Palavras de Carlos Vasconcelos, presidente da Câmara Municipal de São Lourenço dos Órgãos, em conversa com Santiago Magazine, onde diz que encontrou “uma Câmara desorganizada, principalmente a nível administrativo”, mas que nestes 12 meses o balanço que faz é positivo. Pelo meio, queixa que o “Calcanhar de Aquiles são as dívidas contraídas pela equipa cessante, e não está sendo fácil contornar esta situação”.
Santiago Magazine - Já está no comando do Concelho de São Lourenço dos Órgãos há um ano. Como avalia a sua gestão durante este tempo de mandato?
Carlos Vasconcelos - O balanço é positivo, apesar de desde o início depararmos com constrangimentos de várias ordens. Sendo um município jovem, é claro que os desafios e dificuldades são muitos, mas mesmo assim, podemos afirmar que o resultado é bastante positivo.
Que resultados positivos são esses?
Os resultados são visíveis. Começamos a melhorar a qualidade das infraestruturas, temos feito intervenções a nível social, com programas de reabilitação de casas no concelho, apoio a famílias de baixa renda. São alguns ganhos alcançados durante estes meses.
Como encontrou o município em termos de gestão de recursos e de desenvolvimento?
Como filho deste concelho conheço muito bem a casa. O que desconhecia é a forma como a Câmara estava organizada. Não fazia ideia da desordem que nos aguardava. Encontrámos uma Câmara desorganizada, principalmente a nível administrativo. O Calcanhar de Aquiles são as dívidas contraídas pela equipa cessante e não está sendo fácil contornar esta situação.
O senhor está envolvido numa grande encrenca com os funcionários e agentes municipais por causa do processo de transição no quadro do novo Plano de Cargos, Carreiras e Salários. Chegou inclusive a pedir a anulação da referida transição junto do Supremo Tribunal de Justiça. Qual é o ponto de situação deste dossier que tem dado muito que falar no concelho?
A câmara não anulou os actos da gestão anterior, o que foi feito é uma queixa contra as ilegalidades cometidas pela equipa anterior. Muitos dos funcionários foram enquadrados do novo Plano de Cargos, Carreiras e Salários de forma ilegal. Neste momento, aguardamos a decisão do Supremo Tribunal de Justiça.
É verdade que o senhor tem estado a despedir funcionários?
A nossa intenção não é despedir pessoas, mas contamos com excesso de funcionários, e temos enfrentado sérias dificuldades em remunerar todo esse pessoal. Entretanto, se o STJ entender que devemos reconfigurar o nosso pessoal, fazemos isso sem base em populismo, porque não é justo uma Câmara receber aproximadamente 7 mil contos mensais do Governo para apoio ao processo de desenvolvimento do município e todo este dinheiro é utilizado no pagamento de salários.
Nota-se que está a passar por grandes apertos financeiros. Qual é o seu programa para os próximos 3 anos?
Os desafios não são poucos. O objectivo principal desta equipa é transformar todos os pontos negativos, ”fracassos”, em pontos positivos e em oportunidades para os Laurentinos. Isto significa que o nosso desiderato é que daqui a 5 ou 10 anos, São Lourenço dos Órgãos alcance o topo da tabela em Cabo Verde em termos de qualidade de vida dos seus habitantes. Temos em carteira alguns projetos para o orçamento de 2018, tais como requalificação da cidade de João teves, reabilitação de casas degradadas, implementação de programas do turismo rural, com a criação de um centro interpretativo para os turistas, requalificação da localidade de São Jorge, reabertura do antigo Rancho Relax, reabilitação de estradas, construção do novo Centro de Saúde, colocação de passadeiras aéreas para resolver o problema de isolamento de algumas zonas na época das chuvas.
Como é ser presidente de um município pobre?
Normalmente concelho pobre não existe, ou então concelho rico não existe. Problemas existem em todos os municípios. Mesmo com recursos, nunca estes são suficientes para concretizar todos os projetos. Desafios existem, estou consciente de que o trabalho é árduo, mas confesso que ainda assim é aliciante.
O presidente pretende recandidatar-se nas próximas autárquicas?
Com certeza, (risos). É claro que o serei candidato nas eleições de 2020.
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