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Avô de Sharon Lopes pede demissão do ministro da Saúde
Sociedade

Avô de Sharon Lopes pede demissão do ministro da Saúde

Adilson Delgado, avô da pequena Sharon Lopes, a criança falecida na noite desta quinta-feirta, 8, antes de poder ser evacuada a Portugal para tratamento a um cancer no intestino, está revoltado com o sucedido e pede a demissão do ministro da Saúde, Arlindo do Rosário.

Em declarações ao MindelInsite, Delgado apontou o dedo a todos os intervenientes nesse processo de evacuação, que, entretanto, nunca viria a sair após meses de espera até à morte da criança esta quinta-feira, 8.

“Há dois dias apenas que o médico que a acompanhava reuniu-se connosco para nos informar que, logo que operou Sharon, soube que era um caso grave e que a minha neta precisaria de tratamento imediato. Se nos tivesse avisado que a espera para a evacuação seria demorada, e que minha neta não teria condições para aguardar, eu teria procurado outros meios no Senegal, na Espanha ou noutro lugar“, disse Adilson Delgado ao MindelInsite.

Segundo este diário digital, sedeado no Mindelo, por causa disso, Delgado culpa a todos: o hospital e o Governo, este por causa dos acordos de parceria que Cabo Verde deixou de estabelecer com outros países, para que os doentes tivessem outras possibilidades de tratamento e evacuação. Daí exigir a demissão do ministro Arlindo do Rosário. “Se fosse filha de um ministrio já estava em tratamento”, observa, sublinhando que “cada ministro faz o seu papel. Se conseguem apoios para construção de campos desportivos porque é que o Ministério da Saúde não consegue alargar o acordo com outros países como o Senegal, aqui perto, ou França?…”

Adilson Delgado mostra-se ainda mais revoltado porque teve conhecimento de pacientes na mesma situação de espera que a neta esteve sujeita. Chega mesmo a afirmar convicto de que “se fosse filha de um ministro estaria já em tratamento”.

“Quando Sharon ficou doente, foi-lhe ‘diagnosticada’ apendicite. Depois disseram no hospital que afinal não era apendicite, mas sim anemia. Seguimos todas as recomendações médicas para tratar a anemia, mas ela não continuava bem, até começarem as dores de barriga, quatro meses depois”, contou o avô, segundo o jornal MI, só recentemente foi descoberto um “corpo estranho” no seu intestino. Após uma operação de urgência, foi decidido que a criança deveria ser evacuada para tratamento no exterior, esclarece.

Adilson Delgado, escreve o MindelInsite, critica o tempo de espera que alguns pacientes estão sujeitas no país, enquanto outros, com níveis de urgência questionáveis, encontram prioridades no sistema. “Recentemente soubemos do caso do presidente da Câmara Municipal da Praia que foi alvejado no braço e que de imediato foi evacuado para Portugal. Que operação no braço é mais urgente do que a evacuação de uma criança de quatro anos com câncer?”, questiona, revoltado.

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Redação