A Associação Sindical dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC) anunciou hoje estar contra uma tentativa de “intimidação” do MpD, após uma queixa movida contra o jornalista Carlos Santos, da rádio pública.
“Ao nosso ver, este exercício estranho do MpD pode ser interpretado como uma tentativa de intimidação e condicionamento da liberdade de imprensa”, lê-se no comunicado distribuído hoje, que reflete a reação do presidente da AJOC, Geremias Furtado, à Lusa, na quarta-feira.
O comunicado da direção da AJOC acrescentou que “a imprensa cabo-verdiana, que é uma conquista democrática do 13 de Janeiro [feriado das primeiras eleições multipartidárias, em 1991], não pode ser colocada em xeque por críticas infundadas ou motivadas politicamente”.
“Não podemos tolerar retrocessos nesta matéria, quando todos somos cientes das perseguições sofridas pela comunicação no passado bem recente”, acrescentou.
O MpD formalizou uma queixa à Autoridade Reguladora para a Comunicação Social (ARC) contra a Rádio Cabo Verde (RCV), na quinta-feira, por alegada falta de isenção e pluralismo face ao partido e ao Governo na escolha de convidados, condução do programa da manhã e, entre outros pormenores, face ao que o jornalista partilha no perfil pessoal no Facebook.
A direção da AJOC manifestou “total apoio” ao jornalista Carlos Santos e referiu que vai estar atenta a “qualquer tentativa de censura ou coação contra profissionais da comunicação social”.
“É preocupante que, numa semana em que se está a falar de liberdade e democracia, um partido político, que se gaba de dar liberdade ao povo cabo-verdiano, recorra a acusações públicas dessa natureza contra um jornalista, promovendo ataques contra a sua pessoa nas redes sociais, muitos deles vindo covardemente de perfis falsos”, acrescentou a AJOC.
Contactado pela Lusa, o jornalista Carlos Santos remeteu quaisquer declarações para momento oportuno.
Diretor da RCV por duas vezes, desde 2006, Carlos Santos já presidiu também à Associação dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC) e lançou, em 2017, o livro "O Megafone do Poder", sobre a evolução da comunicação social no país, questionando “fragilidades” das políticas públicas para o setor, por parte de “praticamente todos” os governos.
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