O tempo das férias em Cabo Verde, este clima único, compensa-nos do vazio, do desgaste e desconforto que, sobretudo os que estamos em países de clima gélido, se vai acumulando em nós. É o sol, o mar, a calmaria das nossas ilhas, a beleza singular das nossas paisagens: as montanhas, as praias, as ribeiras… provocam em nós certa sensação de conforto interior, um alento difícil de definir. Tão difícil de definir como a contemplação do pôr do sol num fim de tarde a partir da ilha do Fogo, experiência partilhada com inúmeros turistas à procura de inspiração para a criação nas diversas artes. O importante mesmo é que cada um, na sua linguagem, dê a conhecer, mundo fora, a beleza ímpar das nossas ilhas, do nosso sol, energia vital, fonte da nossa alegria, da nossa felicidade, desta calmaria, desta tranquilidade, que até parece que faz o dia ter mais tempo para fruir ideias que postas em prática geram ações que impactam e transformam vidas de quem aqui vive.
Nestes dias de férias era minha intenção percorrer quatro das ilhas de Cabo Verde que ainda não havia visitado, mas, infelizmente, por falta de tempo, situações imprevistas e limitações no transporte marítimo, acabei por apenas visitar a ilha do Fogo e Brava. Encantou-me o que vi e visitei.
“Venho até ao mar para exercitar o físico, caminhar e depois sentar-me na areia e assim me sentir mais leve”, dizia-me, em São Filipe, na ilha do Fogo, um simpático senhor que passeava á beira-mar naquelas praias de areia negra, a perder de vista. De facto, que bom é verificar que o nosso país, as suas belezas naturais, o sol, o mar – que lindo país, o nosso! – estão a ser desfrutados e apreciado pelos nossos conterrâneos. É caso para se dizer que temos todas as condições para sermos felizes, ainda que, haja alguns, não tenham a perceção de que nada lhes falta para o serem.
Gostei muito do trabalho feito na preservação da memória das ilhas. Pessoas fantásticas e incansáveis que têm realizado um trabalho por demais inspirador. É o “djunta mon” (doações de pessoas), o envolvimento entusiástico nesta cultura colaborativa que dá os seus frutos, bem evidentes na “Casa Memória” ou no Museu da Cidade de São Filipe, um exemplo que devia ser replicado noutros locais de Cabo Verde.
Saindo da capital da ilha, deparar-se com aquela energia tão pura, forte, tão boa, bela, especial e única das pessoas de Chã das Caldeiras, até se sente revigorado!!! É o raiar da esperança, o despertar do sonho, a aurora do acreditar – imagens daquele local de luta, sacrifício, tenacidade: refazer, recomeçar e reconstruir aquelas terras férteis, pois os devaneios e força do vulcão, não conseguem levar a melhor sobre o querer daquela população, um exemplo para todos aqueles que, no ano que termina, marcado a nível global, por tantos dissabores, foram tocados pelo infortúnio.
Regressado a Santiago, na Cidade da Praia, uma surpreendente descoberta: numa galeria, a exposição de obras e pintura do artista plástico Tutu Sousa na Terra Branca. O artista, além do seu indiscutível talento, é simpático, irradia um amor intrínseco pelo que faz, espírito positivo e sentido de missão… um ser humano agradável, acolhedor e comunicativo.
Uma passagem pela barragem da Ribeira de Principal, recordação e lembrança de como, apesar de tudo, fomos tão abençoados no ano de 2022: a chuva caiu e a barragem, neste local da nossa ilha de Santiago, transbordou. Era meu desejo testemunhar este acontecimento ainda antes do final do ano, e assim aconteceu. Numa breve visita pude testemunhar, observar e fotografar a beleza de tanta água acumulada, tornando o local um oásis paradisíaco… reservatório da preciosa água de onde jorra a alegria, a frescura, abundância e bênção, pois traz bem-estar e tanto contribui para o desenvolvimento de toda uma região.
