...o problema de Abraão e do MPD com jornalistas, que reiteradamente acusam de ser agentes da oposição, é outro: o candidato à Câmara da Praia e o seu partido gostariam é que os jornalistas fossem comissários políticos ao seu serviço. E isso, seguramente, nunca irá acontecer. Nem com este governo, nem com qualquer outro de plantão!
Comentando uma entrevista de Francisco Carvalho à TCV, o candidato do MPD à Câmara Municipal da Praia não se limitou a refutar o seu adversário nas eleições de 01 de dezembro – o que seria natural numa lógica democrática de confronto de ideias -, aproveitou logo para atacar a TCV e o jornalista responsável pela peça de informação.
É típico do MPD! Ainda recentemente, aquando da demissão unânime e coletiva da direção do grupo parlamentar, o ataque veio logo soez à TCV, como se a primeira notícia não tivesse sido publicada por um jornal amigo do MPD e do governo.
É um tique antigo, isto de o partido ventoinha, que se apresenta como fundador da democracia, atacar jornalistas e a liberdade de imprensa.
Aversão a jornalistas
Mas, voltando ao pobre do Abraão, é antiga essa aversão a jornalistas e, em particular, à TCV. Não sei se as senhoras e os senhores se recordam do tempo em que, recém-chegado ao governo, na pasta da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão tutelava a comunicação social e, logo nos primeiros momentos, começou a briga, com os jornalistas a acusarem-no de querer instrumentalizar o setor público de comunicação social.
A incompatibilidade chegou a tal ponto que Ulisses se viu obrigado a retirar-lhe a tutela e nomear o atual secretário de Estado das festarolas e comezainas…
Não que as tentativas de controlo editorial tenham mudado, mas, pelo menos, tornaram-se menos evidentes, ocupado que anda o secretário de Estado a fazer selfies de família e a cantarolar umas mornas.
Abraão: o verdadeiro candidato do sistema
Voltando ao Korpo Rixu, o homem põe-se logo a jeito para quatro minutos de tempo de antena e dá conselhos éticos e profissionais ao jornalista.
Logo ele que, como se sabe, é uma grande referência do jornalismo cabo-verdiano, mas também da literatura, da pintura e, até, da fotografia.
O homem que foi deputado, bi-ministro do governo de Ulisses e que raro o dia não inundava com a sua estridência os ecrãs dos cabo-verdianos, vem acusar o jornalista e a TCV de servirem de elevadores aos candidatos do sistema?! É preciso ter um grande descaramento!
Mas, o problema de Abraão e do MPD com jornalistas, que reiteradamente acusam de ser agentes da oposição, é outro: o candidato à Câmara da Praia e o seu partido gostariam é que os jornalistas fossem comissários políticos ao seu serviço. E isso, seguramente, nunca irá acontecer. Nem com este governo, nem com qualquer outro de plantão!
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