Dois navios cargueiros provenientes da Índia e Vietnam estão suspeitos de transportarem armamento para Israel utilizando Cabo Verde como escala, noticia o A Nação desta quinta-feira, 30. A denúncioa partiu de duas organizações não governamentais (ONG’s), sedeadas na Europa, o Comité Nacional Palestino pelo Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), - também contactaram Santiago Magazine – que questionam as autoridades cabo-verdianas por estarem a facilitar a entrega de armas a Israel, violando o embargo ao fornecimento de material bélico a Tel-Aviv, conforme imposição da ONU.
Segundo relata o semanário da Cidadela, o o navio Marianne Danica foi impedido de atracar num dos portos do sul da Espanha por causa da carga que transportava, ou seja, armamento, com destino a Israel, entretanto, aportou no passado dia 13 em São Vicente, por volta das 09h36, tendo zarpado por volta das 16h05 do mesmo dia, efectuando uma escala de 06h29 para o reabastecimento sem que ninguém se desse ao trabalho de verificar o tipo de carga que transportava e qual era o seu destino final, lê-se na peça.
Fontes do A Nação, em Espanha a tripulação do Marianne Danica tentou esquivar-se do controlo dizendo que estava em direcção ao Montenegro, só que as imagens de satélite de controlo marítimo revelaram que o Danica tinha como destino um dos portos de Israel, como se pode ver na na imagem. Seja como for, é dado adquirido que o Marianne Danica, transportando supostamente armamento, passou pelo Porto Grande, em São Vicente, sem qualquer problema.
Continua a notícia que na terça-feira, 28, um outro navio suspeito, desta feita o Vertom Odette, atracou também no Porto Grande, por volta das 16h44, ao que tudo leva a crer carregado de armas para abastecer a tropa israelita. Esta embarcação deixou São Vicente por volta das 19h20.
Um outro cargueiro que tem feito o transporte de armas para Israel, o Borkum, tinha inicialmente optado pelo porto de Las Palmas, nas Canárias, mas depois de denúncias por parte de ONG’s espanholas, os navios que fazem essa operação passaram a escalar o Porto Grande, no Mindelo, informa o A Nação.
E, citando fontes, o semanário afirma que os armamentos transportados por Marianne Danica e Vertom Odette, com destino a Israel, têm como origem a Índia e o Vietname. Mas, em vez de seguirem rotas tradicionais (pelo Mar Vermelho, hoje dominado pelos Houthis pró-Palestina) optam neste momento contornar o sul do continente africano, pela chamada Rota do Cabo, para depois seguirem para Israel via Mar Mediterrâneo, daí Cabo Verde surgir como ponto de passagem para reabastecimento.
A grande questão é que após o Tribunal Internacional da Justiça ter sentenciado que Israel não deve continuar com os ataques indiscriminados à Faixa de Gaza, que têm provocado milhares de vítimas entre civis, especialmente crianças, mulheres e idosos, a ONU emanou uma decisão obrigando países terceiros a não facilitarem a entrega de armas ao regime do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. E isso não é o que está a suceder em Cabo Verde, com as autoridades cabo-verdianas a fecharem os olhos permitindo o abastecimento de armas a Israel, logo, violando uma imposição da ONU.
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