Inebriado por tanto encanto, passei ainda por Boa Entrada e aí desfrutar de um passeio onde aquela ribeira torna tudo tão fresco e verdejante. A árvore poilão convida a uma reflexão sobre os desafios da vida. Boa Entrada é um lugar único no interior de Santiago, que sempre vale a pena visitar e revisitar!
O tempo das férias em Cabo Verde, este clima único, compensa-nos do vazio, do desgaste e desconforto que, sobretudo os que estamos em países de clima gélido, se vai acumulando em nós. É o sol, o mar, a calmaria das nossas ilhas, a beleza singular das nossas paisagens: as montanhas, as praias, as ribeiras… provocam em nós certa sensação de conforto interior, um alento difícil de definir. Tão difícil de definir como a contemplação do pôr do sol num fim de tarde a partir da ilha do Fogo, experiência partilhada com inúmeros turistas à procura de inspiração para a criação nas diversas artes. O importante mesmo é que cada um, na sua linguagem, dê a conhecer, mundo fora, a beleza ímpar das nossas ilhas, do nosso sol, energia vital, fonte da nossa alegria, da nossa felicidade, desta calmaria, desta tranquilidade, que até parece que faz o dia ter mais tempo para fruir ideias que postas em prática geram ações que impactam e transformam vidas de quem aqui vive.
Uma viagem à ilha Brava aconteceu já no fim destes dias de férias. Era o que faltava para o recarregar de baterias, que tanto precisava. A Ilha Brava tem tudo a ver comigo: a simplicidade, a calmaria, o relaxamento, o gosto pelo tradicional, a disponibilidade dos residentes para acolher quem chega… juntam-se a este conjunto de fatores vitais, uma beleza exuberante! A mãe natureza amou com um amor de predileção esta Ilha; apercebemo-nos disso nas vistas espetaculares que podemos apreciar nas idas e vindas, nas chegadas e à partida. As montanhas e os verdes, os encantos da Fajã e da Nova Sintra, fazem da Brava uma Ilha ideal para desfrutar o amor, para o enamoramento e para a paixão. As suas belezas naturais relaxam o visitante, o clima ameno e suave provoca em nós uma sensação de descanso e bem-estar que nos relançam para projetos novos.
Na capital, a cidade da Praia, duas observações menos positivas: algumas pessoas, com notórios sintomas de doença mental, revirando o lixo dos contentores, pondo em risco a saúde própria e da coletividade. Provavelmente o problema resolver-se-ia com a abordagem dessas pessoas, até mesmo por agentes da polícia nas rondas que fazem regularmente, tentando perceber o motivo que as leva a tal comportamento e, sendo o caso, tentando encaminhá-las para o tratamento que necessitam.
A outra observação: a insensibilidade de alguns alunos que, à saída da Escola, aqui mesmo em frente da casa onde resido, arremessam pedras aos já tão poucos pardais cujo chilrear enchem de alegria o despertar de quem os escuta. Um destes dias, acabei por intervir… era um grupo que, cegamente, atirava pedras aos passarinhos, enquanto estes, assustados, saltitavam de arbusto em arbusto, ou ensaiavam curtos voos para as árvores. Tentei serenar e demover os jovens daqueles maus instintos, dizendo que, ao invés de deitar pedras, temos de cuidar dos pardalitos, caso contrário, dentro de alguns anos, só pelos livros saberemos que, em tempos idos, os houve na Cidade.
Deixo uma sugestão: que sejam as Associações ambientalistas da Cidade, que tão bons trabalhos fazem nalgumas áreas, a educar a sensibilidade dos jovens para as questões ambientais em geral e, em particular, para o cuidado que as aves nos merecem. Já agora uma nota em contramão… há pouco tempo encontrei, no caminho, uma ave que nunca tinha visto. Curioso, perguntei a um morador da zona se conhecia aquela ave, ao que me respondeu que sim, trata-se de uma espécie de pombo mais pequeno que emigrou para a nossa Cidade. Fiquei contente: não que possam substituir os pardais, mas porque mais aves e mais árvores tornam a nossa Cidade ainda mais bela.
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