A reacção do Governo à reportagem do semanário luso, Tal & Qual, que destratou, sobre o alegado envolvimento do ministro Paulo Rocha num caso de homicídio mereceu resposta pungente do órgão. Para o periódico, baseando-se nas ameaças do Executivo de novas acções contra os jornais – Santiago Magazine e A Nação – que escreveram sobre o tema, espelha um facto, que o hebdomadário titula na capa: “Jornalistas em Cabo Verde queixam-se de perseguição”, para no interior do jornal destacar em letras garrafais que “Jornalistas cabo-verdianos estão sob a lei da mordaça”.
O artigo saiu esta quarta-feira, 18, dia de o semanário lusitano estar nas bancas. No canto inferior direito, uma chamada na primeira página chama atenção. “Cabo Verde: Jornalistas queixam-se de perseguições”, subtitulando que a notícia do Tal & Qual, que Santiago Magazine republicou e A Nação satirizou no seu humorístico Zig Zag, “destapa o défice de liberdade de imprensa” no país.
O artigo de duas páginas, assinado pelo jornalista José Lemos Peixoto (o mesmo que havia escrito sobre “Homicídio em Cabo Verde compromete Governo”), titula no interior: “Jornalistas cabo-verdianos sob a lei da mordaça”, para a seguir considerar que “O Governo de Cabo Verde, confrontado com uma notícia do Tal & Qual, ameaça procedimentos criminais os jornais do arquipélago que a reproduziram”, referindo-se à peça republicada por Santiago Magazine, escrita e editada pelo semanário de Lisboa.
A publicação portuguesa, em jeito irónico, traz a reboque o caso que opõe a Presidência da República e a direcção da TCV. “A televisão estatal daquele país censura o próprio presidente da República, mas um ministro diz que é tudo em nome do prestígio das instituições do país”.
O Tal & Qual contrapõe os argumentos do ministro Fernando Elísio Freire que não só negou um possível envolvimento do ministro Paulo Rocha na investigação, como destratou o jornal Tal & Qual, considerando a notícia do semanário português como “cabala conspirativa ".A realidade é que nos últimos anos essa garantia (país dotado de instituições fortes) tem sido cada vez mais colocada em causa. A Associação sindical dos jornalistas de Cabo Verde (AJOC) deu recentemente conda de que a liberdade de Imprensa naquele país tinha caído a pique, de acordo com uma análise da Repórteres Sem Fronteiras”.
O Tal & Qual, aparentemente munido dos mesmos documentos nos quais Santiago Magazine e A Nação se basearam para trazer este assunto ao conhecimento público, reitera o seu artigo da semana passada, republicando cada etapa da investigação, com datas, nomes, defesa e irregularidades havidas, notando que, por causa disso, houve jornalistas processados criminalmente, além de buscas em casas de inspectores e magistrados que estavam com esse dossier nas mãos.
Para o T&Q, “depois de a notícia ter causado incómodo no Governo”, o presidente da República “publicou um internet um sóbrio apelo à moderação: ‘nestes momentos mais conturbados e extremos, espera-se de um Chefe de Estado serenidade e paciências de pescador”.
O semanário português volta a ter Cabo Verde como tema de capa, pelas razões mais negativas para a imagem do país. Outra vez, a imprensa cabo-verdiana sob ataque.
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