A Comissão Autárquica do MpD já terá aprovado o nome do actual edil Clemente Garcia como candidato do partido às eleições municipais este ano nesse concelho, sucedendo a si mesmo. Mas a escolha não é pacífica, havendo já um grupo interno que prepara uma possível candidatura independente à Câmara Municipal de São Domingos se tal acontecer.
Fonte de Santiago Magazine garante que a Comissão Autárquica do MpD já aprovou a recandidatura de Clemente Garcia para presidente da Câmara Municipal de São Domingos. Ao que nos foi dado a conhecer, o assunto foi discutido em reunião por videoconferência esta quinta-feira, 28, entre o presidente da Comissão Autárquica do partido, António Maurício Santos, o secretário-geral adjunto, Carlos Monteiro, e a presidente da comissão concelhia local, Isa Gandira Rodrigues.
Aliás, nesse mesmo dia o jornal A Nação anunciou que o MpD vai apostar essencialmente nos autarcas em funções nos 18 concelhos ponde é poder (com possíveis excepções na Ribeira Grande e Tarrafal, ambos em Santiago), deixando implícita que Clemente Garcia será, de facto, a aposta do MpD para concorrer à sua própria sucessão nesse concelho da região política de Santiago sul.
O processo deverá agora seguir para a Direcção Nacional que poderá homologar ou não a decisão da Comissão Autárquica, que teria sobre a mesa pelo menos mais quatro nomes: Filomeno Borges, Mike Silves, Martinho Landim e José Dâmaso Martins que haviam manifestado, alguns interna outros publicamente, a sua pretensão de encabeçar a lista do partido à CM de São Domingos.
Ao Santiago Magazine, Clemente Garcia disse que ainda não há nada formalizado e que também não foi informado da tal decisão. “Na altura certa direi se sou ou não o candidato”, promete o edil que por várias ocasiões já deixou claro que pretende concorrer à sua própria sucessão com o apoio do MpD.
Este jornal também quis ouvir a posição da presidente da comissão Concelhia do MpD em São Domingos, mas apesar das tentativas Isa Gandira não esteve contactável até à hora em que esta peça noticiosa foi editada. A posição dessa responsável é determinante para se saber se a Concelhia de São Domingos, que preside e que estava de costas voltadas com o actual edil, mantém as críticas feitas ao desempenho da CM no seu relatório de Julho do ano passado ou se endossa seu apoio à recandidatura de Clemente Garcia.
Um membro de peso desse órgão local partidário confidenciou ao Santiago Magazine que da sua parte e da de muitos militantes a convicção é a de que Garcia não deve concorrer a um novo mandato em São Domingos, alegando que “neste momento os superiores interesses do município é que estão em causa”, atacando novamente o desempenho do actual presidente de Câmara.
De facto, vários militantes e elementos de relevância no MpD em São Domingos, contactados por SM, não apoiam a recandidatura de Clemente Garcia. Aliás, sabe este jornal que um grupo de descontentes - em que figuram deputados municipais, lideres concelhios e empresários afectos ao MpD nesse concelho – estão a movimentar-se a fim de fazerem surgir uma eventual candidatura independente caso a DN do partido decida a favor de Clemente Garcia.
“Isso é consequência do ambiente político e administrativo em São Domingos. Qualquer cidadão, com base em dados científicos, sabe qual o resultado a esperar de nova aposta no actual presidente. E eu chamaria essa iniciativa independente de alternativa e não adversária, porque neste momento os superiores interesses do município é que estão em causa”, volta a frisar um dos homens fortes do MpD em São Domingos, que prefere não adiantar por enquanto os nomes dos potenciais cabeças de lista do eventual grupo independente antes da decisão da Direcção Nacional. “Só posso afirmar que já se está em movimentações para levar adiante este projecto independente em prol do desenvolvimento de São Domingos. Temos apoio garantido de militantes, funcionários camarários e até de empresários não residentes com interesses em investir no concelho”, garante.
Questionado se essas movimentações não serão uma forma de exercer pressão sobre o partido a retirar apoio a Clemente Garcia, o nosso interlocutor, que se assume como um dos potenciais integrantes do grupo, diz perentoriamente: “Não. Disponibilizámo-nos para liderar uma candidatura com suporte do MpD, nosso partido, pelo que, com base nos níveis de desaprovação da actual equipa camarária, uma eventual aposta nesse mesmo grupo nos obriga a empreender uma candidatura independente, a bem de São Domingos”.
Neste momento, o MpD em São Domingos continua divido - a briga de poleiro já vem de trás -, numa intensa luta de forças interna a ver quem merecerá o aval de Ulisses Correia e Silva para sentar no trono camarário e com com cada um a utilizar todos os meios e lobbies para fazer passar o seu projecto junto do presidente do partido.
Do lado do PAICV, e após um longo período de impasse, já é seguro que o economista Isaias Varela será o cabeça de lista para a Câmara Municipal, estando o mesmo desde há algum tempo no terreno em contactos personalizados com a população. O Município de São Domingos, criado em 1993, foi sempre gerido pelo MpD, sendo, por isso, um dos maiores bastiões do partido ventoinha em Cabo Verde.
Comentários