Política

Isaías Varela, que é também presidente da Câmara Municipal de São Domingos, fez estas afirmações à imprensa, à margem da cerimónia de abertura do ateliê e conferência sobre o desenvolvimento de cidades justas em Cabo Verde, realizada esta sexta-feira, em Rui Vaz.

O autarca defendeu a necessidade de criação de políticas públicas com vista à construção de cidades mais justas com todas as condições que permitam às pessoas viverem com dignidade nas cidades.

“Por isso, que a nível das autarcas do PAICV, vendo sobretudo essa tendência já daqui 2030/2050 as projeções mostram que teremos cerca de 80% da população, pelo que é necessário repensar em políticas públicas sobretudo a nível de restruturação, reurbanização das nossas cidades”, apontou.

Isaías Varela destacou a necessidade de haver políticas assertivas a nível do planeamento no que se refere a organização das cidades criando valores, tornando-as mais atrativas e com mais oportunidades, tendo, no entanto, reconhecido que existem instrumentos suficientes para o cumprimento desse desiderato, mas que não há garantia na aplicabilidade dos mesmos.

Criticou a forma como os actores políticos em Cabo Verde encaram o processo de desenvolvimento do país, ao não dar continuidade às medidas e políticas boas e que contribuem no crescimento tanto local como nacional.

Isaías Varela salientou ainda que caso as coisas continuem como estão, nos próximos tempos haverá o aumento das desigualdades sociais em Cabo Verde, daí ter apelado para debate de reflexão sobre as questões que precisam ser resolvidas.

O autarca lamentou, por outro lado, a “desarticulação” entre diferentes actores políticos na implementação de políticas, com destaque para as regiões norte e sul da ilha de Santiago.

“Às vezes procuramos mais protagonismos, mas não é isso que queremos, temos de ver o potencial que temos e capitalizar no sentido de evitar que algumas cidades fiquem com maior pressão do que outras cidades que têm condições para desenvolver. Por exemplo, São Domingos tem condições excelentes para as pessoas ficarem aqui, mas falta apoio para desenvolver políticas para travar o êxodo rural”, concluiu.

Por seu turno, a representante da Fundação Friedrich Ebert, com residência no Senegal, Cláudia Ehing, que está em Cabo Verde para uma visita de trabalho com o relançamento da cooperação com o PAICV a nível da formação política e democracia e para participar na conferência, destacou a necessidade de as cidades serem planificadas “de forma justa” e que beneficie a todos.

A fundação, salientou, tem trabalhado na promoção de cidades mais justas e igualitárias envolvendo várias áreas com o foco na promoção e desenvolvimento das mesmas, lembrando que deve haver um engajamento dos cidadãos e implementação de políticas públicas assertivas.

Friedrich-Ebert Stiftung é uma fundação política alemã, fundada em 1925, baseada em valores que estão associados ao movimento social-democrata, está actualmente presente em 21 países do continente africano.

A Fundação Friedrich Ebert está associada ao Partido Social-Democrata da Alemanha e assume o legado político de Friedrich Ebert, o primeiro presidente eleito democraticamente na Alemanha.