As forças armadas israelitas intercetaram o último barco da flotilha, que seguia para o enclave palestiniano com ajuda humanitária. A detenção de barcos e de cidadãos, incluindo uma dezena de jornalistas, está a ser considerada crime contra o direito internacional, porque, por um lado, as ações das forças de Telavive têm ocorrido em águas internacionais; por outro, porque Gaza não é território do Estado de Israel.
Os organizadores da Flotilha Global Sumud (“resiliência”, em árabe) - também conhecida como “Flotilha da Liberdade” -, anunciaram que o último barco da flotilha, que se dirigia para Gaza em missão humanitária, foi intercetado na manhã desta terça-feira, 03, pelas forças militares israelitas. Trata-se do navio, Marinette, que foi intercetado a cerca de 42,5 milhas náuticas de Gaza, impedindo a ajuda humanitária de chegar ao enclave palestiniano.
“As forças navais de ocupação israelita intercetaram ilegalmente os nossos 42 barcos, cada um transportando ajuda humanitária, voluntários e a determinação de romper o cerco ilegal imposto a Gaza", denunciaram os organizadores.
Mais de 20 jornalistas detidos
Também os Repórteres Sem Fronteiras (RSF) condenaram a detenção de "mais de 20 jornalistas internacionais" pelas forças israelitas desde o início (na última quarta-feira) da interceção da flotilha e exigiram a sua "libertação imediata".
"Prender os jornalistas e impedir o seu trabalho, constitui uma grave violação do direito de informar e ser informado. A RSF condena a detenção ilegal de profissionais dos média a bordo destas embarcações para cobrir uma operação humanitária de uma escala sem precedentes", disse Martin Roux, chefe do departamento de crise da RSF, num comunicado divulgado na quinta-feira à noite, horas antes da detenção do último barco da flotilha.
Ainda segundo a RSF, mais de 210 jornalistas foram mortos desde o início da agressão israelita a Gaza, sob o pretexto de retaliação pelo ataque mortal de 07 de outubro de 2023, levado a cabo pelo movimento islâmico Hamas em território israelita.
De referir que, desde o início da guerra, a imprensa internacional não tem permissão para operar livremente no território palestiniano. Apenas alguns veículos de comunicação social, devidamente selecionados (segundo critérios políticos), entraram no território com o exército israelita, estando as suas reportagens sujeitas a uma rigorosa censura militar.
A flotilha Global Sumud, composta por 45 barcos, que integra quatro centenas de políticos e ativistas de mais de 40 nacionalidades, partiu de Espanha em setembro último tendo como objetivo quebrar o bloqueio ao território palestiniano massacrado por uma guerra genocida.
83% dos mortos não são “terroristas”
Até ao momento, o resultado da agressão israelita a Gaza já provocou mais de 60.000 mortos, e a narrativa de que se trata de uma guerra de autodefesa contra o terrorismo já não cola, o que, aliás, tem tido como consequência o aumento do número de governos que defendem a existência de um Estado palestiniano.
Segundo uma investigação conjunta promovida pelo jornal britânico ‘Guardian’ e por publicações israelitas, a própria inteligência militar de Israel terá identificado no número de vítimas mortais (na sua maioria, mulheres e crianças) apenas cerca de nove mil alegados “terroristas”. Isto é, mais de 83 porcento (%) dos mortos em Gaza são civis.
C/RFI e G1
Foto: flotilha-da-liberdade_2
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