Nas vésperas do debate parlamentar sobre o Estado da Nação a Comissão Política Regional de Santiago Norte do PAICV, convocou a imprensa para partilhar com a sociedade cabo-verdiana a sua preocupação em relação ao Estado Socioeconómico desta importante Região da ilha de Santiago. Para o partido tambarina, o Governo do MpD não tem qualquer programa ou projecto para Santiago Norte, sobretudo nos domínios da agricultura, pecuária, pescas e turismo que são as grandes potencialidades de Santiago.
“Santiago Norte é uma das maiores regiões do país, composta por 6 municípios, com uma população estimada em 121 mil pessoas, e portadora de grandes potencialidades nos domínios da agricultura, pecuária, pesca e turismo, sectores esses considerados estratégicos para o processo de desenvolvimento de Cabo Verde.
Entretanto, quais são os programas ou projectos do Governo de Cabo Verde para a região Santiago Norte? Rigorosamente nenhum.
No domínio da agricultura até este momento, decorridos dois anos e meio de mandato, não se conhece qualquer projecto ou programa deste governo vocacionados para alavancar a agricultura e transformá-la numa atividade económica geradora de riquezas, do emprego. As grandes bacias hidrográficas da região estão completamente abandonadas à espera das chuvas. O programa de mobilização de água, muito propagandeado pelo governo, não produziu qualquer resultado até este momento. E ninguém sabe o que é feito dele.
A época das chuvas está próxima e os agricultores estão aflitos para conseguir sementes para as sementeiras. O mundo rural não sente o funcionamento do governo, porque aqui nada acontece.
Nos domínios da pecuária, a situação é pior. O programa de salvamento de gado não surtiu o efeito desejado. Os criadores clamaram ao governo e este fez ouvidos de mercador, enquanto o país assiste, indignado, ao extermínio do gado.
Os criadores e agricultores deste país não têm acesso ao crédito, não contam com qualquer tipo de suporte e nem sabem aonde bater, porque o governo lhes dispensa atenção mínima, que serve apenas para contar nas estatísticas, ou como imagem figurativa nos relatórios oficiais.
Sobre a pesca ninguém fala. É um sector completamente ignorado, como se ela não existisse. É uma situação vergonhosa, não há crédito para os pescadores, não há formação e não há um programa para as pescas.
A nível social, o governo não apresentou ainda uma política clara para habitação, saneamento, educação e formação profissional na região.
A situação social da população e das famílias é cada vez mais difícil. Não há emprego, não há esperança. O compromisso para a criação de empregos dignos não viu a luz do dia. O que os jovens e as famílias da Região receberam foi a dependência com a promoção do “txapu na mon” contribuindo assim para o aumento da pobreza na nossa Região. Os dados oficiais sobre o mercado de trabalho mostram que em Santiago Norte nada melhorou. O desemprego aumentou na Região. A população inativa também aumentou ultrapassando a média nacional. A taxa de subemprego disparou. Por sua vez, a população economicamente ativa diminuiu e rendimento de inclusão é ainda palavras de discurso.
Para agravar ainda mais este quadro difícil em que se encontra Santiago Norte, regista-se que não há qualquer informação da parte do governo sobre o que pretende com esta região, qual é o seu programa ou projetos para alavancar as suas potencialidades.
O PAICV Santiago Norte acredita que todo e qualquer programa de desenvolvimento da região tem que passar impreterivelmente pelo desenvolvimento da agricultura e da pecuária e consequentemente pela mobilização de água, pela empresarialização do sector agrícola, pela agroindústria e a promoção do turismo.
Assim, fica claro que as grandes potencialidades da Região, agricultura, pecuária, pesca e turismo não têm merecido qualquer atenção do governo. Aliás, estes sectores estão completamente abandonados e alheios ao programa do governo. O PAICV Santiago Norte está apreensivo, junta a sua voz às famílias, aos jovens e aos moradores da Região e manifesta-se preocupado com a situação e coloca-se ao lado de ¼ da população deste país que reside em Santiago Norte para exigir que este governo do MpD cumpra o seu papel na implementação de políticas públicas para o desenvolvimento do país. Porque investimentos para o desenvolvimento da Região não existem e as condições de vida das pessoas não conheceram qualquer melhoria na Região. Por isso, perguntamos onde está a felicidade prometida para a população de Santiago Norte? Porque aqui ainda nada aconteceu”.
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