
Comentando a resolução do Governo que institui oficialmente a comemoração do 35.º aniversário do Dia da Liberdade e da Democracia, bem como da criação de uma Comissão Organizadora para o efeito, José Maria Neves disse que não foi informado. De todo o modo, regozijou-se com a iniciativa, mas considerou que comemorar a efeméride “exigiria a mobilização de todos os órgãos de soberania, de todos os municípios e de todos os cabo-verdianos nas ilhas e na diáspora”.
Numa conversa com jornalistas, realizada na manhã desta sexta-feira, 14, na Presidência da República, “para prestação de contas” aos cabo-verdianos a propósito do seu quarto ano de mandato, questionado sobre a resolução do Governo em instituir oficialmente a comemoração do 35º aniversário do Dia da Liberdade e da Democracia, bem como da criação de uma Comissão Organizadora para o efeito, José Maria Neves regozijou-se com a ideia, mas disse que não foi informado oficialmente.
Defender as liberdades e proteger a democracia
“É fundamental comemorar a democracia e a liberdade, sobretudo nestes tempos em que estamos em momentos de forte polarização, de discurso de ódio, de tentativas de humilhação e de debates muito rasos nas diferentes sociedades, com problemas inventados para criar narrativas”, começou por dizer o presidente da República, para quem “é fundamental defendermos as liberdades e protegermos a democracia, também num tempo em que a democracia está sob ataque”, salientou.
Para José Maria Neves “comemorar o Dia da Liberdade e da Democracia exigiria a mobilização de todos os órgãos de soberania, de todos os municípios e de todos os cabo-verdianos nas ilhas e na diáspora”, pelo que, num subtil recado ao Governo, espera que haja “essa cooperação e essa colaboração entre todos para comemorarmos com dignidade os 35 anos da Liberdade e da Democracia em Cabo Verde”.
Receio de partidarização do Dia da Liberdade e da Democracia
As circunstâncias em que a decisão do Governo foi conhecida, apenas porque a resolução foi publicada no Boletim Oficial de 10 novembro, mais concretamente pela Lei n.º 95/V/99, de 22 de Março, levantam fortes suspeitas de que, em vésperas de eleições legislativas, o executivo de Ulisses Correia e Silva pretenda transformar a comemoração da efeméride numa espécie de “reentre” em janeiro de 2026, circunscrevendo a programação e, eventualmente, os membros da Comissão Organizadora (presidida pela ministra da Defesa, Janine Lélis) a figuras direta ou indiretamente ligadas ao partido do Governo.
A partidarização da comemoração de uma efeméride tão importante para o país, parece ser a preocupação do presidente da República, que defende uma participação mais ampla na organização do Dia da Liberdade e da Democracia.
Um balanço em diálogo aberto
Em diálogo aberto com jornalistas, José Maria Neves quis assinalar os quatro anos do seu mandato como chefe de Estado, num “momento alto de esclarecimento e prestação de contas aos cabo-verdianos”, abordando diversos temas, desde os poderes do presidente da República, a renovação dos órgãos externos do Estado, os transportes marítimos e aéreos, as ligações interilhas, as questões energéticas, o abastecimento de água às comunidades, mas também questões ligadas à liberdade de imprensa.
Em diálogo, ainda, a política externa, os direitos e a proteção das crianças, mas também esclarecimentos sobre o estatuto e a remuneração da primeira-dama, entre outros temas.
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