Felisberto Vieira deixa de ser comentador da TCV. “Estou indisponível para prosseguir”, “não encaro o país como se a cidadania fosse carta fora do baralho”
Política

Felisberto Vieira deixa de ser comentador da TCV. “Estou indisponível para prosseguir”, “não encaro o país como se a cidadania fosse carta fora do baralho”

Felisberto Vieira anunciou hoje, 4, que doravante não vai mais participar das análises políticas no Jornal de domingo da TCV, solidarizando-se com o seu colega António Espírito Santo, que foi preterido pelo canal público por não representar o partido no poder. “Faço-o por não me compactuar com esta demora, cada vez mais manhosa, no esclarecimento sério e honesto sobre o “desconvite” feito ao Eng.º António Espírito Santo, e por não admitir que se me considere ter feito parte do painel de comentador na qualidade de ‘representante’ do PAICV, partido em que milito, como induz, aliás, um comunicado da TCV em interpretação de todo abusiva, até porque não fui indicado pelo meu partido, nem tive dele mandato para ali estar em tal qualidade”, escreveu o analista, rematando, que está “indisponível para prosseguir”.

Num post publicado esta sexta-feira, 4, na sua conta na rede social Facebook, Filú diz que nunca foi ao Jornal de Domingo falar na qualidade de representante do PAICV e sim como analista dos temas da actualidade da semana, como a TCV quis fazer crer.

“Assim, fique claro que aceitara o papel de comentador do Jornal de Domingo, para, antes de mais, dar o meu modesto contributo na análise das atualidades da semana, expressando a forma como vejo e interpreto os acontecimentos em destaque, e, igualmente, auscultando o país real, dar voz possível às inquietações das pessoas”, esclareceu o sociólogo, antes de acrescentar:

“Outrossim, pasme-se quem deva pasmar-se, eu não encaro o pluralismo de ideias e de opiniões nessa linha cada vez mais empobrecida de bipartidarismo exclusivista entre o MpD e o PAICV, como se o País não tivesse mais vida do que isso ou se a cidadania fosse carta fora do baralho na mesa da nossa pluralidade política”.

Filú desabafa mais: “Revendo nas linhas e entrelinhas do estranho comunicado, assim como as opiniões de uns e outros pelas redes sociais, a polarização político-partidária em curso e a lógica crescente da premissa de “quem não é por mim é contra mim”, a par do instituído assédio a quem possa pensar “com a sua própria cabeça”, diante de tal falácia montada, da hipocrisia reinante e do conceito rasca do que seja liberdade e participação, ESTOU INDISPONÍVEL PARA PROSSEGUIR”.

Felisberto Vieira encerra o post alertando para a necessidade do livre pensamento ou da análise crítica sem a amarra dos partidos políticos, recusando-se assim a ser caixa de ressonância ou fazer as vezes de tempo de antena na hora em que estiver a comentar assuntos de interesse geral.

Eu não me esconderia, nem me enredaria em estratégias escusas, no assumir o papel de comentador da atualidade política, fazendo as vezes de Tempo de Antena dos Partidos, a risco de me transformar em caixa de ressonância e até arma de arremesso de gregos e troianos. Ao estatuto de comentador em Democracia, o papel de ponderação e de reflexão livres que, mesmo permanecendo o alinhamento político com uma causa, não impediria o Cidadão a pensar com honestidade e exprimir em total liberdade”, pontuou, rematando: “Por isso, desconvido-me… com causa e consequência”.

Com esta posição aumenta a polémica à volta da saída de António Espírito Santo do papel de comentador do Jornal de Domingo da TCV, depois de ter sido “desconvidado” pela emissora, alegadamente por não partilhar da mesma linha de pensamento do partido no poder e do Governo em si.

Várias personalidades e figuras da sociedade civil e da politica reagiram com repúdio ao caso, a começar pelo presidente da República, José Maria Neves. Um artigo do analista e colaborador de Santiago Magazine, José António dos Reis, veio espicaçar ainda mais a intolerância a essa medida da TCV vista como “saneamento político”, fazendo acordar os partidos políticos para um atentado à liberdade de expressão.

 

 

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