Movimento Sokols invade estrada e faz parar as viaturas nas quais estavam Ulisses Correia e Silva e o ministro das Finanças. O movimento quer autonomia já para São Vicente e o cumprimento das promessas de descentralização e regionalização feitas durante a campanha eleitoral.
A comitiva do primeiro-ministro, que chegou na manhã de hoje a São Vicente, foi recebida na estrada aeroporto-cidade por um ajuntamento de elementos do Movimento Sokols ostentando cartazes e dísticos com apelos à “autonomia, já!”.
Cerca das 8 horas, pouco mais de duas dezenas de elementos do núcleo de São Vicente do Movimento Sokols, perante a aproximação da caravana do primeiro-ministro do sítio onde se concentrara, nas imediações da conserveira Frescomar, invadiram a estrada, obrigando as viaturas a parar.
Nem o primeiro-ministro nem o ministro das Finanças desceram das respectivas viaturas, enquanto os elementos do Movimento Sokols gritavam palavras de ordem como “autonomia, já!, descentralização e promessa é dívida”.
Salvador Mascarenhas, que lidera o movimento, disse que o objectivo foi demonstrar o “descontentamento por um direito que Ulisses Correia e Silva prometeu - a regionalização”.
“Ele enganou-nos e voltou atrás, tratando-nos de crianças e não podemos continuar a aceitar esse tipo de coisas, estamos a lutar para a descentralização já e para a regionalização planeada e com data pois é vida das pessoas que está em causa”, concretizou Mascarenhas.
“Esperávamos que ele descesse do carro para falar connosco, mas reparei que ele ficou completamente espantado, já que não estava à espera”, observou Mascarenhas para quem a luta é por “uma causa nobre e importante para Cabo Verde”.
“Se o primeiro-ministro quiser dar o exemplo e ser um primeiro-ministro que entre para a história de Cabo Verde que descentralize e regionalize o país”, desafiou este homem da sociedade civil.
“Assim passa para a história como o homem que de facto inaugurou a terceira república em Cabo Verde e a nossa democracia atingirá um outro patamar”, concluiu.
O movimento Sokols encontra-se no terreno há já algum tempo. A primeira aparição pública em Junho passado, foi quando o movimento organizou uma manifestação pública contra a construção da cidade universitária em Santiago.
Este levantamento popular contaria com a participação de mais de 12 mil pessoas, conforme noticiado na ocasião.
A descentralização, o poder local e a regionalização estiveram efectivamente na base de todo o discurso e promessas de campanha do MpD, liderado por Ulisses Correia e Silva, nas eleições de Março de 2016.
Já no poder, o primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva afirmou que eram mais do que promessas, que estes eram compromissos.
Entretanto, já a caminhar para dois anos de mandato, ainda as promessas não passaram para a prática. E esta situação tem causado algum desconforto ao pessoal do norte, que apostara tudo no MpD, com os olhos postos na autonomia e na regionalização.
Com efeito, é sentimento quase generalizado nas ilhas do Barlavento, sobretudo São Vicente, de que a regionalização do país é a saída para o "estado de marasmo e desconstrução que se verificam na região norte do arquipélago". E esta crença foi de facto explorada pelo partido no poder, nas últimas eleições realizadas no país.
Acontece que, passados esses 18 meses sobre as eleições de Março de 2016, tudo continua na mesma, ou seja, ainda não se vislumbra o que é é que irá ser este programa sobre a regionalização do país.
Recorde-se que Ulisses Correia e Silva deslocou-se hoje a Mindelo para presidir um fórum sobre "Qualidade de serviços públicos e ambiente de negócios", organizado pelo Ministério das Finanças e da Administração Pública.
Com Inforpress
Comentários