Líder do PAICV denunciou esta quarta-feira, 11, a “instrumentalização” da comunicação pública, particularmente a Televisão. O MpD e a direcção da TCV apresentam dados que mostram o contrário.
Janira Hopffer Almada fez esta denúncia no final de um encontro que teve com o Conselho da Administração da RTC, afirmando que o PAICV fez uma análise e notou que a TCV não tem promovido muitos debates a nível político para permitir aos partidos que estão na oposição de poderem manifestar a sua posição.
Outra crítica do maior partido da oposição é que vários factos de “relevância” no país não têm tido devido tratamento pela TCV, principalmente no horário nobre (Jornal da Noite) questionando sobre os critérios utilizados pela televisão pública para fazer a cobertura jornalística, notando que na última visita que o seu partido fez ao concelho de São Domingos não teve a presença da TCV.
Hoje, em conferência de imprensa, o secretário-geral Adjunto do MpD, Carlos Monteiro, considerou tratar-se de uma tentativa “grosseira, grave, inédita e prejudicial” para a imagem internacional do país, “de influenciação, de pressão e de condicionamento” à imprensa e aos jornalistas do serviço público de comunicação.
“A líder do PAICV passa assim, um atestado de incompetência a todos os profissionais da empresa pública insinuando que se deixam instrumentalizar, que propositadamente não fazem programas políticos, como se o papel do jornalismo fosse o de estender tapete à oposição e, mais grave, acusando a classe jornalística de ser pouco rigorosa e de ter critérios pouco claros. São acusações graves, diríamos até gravíssimas quando são feitas por uma líder de um partido que deixou o Governo recentemente.”, afirmou.
Para o partido que sustenta o Governo, as afirmações e a postura da presidente do PAICV configuram um “grave atropelo” às práticas democráticas e à atitude que se esperaria da líder do maior partido da oposição, acrescentado que as afirmações da líder do partido demonstram um “total desconhecimento” do sector, das regras e da ética que devem reger o relacionamento entre os partidos e os órgãos de comunicação social.
Em declarações à imprensa, também o director da Televisão de Cabo Verde, António Teixeira, apresentou os números de vezes que o PAICV apareceu no Jornal da Noite nos últimos três meses (01 de Julho a 11 de Outubro de 2017), para repor a verdade, considerando de “grosseira e inadmissível”, num Estado de Direito, a interferência da líder do PAICV.
Segundo ele, o PAICV apareceu 77 vezes (68% das aparições dos partidos políticos) no Jornal da Noite da TCV, o MpD 19 vezes (17%), a União Cabo-verdiana e Democrática (UCID-oposição) 14 vezes (12%) e o Partido Popular de Cabo Verde (PP) apareceu quatro vezes (4%).
“Esta é uma forma de pressão ilegítima e inaceitável por parte da presidente do maior partido da oposição”, considerou António Teixeira, dizendo que a Autoridade Reguladora da Comunicação Social (ARC), se for necessário e solicitado, terá todos os mecanismos para conferir o que está sendo feito a TCV, justificando que a televisão vai continuar a fazer o seu trabalho “sem qualquer tipo de interferência”.
Comentários