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“Entre tapas e beijos”, e o PCCS da Assembleia Nacional
Ponto de Vista

“Entre tapas e beijos”, e o PCCS da Assembleia Nacional

Hoje de manhã, ao entrar no autocarro da empresa Solatlântico para me deslocar ao serviço, ouvi com alguma nostalgia a música “entre tapas e beijos” celebrizada entre nós pela dupla sertanejo-brasileira, Leandro e Leonardo. Viajei um pouco no tempo rememorando outras músicas cantadas por esta dupla, mas também por outras duplas sertanejos-brasileira, que me fizeram sonhar tanto durante a adolescência.

Instantes depois, dei comigo a pensar nos “tapas e beijos” que recebi quando publiquei, a 24 de Fevereiro deste ano, o artigo de opinião PCCS da Assembleia Nacional: “adeus pa eternidade”!?, no Santiago Magazine. E, por paradoxal que possa parecer, esses “tapas e beijos” têm um substrato comum: memórias de funcionários públicos que sofreram represálias ou perseguição por ousarem discordar (publicamente e/ou no interior das instituições públicas) do poder estabelecido ou terem denunciado práticas incorrectas, abusos ou falta de sensibilidade para com os funcionários nas instituições públicas.

Os “tapas” vieram de pessoas que temiam que a publicação do referido artigo pudesse vir a criar-me algum problema no local de trabalho e que eu ficasse marcado com um “alvo a abater”. Os “beijos” vierem de pessoas, sobretudo colegas de trabalho, que, embora reconhecendo esse risco, regozijaram-me pela ousadia e coragem. Muito sinceramente, confesso, que, desde então, fiquei a pensar constantemente nos reflexos da excessiva partidarização das nossas instituições públicas e no seu interior, afectando, pela negativa, o relacionamento entre as pessoas e, desde feita, o funcionamento e os resultados que essas instituições deverão atingir.

Contudo, o maior “tapa” – e divido a dor do seu impacto com todos os colegas que estão efectivamente interessados no fim deste processo - continua a ser o da Casa Parlamentar. Não obstante o PCCS ter sido publicado a 7 de Março desde ano, até ainda não foi publicada a lista de transição para reclamação, actualização salarial e pagamento dos retroactivos, tendo em conta que o diploma produz efeitos a partir de 1 de Janeiro de 2019. E o pior disto é a falta de informação por parte da Administração da Casa sobre este processo que parece não ter fim, uma vez que se arrasta desde 2014. Como escrevi no anterior artigo de opinião, só espero que, caso venha a ter um final, não seja “adeus pa eternidade”.

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Redação