A Comissão Política Regional do PAICV – Santiago Norte apontou hoje “vários desafios e constrangimentos” na educação a nível nacional e na região, afirmando que as “omissões públicas” do Governo têm impactado negativamente a classe docente e o sector.
“Amanhã, 23 de Abril, comemora-se o Dia do Professor Cabo-verdiano. É uma data que deve interpelar-nos, a nível nacional, e à nossa região política particularmente, sobre os desafios, os constrangimentos e as omissões públicas deste governo que têm impactado negativamente a classe dos professores e o sector da educação, enquanto função tradicional do Estado, e pedra angular do processo de desenvolvimento das sociedades humanas”, constatou Carla Carvalho.
A presidente da CPR do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) falava em conferência de imprensa em Assomada, Santa Catarina, para fazer um pronunciamento público sobre a situação do sector educativo na região com foco nas dificuldades, desafios e demandas da classe docente e das “promessas não cumpridas” do actual Governo, a propósito do Dia do Professor Cabo-verdiano, que se assinalada este sábado, 23 de Abril.
Para sustentar as suas afirmações, esta responsável notou que o Governo, na ausência de quaisquer estudos ou avaliações dos impactos nas famílias, nos professores e nos alunos, implementou o chamado “Agrupamento Escolar”, provocando “transtornos financeiros e emocionais profundos” para a comunidade educativa.
Segundo ela, estes transtornos são particularmente mais dramáticos na Região Santiago Norte, dada à sua orografia acidentada, com acentuada dispersão comunitária, vítimas de falta de meios de comunicação, obrigando os professores a se deslocarem grandes distâncias, muitas vezes no mesmo dia, para lecionarem nas escolas associadas do agrupamento, com elevados custos nos transportes.
Acrescentou ainda que “os alunos também passaram a ser vítimas dessa medida, sendo obrigados a percorrer longas distâncias, nalguns casos, em horários pouco recomendado para a idade e com custos financeiros e emocionais para os pais”.
“Registe-se que o Ministério da Educação pouco, ou nada, tem feito para resolver o problema, sobretudo no que concerne ao pagamento de subsídio de transporte, para professores e responsáveis das escolas que integram o Agrupamento”, lamentou Carla Carvalho.
“Este governo não cumpriu com os professores. Aliás, os professores foram enganados (…)” disse, acrescentando que “se conversa muito, mas as realizações ficaram apenas em sonhos”.
De entre as promessas não cumpridas, a título de exemplo, apontou o Plano Estratégico da Educação (2017-2021) e o Estatuto da Carreira do Pessoal Docente continuam engavetados, o caderno de reivindicações da classe docente, não pagamento do subsídio pela não redução da carga horária para professores em regime de monodocência desde 2017, reajuste salarial para todos os níveis para fazer face ao aumento do custo de vida não tem sido feito e a promoção automática dos professores.
Por tudo isso, a também deputada nacional do principal partido da oposição, alertou que sem o investimento e a efectiva valorização da classe docente, através do cumprimento dos compromissos assumidos, que a qualidade de ensino continuará a se degradar com consequências desastrosas para o país.
Aliás, lembrou que é consensual, em Cabo Verde, desde há muito, que a educação tem sido vista como um “recurso emancipatório” e o caminho mais avisado para o nosso país vencer a pobreza, a marginalização e a dependência económica.
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