O Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, disse hoje estar a acompanhar a situação dos transportes aéreos no arquipélago, numa altura que Cabo Verde arrisca ficar sem voos domésticos a partir de segunda-feira.
Numa nota divulgada pelo chefe de Estado, Jorge Carlos Fonseca refere que reuniu na quinta-feira a sua assessoria para os assuntos económicos para abordar os transportes aéreos no país e que o mesmo será abordado hoje numa reunião com o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, embora sem entrar em detalhes.
Na sequência das eleições legislativas de 18 de abril, o Presidente cabo-verdiano agendou para 20 de maio a posse do novo Governo, que continuará a ser liderado por Ulisses Correia e Silva (Movimento para a Democracia).
Os voos interilhas em Cabo Verde correm o risco de ficar suspensos dentro de três dias, com a TICV, a única empresa que assegura essas ligações, continuando a não disponibilizar bilhetes para qualquer destino a partir de segunda-feira.
De acordo com uma consulta feita pela Lusa, a Transportes Interilhas de Cabo Verde (TICV) mantém a oferta de voos apenas até domingo, 16 de maio, e todas as ligações e datas posteriores permanecem indisponíveis, tal como há várias semanas, inviabilizando a compra de bilhetes através da página da empresa ou pelas agências de viagens.
A Lusa contactou anteriormente a direção da TICV, mas não obteve qualquer explicação para este cenário, que se sucede à indisponibilidade de bilhetes em março para voos em abril, e depois em maio, neste caso apenas até 16 de maio. Contudo, a situação nunca envolveu um prazo tão curto, o que segundo fontes do setor contactadas pela Lusa arrisca inviabilizar os voos já de segunda-feira, por não haver bilhetes à venda.
Em 2020, os voos domésticos em Cabo Verde, operados apenas pela TICV, movimentaram cerca de 125 mil passageiros, menos 286 mil (-230%) face ao ano anterior, devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19.
No final de abril, quando já era conhecida a indisponibilidade de bilhetes à venda para maio, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, reconheceu a situação difícil por que passa a companhia, mas garantiu que o Governo não vai deixar “em nenhuma circunstância” que Cabo Verde tenha problemas com voos internos.
“Os voos domésticos são fundamentais para unificação do mercado nacional e para circulação e mobilidade das pessoas, portanto, a companhia tem que assegurar os voos”, disse o primeiro-ministro.
Em comunicado divulgado em 27 de abril, a Associação das Agências de Viagens e Turismo (AAVT) de Cabo Verde mostrou-se preocupada pela indisponibilidade de voos domésticos a partir de 16 de maio e pediu a intervenção do Governo.
“A AAVT vem através desta manifestar publicamente a enorme preocupação entre os nossos associados face à notícia de que os voos interilhas só estão garantidos até ao próximo dia 16 de maio”, alertou a associação, após vários diálogos com a única companhia aérea responsável pelos voos domésticos e o Governo.
A agremiação empresarial disse já na altura tratar-se de uma “situação grave” e que coloca em causa não só a estabilidade e capacidade de planeamento das agências de viagens e turismo nacionais, como o planeamento dos próprios operadores internacionais.
“Sobretudo, no que tange aos passageiros emigrantes e turistas que queiram visitar diferentes pontos do país e que, por causa dessa indefinição na programação dos voos interilhas, certamente, ver-se-ão na inevitabilidade de adiar as suas viagens a Cabo Verde”, lamentou.
Na nota assinada pelo presidente, Mário Sanches, a AAVT considerou que esta indefinição acontece numa altura em que o país precisa de voos e de passageiros a circularem para e pelas ilhas “como de pão para a boca”.
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