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AdS. Administradores acusam PCA de ser “autor moral dessa cabala”
Sociedade

AdS. Administradores acusam PCA de ser “autor moral dessa cabala”

A notícia de Santiago Magazine de que os administradores demitidos da AdS, Vital Tavares e Floresvindo Barbosa, transferiram um total de 3 mil 240 contos para as suas contas pessoais, como indemnização, teve uma reacção surpreendente dos visados. Tavares e Barbosa acusam o também demitido PCA da empresa, José António Pinto Monteiro, de má gestão e de ser “o autor moral dessa cabala”.

Afinal, além da suposta gestão danosa da empresa pública Águas de Santiago, denunciada por este diário digital com base num relatório da Inspecção Geral de Finanças, havia ali um conflito latente entre os membros do Conselho de Administração agora demitidos – o mandato do CA cessaria em Dezembro de 2018. Depois da notícia ontem, 1 de Junho, de Santiago Magazine a denunciar que os administradores demitidos da AdS, Vital Tavares e Floresvindo Barbosa, transferiram um total de 3 mil 240 contos para as suas contas pessoais, como indemnização, eis que os visados, em nota de esclarecimento enviada à nossa redacção, acabam por admitir a tal transferência, que dizem ter respaldo legal, mas com autorização do presidente cessante.

Mais do que isso, Vital Tavares e Floresvindo Barbosa, apontam também o dedo a José António Pinto Monteiro, a quem acusam, implicitamente, de má gestão (leia aqui). “Temos a informar que foi solicitado um parecer jurídico, no sentido de se verificar a legalidade na atribuição da indemnização ao Sr. José António Pinto Monteiro, considerando que o mesmo informou aos administradores que a partir do dia 10 de Junho de 2018 estaria reformado. As ordens de transferência nunca foram assinadas pelo Presidente do Conselho de Administração da ADS. Os Administradores visados têm em seu poder a autorização para efectuar as transferências que foram devidamente autorizadas pelo Conselho de Administração da ADS”, escrevem Vital Tavares e Floresvindo Barbosa, que fazem anexar documentos a comprovar a sua afirmação.

E continua: “o crime de peculato referido no diário da Santiago Magazine de 1 de Junho, não passa de pura ficção e, mais uma vez, representa uma tentativa de denegrir a imagem dos gestores José Floresvindo Barbosa e Vital Fernandes Tavares, omitindo propositadamente as responsabilidades do Sr. José António Pinto Monteiro, que é o autor moral dessa cabala, o que poderá ser testemunhado pelos Directores Administrativo e Financeiro e de Recursos Humanos durante a reunião realizada na sala de um dos Administradores no dia 31 de Maio”.

Na sequência, Tavares e Barbosa culpam e se demarcam de “actos praticados” por Pinto Monteiro, enquando PCA da Águas de Santiago. “Alias, aproveitamos para demarcar publicamente de alguns actos praticados pelo Sr. José António Pinto Monteiro relacionado com a gestão da ADS, prejudicando a imagem da empresa, sobretudo no tange ao relacionamento com os trabalhadores, processo disciplinar ao Director de Recursos Humanos que foi prontamente anulada pelos Administradores e pelo Presidente da Assembleia Geral dos accionistas e contratação indirecta da filha como advogada num processo que envolve a ADS”.

Os signatários da nota de esclarecimento se defendem da notícia de alegada “gestão danosa” na ADS, também denunciada por Santiago Magazine. “O Relatório de Inspecção não se refere, em momento algum, a gestão danosa dos administradores da ADS. Todos os instrumentos de gestão da empresa, designadamente o Relatório de Actividades de 2017, o Plano de Actividades e Orçamento de 2018, foram aprovados por unanimidade na última reunião da Assembleia Geral dos Accionistas ocorrida no dia 7 de Maio de 2018”.

Recorde-se que o actual Conselho de Administração da AdS, constituído por José António Pinto Monteiro, veterenário, que preside, e pelos administradores José Floresvindo Barbosa, economista, e Vital Fernandes Tavares, geógrafo, foi demitido das suas funções, estando neste momento a assegurar a gestão corrente da empresa até o início de funções da nova administração, encabeçada pelo gestor, Olívio Ribeiro, que era para acontecer hoje, 1 de Junho, o que só não aconteceu porque é feriado nacional.

Empossada em 2016, a administração da AdS ora demitida, esteve envolvida em várias situações de gestão danosa, falta de transparência e outros actos financeiros lesivos aos interesses da empresa, segundo relatório da Inspecção Geral de Finanças, cujo conteúdo foi noticiado em primeira mão por este diário digital. Na altura, em Novembro do ano passado, a Assembleia Geral chegou a anunciar a reestruturação da AdS, algo que passaria, como desde sempre este jornal afirmou, pela demissão do Conselho de Administração.

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SOBRE O AUTOR

Hermínio Silves

Jornalista, repórter, diretor de Santiago Magazine