Emanuel Barbosa, na Praia.

Após entregar ao presidente da Assembleia Nacional, Austelino Correia, o plano de atividades e o orçamento previsto da AdC para o ano económico de 2024, Emanuel Barbosa alertou que este ano não foram realizados os investimentos que estavam previstos, e a instituição "carece bastante" deles em várias dimensões.

"O orçamento neste momento é no valor de 190 milhões de escudos [1,7 milhão de euros], isso de acordo com o compromisso assumido com o vice-primeiro-ministro numa instalação gradual", afirmou Barbosa, esclarecendo que o orçamento para o ano 2024 é para fazer face aos investimentos e criar as condições para o bom funcionamento da instituição.

A AdC, avançou, pretende contratar no próximo ano funcionários para responder às demandas e fazer a preparação dos técnicos competentes para que as decisões produzidas sejam confiáveis. 

"É preciso ter em conta que estamos aqui a falar de uma área de muita especialização e muita tecnicidade, portanto, é preciso formar pessoas que saem das universidades mas não saem com uma formação específica para laborar nessa área", sublinhou.

Ainda para o próximo ano, está previsto a instituição ter instalações para funcionar, o que por falta de recursos não foi possível este ano.

Emanuel Barbosa apontou que, mesmo a AdC sendo agente regulador das instituições com autonomia administrativa, financeira e técnica, cabe à tutela a responsabilidade de sensibilizar as agências reguladoras para o financiamento deste órgão e insistiu que tem que haver transferência dos recursos para desenvolverem todo o "manancial trabalho" que a instituição tem.

"A Autoridade da Concorrência tem transversalidade, não somos setoriais, temos toda a transversalidade da economia. Temos aqui uma empreitada grande", reforçou, indicando a importância de ver como as Autoridades da Concorrência dos outros países estão posicionados.

"São posicionados a um nível muito alto. Basta ver em Portugal como é que a AdC está posicionada, no Brasil, mesmo nos PALOP [Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa], em Moçambique, em Angola, que foram criadas também Autoridades de Concorrência recentemente. Em Cabo Verde não pode ser diferente, não se pode pretender que a Autoridade da Concorrência seja parente pobre do ecossistema, da regulação e da concorrência", concluiu.

A AdC é um órgão criado em 2022 pelo Governo, para separar as questões da regulação das que têm a ver com a concorrência e tendo como objetivo criar oportunidades iguais para todos.

 

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